Brasileira Que Ajudou em Foto de Buraco Negro Conta Como Participou da Descoberta
Olá leitor!
Segue abaixo uma
interessante matéria com a cientista brasileira Lia Medeiros que ajudou na
conquista da foto do buraco negro recentemente descoberto, publicada que que
foi hoje (10/06) no site do jornal “O
Globo”. Vale a pena conferir.
Duda Falcão
SOCIEDADE –
CELINA
Brasileira Que Ajudou
em Foto de Buraco Negro Conta Como Participou da Descoberta
Formada no
exterior, onde vive desde os 10 anos, Lia Medeiros visita Brasil para receber
homenagem no Senado e dar palestra sobre astrofísica e física na USP.
Descoberta da equipe que ela integrou ajudou a comprovar teoria de Einstein.
Por Guilherme
Caetano
10/06/2019 -
11:37
Atualizado em
10/06/2019 - 17:17
Foto: Drew
Bourland / Universidade do Arizona
Lia Medeiros fez parte da equipe que conseguiu registrar,
em abril deste ano, a primeira fotografia de um buraco negro.
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SÃO PAULO - Na
última quinta-feira, enquanto o ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, era vaiado durante fala em sessão no Senado e
deixava o plenário sem responder a nenhum questionamento, a cientista Lia
Medeiros aguardava ansiosa para tomar o microfone. Ela mora nos Estados Unidos
há 18 anos e, apesar de visitar com frequência seu país natal, retornou
exclusivamente para participar do evento em Brasília.
Discursando em
homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a carioca de 28 anos, arrebatou
aplausos e foi lembrada por sua importância na colaboração global que conseguiu
pela primeira vez na história fotografar um buraco
negro. Divulgada em abril passado, a imagem fascinou
pessoas ao redor do mundo e iluminou um dos grandes mistérios do universo.
Nesta
segunda-feira, ela fará uma palestra no Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e
conversará com cientistas e o público interessado sobre seu trabalho. Ela quer
dialogar com a comunidade e compartilhar o conhecimento adquirido nos últimos
anos de pesquisa.
— Essa pesquisa
não é paga porque alguém vai comprar alguma coisa. A astronomia não
entrega um produto. Meu trabalho só existe porque pessoas e governos acham isso
interessante. A população é quem paga por isso. Então é parte do meu trabalho
devolver isso à comunidade. Acho que é parte importante do emprego de um
cientista, mas não é todo mundo que pensa assim — afirma ela, em entrevista ao
GLOBO, mencionando também a condecoração recebida na semana passada, a convite
da senadora Eliziane Gama (Cidadania/MA). — Fiquei muito feliz pela homenagem
no Senado. Eu vou me lembrar disso pelo resto da vida.
Foto: Drew
Bourland / Universidade do Arizona
Lia é carioca e tem 28 anos, tendo feito seu doutorado em
física pela Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, nos EUA.
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Como a Descoberta Histórica Foi Feita
A Teoria da
Relatividade, de Albert Einstein, foi
concebida para resolver outros problemas da física, mas acabou prevendo a
existência de buracos negros. Em 29 de maio de 1919,
há cem anos, cientistas puderam fazer a primeira comprovação da famosa teoria a
partir da observação de um eclipse total em Sobral, no Ceará. Um
século depois, a brasileira contribuiu para outra grande confirmação.
Responsável por programar simulações de buracos negros que foram fundamentais
para a descoberta de abril, Lia ajudou a colocar o Brasil mais uma vez na
história das validações da Teoria da Relatividade.
— Einstein
concebeu uma ideia muito diferente do que estamos acostumados a pensar a
gravidade. Segundo ele, a gravidade, na verdade, é uma questão geométrica.
Considerando que vivemos num mundo de quatro dimensões (altitude, latitude,
longitude e tempo), um corpo de massa muito grande pode curvar esse tempo e
espaço, fazendo com que essa curvatura oriente como a matéria deveria se mexer.
Na física comum, em teoria, uma coisa que não tivesse massa não seria afetada
pela gravidade, mas não é assim que acontece na prática — diz a cientista.
Lia se refere à
luz. Na observação feita do eclipse em Sobral, os cientistas verificaram que a
gravidade do sol conseguia curvar a trajetória da luz, colocando um ponto de
interrogação em tudo que se entendia por gravidade até então — e dando crédito
à concepção formulada por Einstein.
Comprovado que a
luz, uma onda eletromagnética sem massa, era afetada pela gravidade, como se
comportaria a luz num objeto com campo gravitacional tal qual o de um buraco
negro?
Para ajudar a
chegar à resposta, a brasileira fez simulações de 12 mil buracos negros
diferentes, todos eles se comportando de uma forma não prevista pela teoria de
Einstein — para que a equipe pudesse saber se o buraco negro observado se
comporta ou não de acordo com a hipótese.
Por meio de
cálculos complexos e um supercomputador, Lia emitia luz para buracos negros
virtuais e verificava se as ondas eram tragadas por sua gravidade ou não.
Interesse da
Jovem Começou no Ensino Médio
O interesse da
cientista por buracos negros, ainda na adolescência, foi o que a levou até a
descoberta histórica, junto da equipe de mais de 200 cientistas em todo o
mundo, o Event Horizon Telescope Collaboration. Sua vida tomou o rumo certo
quando perguntou a um professor do ensino médio o que precisaria cursar na
graduação para conseguir estudar os objetos espaciais.
— O professor me
disse que eu deveria estudar física ou astrofísica. Eu disse "ótimo, então
vou fazer as duas coisas" — conta ela, que acabou se formando em física e
astrofísica na Universidade da California, em Berkeley.
Com passagem por
Harvard, hoje ela é doutora em física pela Universidade da Califórnia, em Santa
Bárbara, e passou grande parte de seu doutorado na Universidade do Arizona,
onde leciona a orientadora da sua tese.
Contraste Com
Cortes em Ciência do Brasil
O caminho de Lia
foge da situação vivida por outros pesquisadores brasileiros. Após os recentes
cortes do Ministério da Educação, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) já congelou mais de 6 mil
bolsas de pesquisa neste ano. A pasta bloqueou 30% dos
gastos não obrigatórios das universidades
federais, o que deve afetar pesquisas em todo o país, em todas as áreas do
conhecimento.
Longe da crise
da ciência brasileira, a carioca tem garantidos três anos de estudos bancados
por uma bolsa da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos e mais um ano
garantido pelo Instituto de Estudos Avançados, onde ela é pós-doutoranda.
Enquanto isso, continuará sua missão de retribuir o conhecimento à sociedade.
Fonte: Site do
Jornal o Globo - http://oglobo.globo.com
Comentário: Bom leitor, deixando de lado a questão politica claramente direcionada pelo autor dessa matéria para atacar o governo, o texto em si é interessante, pois nos trás
informações relevantes sobre essa jovem cientista brasileira e sobre a descoberta
da qual ela fez parte.
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