Por Que Tantos Meteoros Estão Sendo Avistados no Rio Grande do Sul?

Olá leitor!

Segue abaixo um interessante artigo postado ontem (10/05) no site “UOL Notícias”, tendo como tema os avistamentos recentes de meteoros sobre os céus do Rio Grande do Sul.

Duda Falcão

ASTRONOMIA

Por Que Tantos Meteoros Estão Sendo Avistados no Rio Grande do Sul?

Por Luciano Nagel
Colaboração para o UOL, de Porto Alegre (RS)
10/06/2019 04h00

Imagem: Bramon
Segundo meteoro em dois dias iluminou o céu de cidades gaúchas.

Na noite da última quinta-feira (6), a passagem de ummeteoro assustou moradores de várias cidades do Rio Grande do Sul. No dia seguinte, a entrada de um novo corpo celeste na atmosfera voltou a causar burburinho no Estado --e outra aparição havia ocorrido em abril. Mas por que tantos objetos estão aparecendo no céu gaúcho?

São dois fatores que favorecem o aumento de registros de meteoros no Rio Grande do Sul, segundo especialistas consultados pelo UOL Ciência. O primeiro fator se deve a uma coincidência de acontecimentos aleatórios.

"Os meteoros não escolhem um local no planeta Terra para cair, mas claro que existe uma preferência em termos de latitude quando há uma chuva de meteoros. No entanto, estes bólidos mais brilhantes que não estão associados a nenhuma chuva específica podem ocorrer em qualquer região do nosso planeta", aponta o astrônomo Marcelo Zurita, diretor da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network).

A afirmação foi feita logo após a queda do segundo bólido em dois dias no Rio Grande do Sul. Para o cientista, houve uma "coincidência" de ocorrer vários eventos no céu dessa região. O segundo motivo, contudo, envolve a infraestrutura da estação de monitoramento de objetos do tipo em Taquara (RS), que cobre todo o Estado gaúcho.

''Este bólido durou apenas três segundos no céu e veio numa velocidade mais baixa em comparação ao anterior, que ficou visível na galáxia por mais de 20 segundos. Existe a possibilidade muito grande de que este meteoro tenha se desintegrado totalmente antes de atingir a atmosfera terrestre. Diferente do bólido que caiu na quinta-feira, nas proximidades do município Jari e Tupanciretã, que provavelmente deixou fragmentos em solo'', conta o especialista.

Mais Bólidos do Que o Comum

O diretor da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network) apontou que os bólidos --meteoros de altíssima velocidade e intenso brilho-- são visualizados pela população com mais frequência entre os meses de fevereiro a julho.

“Para este ano, os especialistas já esperam uma incidência maior de bólidos nos meses de junho e julho porque o planeta Terra deve atravessar uma trilha mais densa de detritos chamada de 'Enxame Tauridas', que provavelmente foi gerado pela fragmentação de um cometa há alguns séculos”
Marcelo Zurita, diretor da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network)

Na última quinta-feira (6), as câmeras de vídeo da Bramon no Rio Grande do Sul registraram um bólido do tamanho de uma bola de futebol passando pelo céu de mais de 30 cidades gaúchas. O meteoro entrou em colisão com a atmosfera, gerando uma forte explosão.


Já o segundo meteoro em dois dias no Estado apareceu por volta das 19h50 (de Brasília) da última sexta (7) e surpreendeu astrônomos e a população de cidades localizadas na região central do Estado. Nesse caso, o meteoro brilhante surgiu a 74,7 km de altitude sobre o município de Pântano Grande, situado a pouco mais de 120 km de Porto Alegre.


O objeto se deslocou por 54 km pelo céu, atingindo uma velocidade de 54,2 mil km/h até desaparecer a 24,7 km de altitude sobre a zona rural de Pederneiras, no interior gaúcho.

Naquela noite, apenas duas estações de monitoramento de meteoros que integram a Bramon, das 148 espalhadas em 20 Estados brasileiros, registraram o fenômeno: a JJS2, estação localizada na cidade de Monte Castelo (SC); e a CFJ10, situada no município de Taquara (RS), que possui nove câmeras de vídeo de alta resolução e sensibilidade.

O observatório de propriedade particular também tem outras duas câmeras instaladas em pontos estratégicos nas cidades de São Leopoldo (RS), no Vale dos Sinos, e Porto Alegre. e Porto Alegre. Estes aparelhos operam a 360 graus e são capazes de captar imagens de todo o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Uruguai e parte da Argentina.

Mais Casos Neste Ano no Brasil

Meses antes, na madrugada de 12 de abril deste ano, outro bólido entrou na atmosfera gaúcha a uma velocidade de 122,2 mil km/h, pesando 12 kg. Durante a sua passagem, aos poucos o objeto foi se partindo em fragmentos que acabaram caindo a 145 km de distância da costa litorânea do Rio Grande do Sul.

Ainda no mesmo mês, no dia 26, a população de várias cidades situadas ao norte do Estado do Rio de Janeiro e leste de Minas Gerais também foram privilegiadas com a aparição do fenômeno galáctico. A luz do bólido foi registrada em uma das câmeras da Bramon na cidade mineira de Juiz de Fora e, poucos minutos depois, reportada por várias pessoas nas redes sociais.

No mês de maio, outros quatro meteoros foram registrados em São José dos Quatro Marcos, município localizado no estado de Mato Grosso. Os registros foram feitos pelas câmeras das estações Bramon foram disponibilizados no YouTube.

Bramon Conta Com Voluntários

A Bramon, que flagrou os meteoros recentes, é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é desenvolver e operar uma rede para o monitoramento de meteoros, com o objetivo de produzir e fornecer dados científicos à comunidade por meio da análise de suas capturas, que são realizadas por estações de monitoramento.

Desta forma, ela visa figurar como a maior rede de monitoramento de meteoros do hemisfério sul e entre as maiores do mundo, além de tornar-se uma referência como uma rede que alia a qualidade ao uso de equipamentos acessíveis e de baixo custo.

De acordo com o diretor Marcelo Zurita, atualmente a organização conta com 101 operadores e 148 estações (nem todas ativas) em 20 Estados do Brasil. Todas as bases são monitoradas por cidadãos voluntários, que investem com recursos próprios para observar meteoros.

Meteorito de Chelyabinsk Deixou Feridos

A cidade russa de Chelyabinsk ganhou destaque na capa de jornais de todo o mundo em 15 de fevereiro de 2013. Na época, um pequeno asteroide explodiu sobre a atmosfera, ferindo mais de 1.500 pessoas e causando pânico na população. Para se ter uma ideia da força do fenômeno, a onda de choque quebrou janelas de casas, prédios e automóveis ao redor da região do impacto.


Fonte: Site do UOL Notícias - https://noticias.uol.com.br

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