Constelações de Satélites Prejudicam Observações Astronômicas, Alerta a IAU
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (17/02) no site “Canaltech”
destacando que segundo alerta da ‘União Astronômica Internacional (IAU)’
as Constelações de Satélites prejudicam Observações Astronômicas.
Duda Falcão
HOME - CIÊNCIA - ESPAÇO
Constelações de Satélites Prejudicam Observações Astronômicas,
Alerta a IAU
Por Patrícia Gnipper
Canaltech
Fonte: IAU
17 de Fevereiro de 2020 às 09h33
Depois de denúncias diversas de que os primeiros lotes de
satélites Starlink já
estavam atrapalhando observações astronômicas feitas por meio de
telescópios terrestres, agora quem se manifesta sobre o assunto é a União
Astronômica Internacional (IAU) — que fez uma análise aprofundada da questão e
compartilhou suas conclusões publicamente.
A IAU emitiu um primeiro alerta sobre a questão em junho
do ano passado, logo
depois que a SpaceX lançou os primeiros 60 satélites de internet de seu
projeto. O órgão expressava sua preocupação quanto ao impacto negativo que
essas constelações de satélites na órbita da Terra podem gerar na exploração
espacial, que depende da escuridão do céu noturno para fazer observações
terrestres. E como os satélites refletem luz solar, essa escuridão fica
ameaçada. Agora, a IAU apresenta um resumo do entendimento atual desse impacto.
Para tal, foram feitas simulações de computador
considerando 25 mil satélites, o que vai acabar acontecendo em breve, já que a
SpaceX prevê um total de até 42 mil, enquanto a OneWeb vai lançar pelo
menos 650 unidades (sendo que já
lançou 40), e ainda é preciso considerar os planos da Amazon com seu projeto Kuiper (planejando
pelo
menos 3 mil satélites), bem como o Facebook com o projeto Athena (cujos
lançamentos podem começar já no mês de março).
Os resultados da simulação indicam que, com essa amostra,
a quantidade de satélites acima da linha do horizonte a qualquer momento
ficaria entre 1.500 e alguns milhares, dependendo da latitude. A maioria deles
apareceria muito próximo do horizonte, com apenas alguns passando mais acima. "Cerca
de 250 a 300 teriam uma elevação superior a 30 graus no horizonte; ou seja,
onde o céu está livre de obstruções e onde a maioria das observações
astronômicas é realizada", diz a IAU.
Continuando, "quando o Sol está 18 graus abaixo do
horizonte (ou seja, quando a noite fica escura), o número de satélites
iluminados acima do horizonte seria de cerca de 1.000 (com cerca de 160 em
altitudes superiores a 30 graus); os números diminuem ainda mais no meio da
noite, quando mais satélites estão na sombra da Terra (sem luz solar
refletida)".
O que isso significa? Significa que "a aparência do
céu noturno primitivo, principalmente quando observada em locais escuros, será,
no entanto, alterada, porque os novos satélites podem ser significativamente
mais brilhantes do que os objetos artificiais já existentes em órbita".
Contudo, ainda é difícil prever exatamente quantos satélites iluminados serão
realmente visíveis, pois essa reflexividade ainda é algo um tanto quanto
incerto. Afinal, não podemos desconsiderar que ao menos a SpaceX não está
totalmente alheia à questão, já que está testando
um revestimento escuro que, caso se mostre eficaz, reduzirá a reflexividade
dos aparelhos, talvez resolvendo a questão.
Outra observação importante é a de que os
"trens" de satélites que vêm sendo avistados no céu (como no vídeo
acima) acabam sendo significativos apenas logo após o lançamento, enquanto
ainda estão na fase de elevação da órbita e quando ficam consideravelmente mais
brilhantes do que ficarão na altitude final. "O efeito global depende de
quanto tempo os satélites estão nesta fase, e da frequência dos
lançamentos".
"Observações Astronômicas Serão Severamente Afetadas"
(Foto: NSF’s National Optical-Infrared Astronomy Research
Laboratory/CTIO/AURA/DELVE)
Ainda assim, a IAU estima que as trilhas dos satélites
acabarão ficando suficientemente brilhantes para "saturar detectores
modernos em grandes telescópios" e, por isso, "as observações
astronômicas de campo amplo serão severamente afetadas".
Usando como exemplo observações a serem feitas no Observatório
Vera Rubin, a estimativa é de que até 30% das imagens registradas 30
segundos durante o crepúsculo serão afetadas, pois a instalação conta com
instrumentos com um campo de visão mais amplo. Por outro lado, os observatórios
com campos de visão menores serão menos afetados, ainda que sintam algum
impacto, também.
Há quem imagine que os efeitos negativos dos novos
satélites poderiam ser amenizados ao prever suas órbitas com precisão,
interrompendo temporariamente as observações durante o período de sua passagem.
No entanto, "o grande número de trilhas pode criar sobrecargas
significativas e complicadas para o agendamento e operação de observações
astronômicas", considerando que há pelo menos quatro empresas nessa
empreitada, todas planejando lançar milhares ou até dezenas de milhares de
satélites.
Impacto Também na Radioastronomia
(Foto: ESO)
Quatro antenas do Atacama Large Millimeter Array
(ALMA), rádio-observatório constituído por um conjunto de antenas no Chile.
|
Tudo o que falamos acima diz respeito às observações em
comprimentos de onda ópticos, mas as constelações de satélites também
representam risco às observações nos comprimentos de onda de rádio. Apesar de
determinadas frequências de rádio, usadas para pesquisas espaciais por meio de
radiotelescópios, serem protegidas por regulamentações federais nos Estados
Unidos, tanto a SpaceX quanto a OneWeb podem
transmitir, com seus satélites, sinais muito próximos de bandas usadas pela
ciência, o que tem o potencial de gerar interferências capazes de colocar o
trabalho dos astrônomos a perder.
Para a IAU, as constelações de satélites "exigirão o
desvio de recursos humanos e financeiros da pesquisa básica para o estudo e
implementação de medidas mitigadoras". Em outras palavras, será preciso
tirar mão de obra e dinheiro de pesquisas para financiar o estudo e a aplicação
de soluções para o problema que essa imensidão de novos satélites está causando
à radioastronomia.
A IAU ressalta que, a fim de impedir um cenário ainda
mais complicado (e potencialmente trágico para a ciência), está colaborando com
a Sociedade Astronômica Americana (AAS) e, juntas, continuarão promovendo
discussões com agências espaciais e também com empresas privadas que planejam
lançar e operar constelações de satélites daqui em diante, dando aquele
respaldo oficial para ninguém dizer que "não sabia que o projeto causaria
problemas".
Vale observar, também, que "atualmente não existem
regras ou diretrizes acordadas internacionalmente sobre o brilho de objetos
orbitais feitos pelo Homem" e, "embora até agora este tópico não
fosse considerado prioritário, ele está se tornando cada vez mais
relevante". A IAU participará de próximas reuniões do Comitê das Nações
Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS) justamente para chamar a
atenção de representantes de governos para as ameaças que essas iniciativas de
conectividade representam à astronomia. O tema específico das constelações de
satélites será incluído na reunião de outubro deste ano.
A IAU encerra seu alerta oficial enfatizando que "o
progresso tecnológico só é possível com avanços paralelos no conhecimento
científico", citando como exemplo que "satélites não funcionariam e
nem se comunicariam adequadamente sem contribuições essenciais da astronomia e
da física". Portanto, "é do interesse de todos preservar e apoiar o
progresso da ciência fundamental" — o que inclui a astronomia.
Fonte: Site Canaltech -
https://canaltech.com.br
Comentário: Pois é, a verdade leitor é que mais cedo ou
mais tarde isso iria acontecer de qualquer forma e o alucinado do Sr. Elon Musk
foi um dos que colaboraram para que isto ocorresse mais rapidamente. Como a
humanidade vai solucionar isso, eu não sei amigo leitor, mas creio que por um
tempo a solução estará na miniaturização dos satélites.
Comentários
Postar um comentário