Planetas Anões Tão Intrigantes Quanto Plutão — e Que Merecem Mais Estudos

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada ontem (11/02) no site “Canaltech” destacando que Planetas Anões são tão intrigantes quanto Plutão e merecem mais estudos. 

Duda Falcão

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Planetas Anões Tão Intrigantes Quanto Plutão — e Que Merecem Mais Estudos 

Por Felipe Ribeiro
Com colaboração de Patricia Gnipper
Canaltech
Fonte: Discover Magazine
11 de Fevereiro de 2020 às 09h54

Quando a sonda New Horizons, da NASA, alcançou Plutão em 2015, a polêmica sobre o rebaixamento do antigo nono planeta do Sistema Solar voltou com força. Reclassificado como planeta anão em 2006, Plutão foi palco de grandes descobertas e fez com que não somente a comunidade científica, como também o público geral, se admirasse com sua complexidade geológica, repleta de cadeias montanhosas e congeladas.

E, além de desbravar com mais profundidade o ex-planeta, a sonda espacial em questão também nos abriu as portas para descobrirmos mais sobre o Cinturão de Kuiper, região além de Netuno e da qual Plutão faz parte (ao lado de uma imensidão de outros pequenos mundos). Ali, há corpos que também foram classificados como planetas anões e que podem ser tão complexos e intrigantes quanto Plutão, o mais famoso do pedaço. Ainda, existem vários outros aguardando uma classificação oficial e que são fortes candidatos a serem chamados de planetas anões — como é o caso do objeto RR245, além dos recentemente descobertos Farout e The Goblin.

(Foto: NASA)
Plutão e sua maior lua, Caronte, registrados pela New Horizons em 2015.

Por enquanto, a União Astronômica Internacional (IAU, em inglês), responsável por classificar oficialmente os corpos celestes, reconhece apenas cinco planetas anões no Sistema Solar: Ceres, Eris, Haumea, Makemake e, claro, Plutão. Mas astrônomos continuam descobrindo e elegendo novos candidatos a planeta anão a todo instante, e é justamente no Cinturão de Kuiper que estão vários deles. Esses pequenos mundos são apelidados de "plutoides", definição que serve para qualquer corpo espacial que, ao mesmo tempo, seja um planeta anão e um objeto transnetuniano (localizado além de Netuno). Contudo, nem todo planeta anão pode ser chamado de plutoide: Ceres, por exemplo, não fica no Cinturão de Kuiper — ele está situado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.

Mas, enquanto Ceres já foi visitado pela sonda Dawn — missão da NASA encerrada em 2018 —, tendo muitos de seus mistérios desvendados, os plutoides ainda são um tanto quanto desconhecidos por nós, porque não chegaram a ser estudados com o mesmo empenho que foi dedicado a Plutão. Nenhum deles recebeu uma sonda espacial para estudá-los de pertinho, como a NASA fez com o ex-planeta na missão New Horizons, e tudo o que sabemos a respeito deles é fruto de observações feitas daqui da Terra, por meio de telescópios baseados no solo ou posicionados na órbita — que não renderam imagens muito nítidas.

Isso, porém, deve mudar em breve, já que há toda uma nova geração de grandes e poderosos telescópios sendo construídos no momento em locais como Chile e Havaí, capazes de fornecer mais detalhes sobre esses mundos e, com isso, poderão ajudar a estimular a comunidade espacial a se interessar mais por esses corpos.

(Foto: NASA)
Ceres, que foi "promovido" de asteroide para planeta anão, foi estudado pela sonda Dawn.

Com tudo isso em mente, listamos, nesta matéria, alguns desses mundos que não preenchem todos os requisitos para serem considerados planetas, mas que são intrigantes e possivelmente complexos o suficiente para despertar a curiosidade de cientistas e entusiastas ao redor do mundo. 

Mas, antes, o que é um planeta? E por que Plutão e seus colegas não fazem parte desta categoria? 

Com as mudanças impostas pela IAU em 2006, ficou definido que o Sistema Solar tem três categorias principais de objetos. A primeira é a dos planetas, que, para serem considerados como tal, precisam, necessariamente, orbitar o Sol (sem serem satélites naturais de outros mundos), devem ser esféricos, e não podem compartilhar sua órbita com outros objetos significativos. Já planetas anões são aqueles mundos cuja gravidade é intensa o suficiente para manter um formato circular, mas não forte o bastante para limpar a vizinhança em torno de sua órbita — e eles também não podem ser satélites naturais de outros mundos, claro. Por fim, vem a categoria de pequenos corpos, abrigando os demais objetos que orbitam o Sol, o que inclui luas e asteroides.

E, bem, Plutão, apesar de ser esférico, orbitar o Sol e não ser satélite natural de outro mundo, não conta com uma atração gravitacional intensa o suficiente para que ele consiga limpar sua vizinhança. Ele está, como já mencionamos neste texto, no Cinturão de Kuiper, em meio a uma imensidão de outros objetos — incluindo seus irmãos plutoides. É o mesmo caso de Ceres, que fica em meio a um montão de asteroides entre Marte e Júpiter. 




Agora que essa questão está devidamente explicada, vamos à lista de planetas anões (e candidatos a esta categoria) que merecem seu lugar ao Sol (com o perdão do trocadilho) em meio aos tantos objetos interessantes do nosso sistema: 

Eris 

Imagem: ESO/L. Calçada and Nick Risinger

O planeta anão Eris foi descoberto em 2005 e é considerado o primeiro desses plutoides que citamos acima. As medições iniciais mostraram que Eris era maior em diâmetro que Plutão, tendo até mesmo uma lua ao seu redor. Mas, com a passagem da sonda New Horizons pela região, descobriu-se que Eris era menor que o previsto, porém tinha mais massa, o que é bastante curioso. 

2007 OR10 

Imagem: NASA

Tal qual outros pequenos mundos do Cinturão de Kuiper, o OR10, descoberto em 2007, faz um passeio quase que interminável pelo nosso Sistema Solar. Um ano neste candidato a planeta anão dura 550 anos terrestres.

Os cientistas ainda não têm certeza sobre seu diâmetro, mas estimativas apontam para cerca de dois terços do tamanho de Plutão. Isso deixa o 2007 OR10 como o maior mundo ainda sem nome no Sistema Solar, embora uma votação online realizada no ano passado sugeriu o nome Gonggong, em homenagem a um deus chinês conhecido por semear o caos.

De pé na superfície, o chão gelado pareceria escuro e vermelho, como Plutão. De fato, o 2007 OR10 é um dos mundos mais vermelhos que os astrônomos conhecem. Essa tonalidade avermelhada sugere a presença de compostos orgânicos complexos que eles chamam de tholins, descobertos por Carl Sagan. Esses componentes se formam quando a luz ultravioleta atinge moléculas ricas em carbono, como o metano. A substância alcalina é encontrada em Plutão e provavelmente existe em mundos em todo o Cinturão de Kuiper. Ainda, este objeto também tem gelo de água em sua superfície, o que o torna um ótimo candidato a estudos mais aprofundados. 

Makemake 

Imagem: NASA/SwRI/Alex Parker

Este mundo frígido, que ganhou o nome de um deus Rapanui da Ilha de Páscoa, está entre os maiores objetos conhecidos no Cinturão de Kuiper. As temperaturas da superfície em Makemake são bem parecidas com as de Plutão, chegando a –230ºC. Um ano por lá dura cerca de 300 anos terrestres.

O pouco que se sabe sobre a superfície de Makemake sugere que o planeta anão está coberto de gelo, enquanto sua lua, MK2, é tão escura quanto o carvão. Algumas pesquisas sugeriram que este mundo também está cheio de bolhas de metano com até meia polegada de diâmetro. 

Sedna 

Imagem: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt

Sedna é um dos objetos mais vermelhos do Sistema Solar e possui uma das órbitas mais estranhas. O candidato a planeta anão leva aproximadamente 11.400 anos para circular o Sol e é considerado por muitos cientistas como a descoberta mais importante da região pós-Netuno.

A órbita de Sedna indica ser improvável que ele tenha se formado onde está agora. Uma possibilidade é que uma estrela tenha passado perto do Sistema Solar há muito tempo, empurrando Sedna para fora da Nuvem de Oort (nos limites do nosso sistema) e então colocando-o onde ele está agora. É difícil adivinhar a aparência de sua superfície, porque ainda faltam observações para que astrônomos deem seus palpites. 

Quaoar 

Imagem: NASA and G. Bacon (STScI)

Descoberto há duas décadas, Quaoar tem apenas a metade do diâmetro de Plutão, o mesmo tamanho de sua lua Caronte, também desvendada pela New Horizons. Este mundo está orbitando o Sol a 42 unidades astronômicas, ou seja, 42 vezes a distância da Terra para a estrela.

Astrônomos já detectaram gelo de água por lá e outros cientistas afirmam que a superfície, que aparenta ser brilhante, pode ter vulcões de gelo, o que indica uma atividade geológica recente em termos espaciais. 

Orcus 

Imagem: California Institute of Technology

Alguns chamam Orcus (ou Orco) de "anti-Plutão" por conta de suas muitas semelhanças, mas órbitas opostas. Quando ele está no ponto mais distante do Sol, Plutão fica em seu ponto mais próximo da nossa estrela.

Assim como Plutão, Orcus também possui uma grande lua, chamada Vanth, que pode ser a terceira maior lua situada depois dos limites de Netuno. A órbita desse satélite fica a uma distância desconfortável de nove mil quilômetros — o próprio planeta anão tem apenas cerca de 900 quilômetros de diâmetro.

Além disso, a dupla Orcus e Vanth possui superfícies bem distintas. Enquanto Vanth tem uma tonalidade avermelhada comum aos objetos do Cinturão de Kuiper, Orcus tem uma superfície muito mais clara com sinais de gelo de água.


Fonte: Site Canaltech -  https://canaltech.com.br 

Comentário: Pois é leitor, eu também acho que esses mundos estranhos devam ser estudados e particularmente sou fascinado pelo Planeta-Anão Ceres, e até defendo uma missão espacial brasileira para este fascinante objeto de nosso sistema solar. Acredito que se houvesse realmente compromisso do Governo Brasileiro com o desenvolvimento espacial do país, uma missão como esta seria um grande desafio para ciência e tecnologia brasileira, bem como uma boa opção para se realizar algo realmente significativo e marcante no espaço. Um consorcio formado por instituições acadêmicas brasileiras sob a coordenação do INPE/LNA (quem sabe também com a participação de algumas startups) poderiam desenvolver uma missão composta por um orbitador e um pequeno rover que realizasse pesquisas na superfície deste curiosíssimo planeta-anão. Ficção científica???? Talvez sim pela histórica falta de compromisso do governo com o desenvolvimento espacial brasileiro, porém não por falta de competência científica no país para tanto, pois acredito fielmente em nossos pesquisadores e na experiência científica e tecnológica já adquirida em nossos institutos, universidades, startups e também por nossos pesquisadores exportados para outros países com histórico de participações em missões deste tipo. É só ter atitude, visão, comprometimento, sob uma gestão séria e competente e aglutinar esforços em torno desse objetivo que num prazo de 5 a 7 anos, ou talvez até menos, o país estaria fazendo história. Enfim leitor, nada feito de diferente naqueles países que já realizaram conquistas extraordinárias no espaço, mas algo tremendamente diferenciado para nós e o nosso pífio programa espacial, sendo hoje a piada histórica do nosso veículo lançador um grande exemplo disso.

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