A Equipe Bravo Rocket da UNIVAP Conclui o Projeto do Foguete Demonstrador de Tecnologia Multiestágio "Tereshkova"
Segue abaixo uma interessantíssima nota postada dia (09/02) no
“Blog Orbis Defense” destacando que a equipe “Bravo Rocket” da Universidade do
Vale do Paraíba (UNIVAP), do estado de São Paulo, concluiu o projeto do
Foguete Demonstrador de Tecnologia Multiestágio “Tereshkova”.
Duda Falcão
A Equipe Bravo Rocket da UNIVAP Conclui o Projeto
do Foguete Demonstrador de Tecnologia Multiestágio "Tereshkova"
Por Mateus de Paula Vieira
Blog Orbis defense
Domingo, 9 de fevereiro de 2020
Foto de Mateus Vieira, 2019
O que é
O FDT (Foguete Demonstrador de Tecnologia) “Tereshkova” é um
foguete acadêmico bi-estágio à propulsão sólida aerodinamicamente estabilizado.
É o primeiro foguete com separação de estágios acionada por aviônica
desenvolvido pelo Laboratório de Jato Propulsão da Univap, com tradição no
desenvolvimento de foguetes. O Veículo leva o nome da primeira mulher a ir ao
espaço, a soviética Valentina Tereshkova, que orbitou a Terra em 1963 a bordo
da nave Vostok VI, quebrando paradigmas e tornando-se heroína da União
Soviética durante a corrida espacial.
O FDT pode levar um experimento científico como uma mini sonda de
cerca de 100g até 300m de altura na versão 1 e à 600m de altura na versão 2.
Foi desenvolvido durante o ano de 2019 e contou com 3 protótipos até a versão
final.
Fonte: Os Autores, 2019.
Objetivo
A missão do FDT “Tereshkova” é demonstrar a tecnologia de
separação de estágios para foguetes de sondagem e veículos lançadores
desenvolvida pela equipe. O desenvolvimento é fruto de pesquisas envolvendo
eletrônica e computação; química; aerodinâmica e análises estruturais, e da
integração entre a academia, instituto de pesquisa e empresas privadas.
A Equipe
Divisões de Projeto
A equipe Bravo Rocket é estruturada em 4 divisões de projeto:
Combustão e Propulsão; Eletrônica e Computação; Aerodinâmica e Recuperação e
Cargas, Estruturas e Integração.
Cada divisão é responsável por pesquisa e desenvolvimento dentro
de sua área e são chefiadas por um Capitão-de-Divisão, além de contarem com um
Professor Especialista para auxiliar os demais membros que projetam e constroem
os subsistemas que irão integrar o veículo no momento da montagem
final.
Os Capitães-de-Divisão atuam distribuindo tarefas e gerenciando
suas equipes, auxiliando seus subordinados a realizar as tarefas em dia, dentro
do cronograma; já o Capitão-Geral da equipe cuida para que haja sintonia
entre todos os grupos de modo a facilitar a integração do projeto como um todo.
Foto de André Toledo, 2019.
Gerencia e Operações
A coordenação das divisões de projeto e das demais áreas
necessárias a manutenção das atividades da equipe é realizada por uma junta formada
pelos capitães, professores e orientadores da equipe. Esta junta é chamada de
Departamento do Estado-Maior e é dirigida pelo Chefe de Operações. O time atua
elaborando os cronogramas do projeto, controlando orçamentos, compras, gestão
de pessoas e documentações. O Departamento também é responsável pelo marketing
da equipe e pela logística por trás do planejamento das operações de testes e
lançamentos.
O Programa de Desenvolvimento do Produto
O Projeto do FDT Tereshkova contou com 4 fases:
⦁ Projeto Preliminar do Primeiro protótipo do FDT Tereshkova-1
⦁ Segundo protótipo do FDT Tereshkova-1
⦁ Terceiro protótipo do FDT Tereshkova-1
⦁ Projeto do FDT Tereshkova-2
O projeto preliminar do primeiro protótipo do FDT Tereshkova foi
feito entre dezembro de 2018 e junho de 2019, envolvendo uma série de pesquisas
e a aplicação de conceitos de “Systems Engineering” para facilitar o
desenvolvimento do projeto de engenharia. A ideia inicial era de utilizar
motores à propulsão sólida classe H e classe F desenvolvidos pelo grupo, porém,
para que projeto prosseguisse decidiu-se que estes motores seriam desenvolvidos
em paralelo aos protótipos iniciais do FDT, estes propulsados por motores
comerciais classe D que poderiam ser facilmente encontrados no mercado. Ao final
do desenvolvimento dos motores H e F, o projeto do foguete já estaria maturo
para recebê-los.
O primeiro protótipo foi lançado em 15 de junho de 2019, o voo foi
um sucesso, a separação de estágios ocorreu como o esperado, porém, o sistema
de recuperação não funcionou corretamente devido à uma falha do sistema de
ejeção dos paraquedas. Este lançamento encerrou a primeira fase do projeto. A
segunda fase iniciou-se com a mitigação das falhas ocorridas durante o primeiro
voo, fazendo uso do método “Fault Tree Analysis” (Árvore de Falhas) para
avaliar o que poderia ter ocorrido e possíveis soluções.
Todas as fases do projeto são gerenciadas seguindo o ciclo PDCA
(Plan – Do – Check - Act), uma ferramenta muito eficaz em projetos de
engenharia. O PDCA consiste em projetar, construir, testar e analisar os
resultados, avaliando possíveis alterações e buscando sempre a melhoria
contínua do produto desenvolvido.
Fonte: Imagem retirada da internet.
O Programa de Desenvolvimento do Produto (PDP - Product
Development Program) seguiu com mais dois protótipos. Em agosto de 2019 o
segundo protótipo voou, certificando que o problema anterior havia sido
solucionado. O terceiro protótipo voou em setembro de 2019 com alterações no
computador de bordo, onde acelerômetros e giroscópios foram incrementados para
realizar o acionamento dos paraquedas no momento do apogeu.
Com o fim do desenvolvimento dos motores H e F, pôde-se realizar a
quarta e última fase do desenvolvimento do projeto do FDT Tereshkova, que
consistiu na troca dos 9 motores classe D do primeiro-estágio por 1 motor
classe H, e da troca dos 3 motores D do segundo-estágio por um motor classe F.
Algumas alterações na estrutura do foguete foram necessárias, não só para
integrar o novo sistema propulsivo à estrutura do foguete mas também para
garantir a estabilidade de voo por meio da margem estática.
Grupo de Trabalho
Aerodinâmica e Recuperação
O trabalho da DAR (Divisão de Aerodinâmica e Recuperação) começa
com o projeto preliminar do foguete, trabalhando geometrias aerodinamicamente
eficientes para o voo. Análises em softwares de CFD (Computed Fluid Dynamics) e
Ensaios no Túnel de Vento são indispensáveis nesta fase do projeto. A
divisão também atua no projeto das empenas do foguete, de modo que possibilitem
um voo com estabilidade e gerem baixo arrasto.
Fonte: Os Autores, 2019.
A DAR também projeta os paraquedas utilizados pelo projeto, de
acordo com a necessidade da missão. Os paraquedas são responsáveis por frear a
queda dos módulos do foguete e trazê-los de volta ao solo em segurança. Para o
projeto destes dispositivos a equipe desenvolveu um software computacional
capaz de manipular equações matemáticas e fornecer um dimensionamento adequado
para todo o conjunto velame - cordas - amarrações.
O trabalho de pesquisa aerodinâmica foi auxiliado pela Profa. Dra.
Heidi Korzenowski e contou com o uso do Túnel de Vento da FEAU (Faculdade de
Engenharias, Arquitetura e Urbanismo da Univap) para testes, principalmente a
respeito da dinâmica de abertura dos paraquedas.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
Eletrônica e Computação
Sem dúvidas, a eletrônica embarcada do FDT é o cérebro do foguete,
é ela quem faz o acionamento dos motores principais para a decolagem e comanda
a ignição dos motores do segundo-estágio no momento certo para a separação,
além de também ser responsável pelo acionamento do sistemas de recuperação,
efetuando o disparo da carga de ejeção dos paraquedas no momento exato.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
Auxiliados pelo Prof. Dr. Alessandro Correa Mendes, os alunos da
DEC (Divisão de Eletrônica e Computação) desenvolveram mais de 300 linhas de
código em programação de baixo nível, atribuídas ao Computador de Bordo
composto por microcontroladores conectados a sensores responsáveis por
altimetria e telemetria, como acelerômetros, giroscópios e altímetros. O
computador de bordo também pode coletar dados como temperatura e pressão da
atmosfera durante o voo, fazendo a sondagem e armazenando os dados na memória.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019.
Durante o projeto, a divisão de eletrônica também desenvolveu uma
bancada de testes estáticos para os testes de qualificação dos motores
desenvolvidos pela equipe de propulsão e iniciou pesquisas a respeito de
sistemas para localização dos módulos do foguete após o pouso, com auxílio de
sinais de rádio, VHF/UHF e GPS.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019.
Toda a operação de ignição dos motores do primeiro-estágio do FDT
é feita à distância e sem o uso de cabos ligados a baterias para fornecer
energia aos ignitores elétricos. Isso se dá graças à mesa de ignição Wireless
desenvolvida pelo time da DEC, responsável pelo acionamento dos ignitores mesmo
à uma distância de cerca de 50 metros da rampa de lançamento.
Foto de André Toledo, 2019.
A mesa de ignição à distância conta com chaves de segurança e com
o botão de lançamento acionado ao fim da contagem regressiva. Toda a
comunicação entre a mesa de lançamento e a rampa onde o foguete é posicionado é
feita por sinal de rádio.
Combustão e Propulsão
O sistema propulsivo é o coração do foguete, afinal, são os
motores quem garantem que o foguete vá decolar. O desenvolvimento do FDT
Tereshkova foi feito em paralelo com o dos motores à propulsão sólida Classe H
e Classe F, ambos trabalhos de pesquisa dos alunos do laboratório.
Os membros da DCP (Divisão de Combustão e Propulsão) auxiliados
pelo Prof. Me. Silas Camargo de Matos desenvolveram o propelente dos motores H
e F, feito à base de mistura de Nitrato de Potássio e Sucrose (KNSu). Esta
etapa contou com apoio do IP&D e da Prof. Dra. Ivone Regina de Oliveira que
possibilitou o acesso à laboratórios químicos avançados como o Laboratório de
Caracterização de Materiais e a Central Analítica.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019.
Para o desenvolvimento do propelente foram utilizados softwares
para equilíbrio químico como o GDL Propep, CEA e RPA. Posteriormente, a estrutura
dos motores foi definida, utilizando materiais poliméricos como o CPVC para o
envelope e argamassa de alta resistência para a construção das tubeiras e
tampões. Estes materiais foram submetidos à testes e se mostraram adequados
para substituir o metal usinado usado em larga escala no projeto de envelopes
para motores-foguete.
Fonte: Os Autores, 2020.
O trabalho de desenvolvimento dos motores envolveu testes
qualitativos e quantitativos, como os testes de queima e os testes estáticos de
bancada. Os ensaios são necessários para garantir a estabilização da queima e
alto rendimento do propelente. A estrutura também é analisada durante os
testes, onde observa-se seu comportamento durante o funcionamento do motor e
pode-se averiguar o aparecimento de trincas ou deformações.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019.
Os três primeiros protótipos do FDT Tereshkova são chamados de
modelos 1. Estes não voaram propulsionados pelos motores desenvolvidos pela
equipe, pois os motores classe F e H ainda não estavam operacionais. Nestes
três primeiros lançamentos, foram utilizados motores comerciais Classe D
comprados pela equipe e testados em parceria com o grupo de foguetes do ITA.
O primeiro-estágio do foguete contou com um cluster de 9 motores
classe D fornecendo 315 N de empuxo para o lançamento, já o segundo estágio contou
com 3 motores classe D fornecendo 105 N de empuxo para a separação e
continuação do voo.
Foto de André Toledo, 2019.
Cargas, Estruturas e Integração
A escolha de materiais e métodos de fabricação para construção do
corpo do foguete e seus componentes são responsabilidade da Divisão de Cargas, Estruturas
e Integração. São realizados pesquisas e testes a fim de escolher o material
mais leve e resistente para cada elemento do foguete, de modo que o veículo
tenha alta eficiência estrutural.
Os processos de fabricação podem incluir usinagem de materiais
metálicos, fabricação de materiais compósitos e montagens manuais, como é o
caso do FDT Tereshkova. Processos de manufatura aditiva com uso de impressoras
3D são amplamente utilizados e no projeto do FDT, a ogiva; a baia da eletrônica
e os blocos do motor são feitos de filamentos de materiais poliméricos como o
PLA ou Tritan.
As empenas do foguete foram construídas de polímero para matriz de
materiais compósitos e as fuselagens dos primeiro e segundo estágio são
construídas a partir de tubos de papelão.
Fonte: Os Autores, 2019.
Sem dúvidas, um dos grandes avanços do time foi o desenvolvimento
do dispositivo interestágio do foguete. Este componente além de conectar o
segundo estágio ao primeiro no momento da montagem final do foguete é
responsável por efetuar a separação dos dois módulos em voo no momento da
ignição dos motores do estágio superior.
O interestágio foi desenvolvido a partir de uma série de pesquisas
sobre separação de estágios de foguetes, que serviram de base para decidir-se
que a melhor forma de solucionar este problema de engenharia seria desenvolver
um dispositivo baseado nos interestágios dos foguetes Soyuz (russo) e Titan
II (americano).
O interestágio do foguete soviético Soyuz conta com uma geometria
cônica posicionada acima do segundo-estágio. Esta geometria favorece o escape
dos gases provenientes dos motores acionados no terceiro-estágio e fazem com
que eles “empurrem” o segundo-estágio para baixo, separando-os. Esta forma de
separação de estágios é chamada de “separação à quente”.
Fonte: Acervo de Martin T. Mikkelsen. Flickr, 2010.
No momento da separação à quente os gases expelidos pelos motores
superiores necessitam de espaço para escaparem do interestágio, desta forma, no
projeto do Míssil Balístico Intercontinental americano Titan II foram
incluídas janelas de exaustão de formato retangular, servindo de saída para o
escoamento dos gases.
Fonte: Teitel, 2016.
Unindo as soluções de engenharias apresentadas nos projetos do
Soyuz e do Titan II, a equipe desenvolveu um dispositivo capaz de realizar esta
missão de acordo com a necessidade do FDT Tereshkova. O componente capaz de
conectar os dois estágios foi concebido, contando com um cone central e três
janelas de exaustão; foi utilizado software CFD para ensaios preliminares, o
que teoricamente provaram que a geometria desenvolvida era capaz de exercer sua
função de favorecer a separação dos estágios a partir do escoamento dos motores
superiores.
Fonte: Os Autores, 2019.
O interestágio foi construído de material polimérico em impressora
3D e submetido à testes de resistência estrutural e à temperatura. Nos testes
de separação, constatou-se que a resistência estrutural do material era
adequada, porém, devido aos gases provenientes da queima de propelente dos
motores serem expelidos em alta temperatura pelas tubeiras, o material
polimérico era deformado, principalmente na região do cone central. A solução
encontrada para o problema do derretimento foi a aplicação de resina epóxi
sobre a peça, aumentando sua resistência à altas temperaturas. Em novos testes
a peça resistiu a mais de 800º C.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
Figura 18 - dispositivo interestágio montado para lançamento. |
Durante cada protótipo do FDT construído, alguns pontos eram
corrigidos e no terceiro protótipo lançado o interestágio estava 100%
funcional.
A Divisão de Cargas e Estruturas também executa o projeto avançado
do foguete, efetuando a integração de todos os subsistemas desenvolvidos pelas
outras divisões, como os paraquedas, motores e aviônica. Quando todos os
componentes estão prontos e a eletrônica está operacional, a divisão efetua a
montagem final para os últimos testes antes do lançamento.
Foto de Mateus Vieira, 2019.
Após todos os testes finais serem executados, o veículo pode
seguir para a operação. No dia do voo, a DCE é responsável pelo posicionamento
do veículo na rampa de lançamento e pelas últimas checagens antes da ignição.
Foto de Mateus Vieira, 2019.
Final do Desenvolvimento dos Protótipos e Motores, Nasce o FDT Tereshkova-2
Como dito ao longo do texto, foram desenvolvidos três protótipos
do foguete Tereshkova-1 enquanto a Divisão de Combustão e Propulsão desenvolvia
os motores H e F. Ao final do desenvolvimento dos motores, o FDT Tereshkova-1
já era um projeto maturo e pôde receber o novo sistema propulsivo. Foi
necessário alongar o primeiro-estágio em cerca de 20% para dar lugar ao novo
motor classe H, e por consequência, algumas mudanças foram implementadas para
corrigir a estabilidade de voo do veículo, como o recebimento de novas empenas
para ajuste do centro de pressão e consequentemente, da margem estática.
Fonte: Os Autores, 2019.
Como é a Operação do FDT Tereshkova
A operação se inicia com um briefing do Chefe de Operações
juntamente com os Capitães e Chefes das Seções Operacionais (Segurança,
Meteorologia e Manutenção). Juntos, o time avalia as condições climáticas,
local de lançamento e possíveis ameaças à segurança da operação e ao sucesso da
missão. Se todas as questões avaliadas forem positivas, a operação de
lançamento é confirmada.
Foto de André Toledo, 2019.
Chegando ao Campo de Lançamentos, a área de posicionamento da
rampa de lançamento é isolada em um raio de 10 m, sendo permitida a entrada
somente do pessoal responsável pela operação. Convidados e demais membros da
equipe acompanham e auxiliam de fora da área isolada.
Durante toda a operação, o chefe da Seção de Meteorologia está
avaliando as condições meteorológicas e reportando-as para o Chefe de
Operações. O Chefe da Seção de Segurança garante que todos os procedimentos
sejam realizados de forma correta e que os operadores estejam realizando o uso
de EPI. Já o Chefe de Ignição garante que todo o sistema responsável pelo
acionamento dos motores esteja 100% funcional.
Foto de Mateus Vieira, 2019.
A equipe da DCE realiza a montagem do foguete na rampa de
lançamento, este procedimento conta com o uso de viseiras junto aos capacetes e
de luvas de proteção devido ao risco, mesmo que pequeno, de haver ignição
acidental dos motores.
Foto de Mateus Vieira, 2019.
Quando o FDT está totalmente montado na base, o time da DCE pode
efetuar a instalação dos ignitores elétricos nos motores e deixar a área
isolada.
Foto de André Toledo, 2019.
Neste momento quem entra em cena é o time da DEC para realizar a
sintonia entre a rampa de lançamento e a mesa de ignição através da conexão via
rádio entre elas.
Foto de Mateus Vieira, 2019.
Com a ignição conectada, todos deixam a área isolada e o foguete
está pronto para o lançamento, é hora de iniciar o checklist. O checklist final
é feito pelo Chefe do Operações e conta com check de meteorologia, segurança e
ignição, onde o chefe de cada uma destas seções pode dar seu “go” ou “no-go”.
Se todas as checagens forem positivas, a decontagem é iniciada em 10 segundos e
ao final o lançamento do foguete é efetuado.
As fases do voo do FDT Tereshkova estão apresentadas pelo diagrama
abaixo:
Fonte: Os Autores, 2019.
1: O foguete é acionado na rampa de lançamento. Os motores do
primeiro-estágio são ignitados fornecendo juntos 315 N de empuxo na versão
FDT-1 e 330 N na versão FDT-2.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
2: Após cerca de 1 segundo de voo a eletrônica embarcada efetua o
acionamento dos motores do segundo-estágio e a separação à quente ocorre.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
3: O primeiro-estágio já separado do segundo deixa o conjunto
efetuando uma saída lateral devido ao arrasto do próprio corpo. Mantém uma
trajetória ascendente de baixa velocidade até seu apogeu.
4: Após desacelerar, o primeiro-estágio atinge seu apogeu em cerca
de 80 m de altura.
5: O primeiro-estágio começa a efetuar sua descida de volta ao
solo.
6: O paraquedas do primeiro-estágio é acionado por meio de carga
de ejeção. O paraquedas é inflado e freia a queda do módulo, trazendo-o de
volta ao solo em baixa velocidade para evitar avarias.
7: O primeiro-estágio toca o solo em segurança.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
8: O segundo-estágio está em plena ascensão, com seus motores em
queima.
9: No ápice de sua trajetória balística, o segundo-estágio atinge
seu apogeu em cerca de 300 m de altura.
Foto de André Toledo, 2019.
10: Após o apogeu, o segundo-estágio ejeta a coifa contendo a
cápsula de carga-útil. Nela, além do computador de bordo podem ser acomodados
experimentos de até 100 g.
11: Mantendo a parábola de sua trajetória balística, o
segundo-estágio começa a cair.
12: O paraquedas do segundo-estágio é acionado e pode-o trazer de
volta ao solo em segurança.
Foto de Saulo Zonfrilli, 2019.
13: O corpo do segundo-estágio toca o solo.
14: A cápsula mantém sua trajetória. Dados atmosféricos como
temperatura e pressão são coletados durante todo o voo.
15: A cápsula inicia seu retorno ao solo.
16: O paraquedas da cápsula é inflado, possibilitando um pouso
suave, sem danos ao computador de bordo ou ao experimento.
Foto de Nathan El Khouri, 2019.
17: A cápsula toca o solo. Com todos os módulos no solo inicia-se
o processo de localização dos estágios e principalmente da cápsula dentro da
coifa. Os estágios pousam não muito longe do local de lançamento, já a coifa
pode pousar distante e por este motivo conta com dispositivos de rastreamento
por sinal de rádio VHF / UHF e GPS.
Foto de Mateus Vieira, 2019.
Um drone pode ser utilizado para varreduras aéreas em busca do
local de pouso da cápsula e dos módulos, o que fornece ao pessoal no solo
informações sobre o acesso ao local onde deve ser feito o resgate.
Foto de Rodrigo Justen, 2019.
Após o resgate de todos os módulos, a operação de lançamento é
encerrada, os alunos cuidam da desmontagem dos equipamentos e da logística de
volta para o laboratório. Um debriefing pode ser realizado entre todos para
avaliar o sucesso da missão ou razões pelas quais isto não aconteceu,
possibilitando que a fase de análise do ciclo PDCA possa ser executada.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019
Quem Apoiou o Projeto do FDT Tereshkova
Toda a tecnologia empregada no FDT foi 100% desenvolvida na
FEAU/Univap, com total apoio da universidade e da FAPESP. Foram utilizados
diversos laboratórios da FEAU e do IP&D (Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento da Univap).
O projeto contou com patrocinadores como a VidalProteção que
forneceu gratuitamente à equipe todo o EPI utilizado, a Rellevo
Engenharia/Flashforge BR que contribuiu com a impressão de peças avançadas em
impressoras 3D e a New Life Estamparia que confeccionou a preço mais baixo os
uniformes da equipe.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019.
Pesquisa de Alto Rendimento
A série de pesquisas desenvolvidas pelos alunos do Laboratório de
Jato Propulsão resultaram não só no foguete construído como também em diversos
artigos científicos, dos quais 7 foram aprovados para apresentação no XXIII
INIC (Encontro Latino Americano de Iniciação Científica), evento anualmente
organizado pela Universidade de Vale do Paraíba e de destaque internacional.
Fonte: Os Autores, 2019
Os alunos puderam ver os resultados de seus trabalhos não só na
forma de um produto que foi construído e lançado por eles como também na forma
de artigos acadêmicos publicados e apresentados. Alguns alunos escreveram seus
primeiros artigos e foram introduzidos à escrita técnica-científica e à forma
de apresentação de trabalhos.
Fonte: Acervo da Bravo Rocket Team, 2019.
Para Vanessa de Souza, que apresentou seu primeiro artigo
acadêmico durante o XXIII INIC, o projeto do FDT Tereshkova foi uma
oportunidade de colocar a mão na massa durante a construção de um projeto: “No
projeto Tereshkova eu tive oportunidade de colocar a mão na massa literalmente:
“Posso dizer que acompanhei diversas reuniões e testes, tudo pra que no dia do
lançamento tivéssemos o mínimo de erros possíveis. E mesmo assim todos vimos o
quão difícil é lidar com situações inesperadas.”
Quem Fez o FDT Tereshkova
Foto de André Toledo, 2019.
DIVISÃO INTEGRANTES
DCP - Combustão e Propulsão
Silas Matos, Prof. Me.
Douglas Ferreira N. P., Cap. de Divisão
Nikole Lima de Oliveira
Milena Gomes R. da Silva
Fabiana Fernandes Farfan
Gustavo Freitas de Souza
Gabriela de Paula Vilela
Marcela Moreira S. Ferreira
Lucas M. de Oliveira Mendes
DAR - Aerodinâmica e Recuperação
Heidi Korzenowski, Profa. Dra.
Kelly S. Marinho, Cap. de Divisão
Weslan Jovino da Silva
Mirela Ponce Biaseto
DEC - Eletrônica e Computação
Alessandro Corrêa Mendes, Prof. Dr.
Vinicius Amaro Bueno, Cap. de Divisão
Pedro Golobovante
Polyane O. Ribeiro Lima
João Victor Feo Lima
Arthur G. C. Menezes Costa
Luiz Mário A. Brandão Jr.
Nikole Korres Borges
Thiago Leite Goulart Braga
Wilton Jaques de Souza Jr.
Gabriel P. Araújo Muniz
Kevin Rodrigues
DCE - Cargas e Estruturas
Vilian Sinka, Prof. Dr.
Carla Soares Vieira, Cap. de Divisão
Marcos Vinicius C. Miranda
Vanessa Viviane de Souza
Dayana N. Gomes da Silva
Nathan José El Khouri
Jônatas J. Monteiro da Silva
Elner Crystian Santos
Cecilia Maia Corsato
Caroline de Vasconcelos Castro
Capitão-Geral
Bruno Marques Carvalho
Chefe de Operações
Mateus de Paula Vieira
Chefia do LJP
Silas Camargo de Matos, Prof. Me.
Referências
* KHOURI, N. J. E. Acervo Pessoal, São José dos Campos, 2019.
* MIKKELSEN, M. T. Soyus Rocket Launch Baikonur, Baikonur, 2010.
Disponivel em: https://www.flickr.com/photos/martintrolle/albums/72157624152196106>.
Acesso em: 2019.
* BRAVO ROCKET TEAM. Acervo, 2019.
* TEITEL, A. S. Why Were There Holes in the Titan Rocket that
Launched NASA's Gemini
Missions?, 13 maio 2016. Disponivel em: <https://www.popsci.com/why-were-there-holes-in-titan-rocket-that-launched-nasas-gemini-missions/>.
Acesso em: 27 julho 2018.
* TOLEDO, A. L. D. Acervo Pessoal, São José dos Campos, 2019.
* VIEIRA, M. D. P. Acervo Pessoal, São José dos Campos, 2019.
* ZONFRILLI, S. Acervo Pessoal, São José dos Campos, 2019.
Fonte: Site do Blog Orbis Defense – https://orbisdefense.blogspot.com
Comentário: Pois é leitor, a equipe ‘Bravo Rocket’ está realmente de
parabéns por grande esse feito, bem como o próprio ‘Blog Orbis Defense’ por ter
realizado essa interessantíssima cobertura, que reconheço, nem eu teria feito com
tanta qualidade. Parabéns a todos envolvidos nesta missão, Well Done galera, e
que sirva de referencia para outras equipes universitárias do país. Quero aqui
lembrar inclusive leitor (pois talvez alguns desse alunos da equipe ‘Bravo Rocket’
não saibam) que a UNIVAP é uma das universidades pioneiras no desenvolvimento
de foguetes e motores-foguetes. Retornando ao já longínquo ano de 2006 (veja aqui) um grupo de alunos desta universidade do interior paulista iniciou
estudos na área de Propulsão Híbrida, estudos estes que resultaram no
desenvolvimento de um foguete Híbrido denominado de “OBERON”, foguete este que até
novembro de 2007 já havia feito duas campanhas de lançamento (leia a matéria).
Bom é isso galerinha da UNIVAP, porém queria aqui deixar uma sugestão a vocês e
a todas as equipes universitárias do país. Eu até acho que é louvável essa
coisa de nomear seus foguetes com nomes históricos da astronáutica mundial, mas
vocês não acham que já está na hora de homenageamos nossos heróis??? Poxa tem
tanta gente aí que poderia ser homenageada tanto do Programa Espacial
Brasileiro como do Foguetemodelismo Brasileiro. Exs: Paulo Morais Jr., Prof.
José Felix Santana, Cap. Basílio Baranoff, Dr. Jayme Boscov, os 21 de Alcântara
e tantos outros, é só pesquisar um pouquinho, valeu????
Parabéns à equipe Bravo.
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