Telescópio na Espanha Descobre um Sistema Solar Próximo Que Pode Ter Água Líquida
Olá leitor!
Segue abaixo um
artigo postado ontem (19/05) no site do jornal “El País Brasil”, destacando que
Telescópio na Espanha descobre um Sistema Solar próximo que pode ter Água Líquida.
Duda Falcão
PLANETAS
EXTRASOLARES
Telescópio na
Espanha Descobre um Sistema Solar Próximo Que Pode Ter Água Líquida
Foram achados
dois planetas do tamanho da Terra orbitando a estrela Teegarden, a 12,5
anos-luz daqui
Por Nuño Domínguez
El País Brasil
18 de junho de 2019 - 13:40 – BRT
CENTRO
ASTRONÓMICO HISPANO-ALEMÁN
Reconstrução da
estrela Teegarden e seus dois planetas. (vejam por esse link o vídeo que
acompanha a matéria)
Astrônomos de
vários países encontraram um novo sistema solar com
dois planetas como a Terra a 12,5 anos-luz daqui, virando a esquina em termos
astronômicos. O novo sistema planetário orbita Teegarden, uma estrela anã
vermelha muito menor e mais tênue que o Sol. Esses dois planetas se encontram
tão perto do seu astro que sua temperatura é relativamente temperada, a tal
ponto que poderia haver água líquida em sua superfície, uma condição
fundamental para abrigar vida.
“Estamos perante
dois dos exoplanetas habitáveis mais próximos da Terra, o único mais próximo
seria Próxima b, que está a 4,5 anos-luz”, ressalta Ignasi Ribas, diretor do
Instituto de Ciências do Espaço (IEEC-CSIC) e um dos autores principais da
descoberta. Quase 200 astrônomos de 11 países assinam o estudo, para o qual
foram necessárias 240 observações durante três anos com o instrumento Carmenes,
no observatório astronômico de
Calar Alto, na província de Almería (sul da Espanha), além de instalações
complementares de menor tamanho.
Fonte: IAA
O telescópio de 3,5 metros do Observatório de Calar Alto,
onde opera o instrumento Carmenes.
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Os dois novos
exoplanetas, Teegarden b e c, têm um tamanho 1,25 e 1,33 vezes maior que o da
Terra, respectivamente. Segundo o estudo, publicado nesta terça-feira na
revista Astronomy and
Astrophysics, os
dois orbitam muito perto de sua estrela, por isso completam uma volta – um ano
terrestre – em 5 e 11 dias, respectivamente. Ambos se encontram na chamada zona
habitável, embora seja o planeta c o que tem características mais adequadas.
Segundo Ribas,
estes dois novos mundos têm tantas possibilidades de abrigar vida como os dois
principais candidatos conhecidos até agora nas proximidades de nosso sistema
solar, Próxima b, anunciado em agosto de 2016, e dois dos
sete planetas descobertos em fevereiro de 2017 em torno de Trappist-1, a 40
anos-luz. Os três sistemas têm anãs vermelhas como centro.
Normalmente, descobertas
desse tipo vinham sendo feitas por instrumentos localizados em outros países. O
novo achado representa um bom impulso para a equipe do observatório de Almería,
que, apesar de ser o maior da Europa continental, sofreu importantes cortes
orçamentários nos últimos anos.
Foto: ESO
Reconstrução do planeta Próxima b.
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“É uma
descoberta clara e sem dúvidas” diz Didier Queloz, um dos descobridores do
primeiro planeta fora do sistema solar, em 1995. “É alucinante pensar que há
apenas 25 anos este campo não existia, e que agora já nos propomos seriamente a
achar vida em outros planetas", acrescenta. Sobre este novo achado, o
astrofísico opina que o sistema da estrela Trappist, da qual ele foi um dos
descobridores, continua sendo “único”, porque só com ele haverá a possibilidade
de usar o Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado em 2021, e averiguar
mais coisas sobre os planetas nessa estrela. Já no sistema de Teegarden será
preciso esperar a chegada de uma nova geração de telescópios gigantes,
que começarão a funcionar em meados da próxima década.
As anãs
vermelhas ejetam radiações que poderiam eliminar a atmosfera de seus planetas e
aniquilar a vida eventualmente existente. Esse senão já havia sido detectado em
Proxima b, como revelou um estudo recente da equipe de Meredith MacGregor,
astrônoma da Instituição Carnegie para a Ciência (EUA). Em Teegarden essas
ejeções não foram captadas, por isso ele representa o entorno mais benigno para
a vida que se conhece hoje. Mas o instrumento Carmenes, especializado em captar
luz vermelha e infravermelha, não é capaz de observar se esses planetas têm
atmosfera, algo essencial para que possam manter um efeito-estufa que
modere as temperaturas e proteja a vida da radiação.
“A definição de
habitável evolui constantemente à medida que novas técnicas de observação são
lançadas", explica MacGregor. "Inicialmente a zona habitável era a distância
de um planeta até sua estrela em que havia uma temperatura de equilíbrio
suficiente para ter água líquida na superfície. Encontramos muitos planetas
terrestres desse tipo. Mas claramente há outros fatores para saber se um
planeta é realmente como a Terra, por exemplo, se tem uma atmosfera, placas
tectônicas, um campo magnético. Necessitamos das novas instalações astronômicas
de nova geração para responder a estas perguntas”, acrescenta a astrônoma.
O estudo termina
com uma reflexão inquietante. Teegarden se formou há nove bilhões de anos, o
dobro que o nosso sistema solar. Houve duas vezes mais tempo para gerar uma
civilização inteligente. “Se os teegardianos existirem”, diz o estudo em sua
conclusão, “poderiam observar a Terra transitando em frente ao Sol entre 2044 e
2496.”
Fonte: Site do Jornal
El país Brasil- 18/06/2018 - https://brasil.elpais.com
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