Objeto Arrokoth Oferece Novas Pistas Para Entendermos a Formação Planetária
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (14/02) no site “Canaltech”
destacando que o Objeto Arrokoth (anteriormente chamado de Ultima
Thule) oferece novas pistas para entendermos a Formação Planetária.
Duda Falcão
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Objeto Arrokoth Oferece Novas Pistas Para Entendermos a Formação
Planetária
Por Daniele Cavalcante
Canaltech
Fonte: NASA
14 de Fevereiro de 2020 às 21h00
A sonda New Horizons continua sua missão de explorar um
pequeno objeto - o Arrokoth (anteriormente apelidado pela NASA
de Ultima Thule), localizado no Cinturão de Kuiper, o anel de rochas espaciais
além da órbita de Netuno. Essa é uma extensão da missão que estava prevista
para acabar em 2015, mas continua revelando muito sobre como os planetas
nascem.
Em 1 de janeiro de 2019, a New Horizons deu um zoom a
3.540 quilômetros de Arrokoth, um pedregulho de 36 km de largura. Este foi o
sobrevoo interplanetário mais distante da história dos voos espaciais. Arrokoth
está a 6,6 bilhões de km da Terra, cerca de 1,6 bilhões de km mais longe que
Plutão.
Estudos Iniciais
Arrokoth é bastante exótico. As observações da sonda
revelaram uma coloração vermelha e um formato composto por dois corpos que se
fundiram, ambos surpreendentemente achatados. Ele é considerado um binário de
contato - um corpo formado por dois objetos que lentamente gravitaram um em
direção ao outro até colidirem e se fundirem. Por isso Arrokoth parece um
boneco de neve espacial, só que meio deformado.
Isso significa que Arrokoth seria um corpo primordial, ou
seja, ou planetesimal, que seria a fase inicial da formação de um planeta. Tudo
isso foi a sugestão de um estudo apresentado pela equipe da New Horizons em
maio de 2019, após o sobrevoo da sonda por lá. E parece que essa dedução
resistiu ao teste do tempo.
É que a equipe da missão publicou três novos artigos
sobre o Arrokoth na última quinta-feira (13), dessa vez com 10 vezes mais dados
do sobrevoo. No estudo do ano passado, toda essa quantidade de informações
ainda não estava disponível, mas agora os cientistas puderam se debruçar sobre
esse volume de dados e concluir o estudo. Os resultados confirmam e ampliam as
primeiras conclusões sobre o Arrokoth e descrevem a história da origem do
objeto.
De acordo com o pesquisador principal da New Horizons,
Alan Stern, co-autor dos três novos estudos, "Arrokoth nos contou como os
planetesimais se formam e, portanto, foi um grande avanço em nossa compreensão
da formação de planetas".
Duas Teorias
Uma teoria mais antiga sobre a formação planetesimal é
chamada "acréscimo hierárquico", e postula que esses “blocos de
construção” planetários são criados ao longo do tempo por colisões em alta
velocidade de objetos vindos de vários lugares. Em contrapartida, uma nova
teoria surgiu no início deste século, e sugere a formação por colapso de
nuvens.
Houve um debate considerável entre os defensores das duas
teorias nas últimas duas décadas. Mas os três novos estudos sobre Arrokoth
apresentam fortes evidências para um dos lados da discussão ganhar mais força.
"Com Arrokoth, existem meia dúzia de linhas de evidência que apontam para
o colapso de nuvens, e você não pode explicá-las com acréscimo
hierárquico", disse Stern.
Em um dos novos artigos, pesquisadores liderados por
William McKinnon descrevem uma modelagem computacional detalhada dessa fusão.
As simulações indicaram que os dois lóbulos do objeto provavelmente se formaram
a partir da mesma nuvem de material, tornaram-se um objeto binário que se
uniram de maneira lenta e não destrutiva. Os modelos determinam uma velocidade
máxima de 15 km/h para essa colisão acontecer com sucesso.
Esse cenário é reforçado ainda mais pelo alinhamento
geométrico dos dois lóbulos de Arrokoth. Isso sugere que a dupla de rochas,
quando separadas, orbitava o mesmo centro de massa.
Outro dos novos estudos, liderado por John Spencer,
analisa a geologia e geofísica de Arrokoth, que também apontam para uma origem
de colapso das nuvens. Por exemplo, a densidade de crateras em Arrokoth indica
que o objeto é antigo, com uma superfície de no mínimo 4 bilhões de anos.
No terceiro artigo, Will Grundy e seus colegas investigaram
a composição de Arrokoth e descobriram que o objeto é frio e extremamente
vermelho, com gelo de metanol e materiais orgânicos contendo carbono em sua
superfície quase homogênea. Esses orgânicos complexos provavelmente são
responsáveis pelo tom vermelho do objeto, escreveram os pesquisadores. Isso
também é consistente com a teoria do colapso das nuvens.
Outros especialistas concordam que os estudos apontam
para a teoria do colapso das nuvens. Um deles é o professor de astronomia
Anders Johansen. "Na teoria da acumulação de seixos, a formação de
planetas acontece à medida que os maiores planetesimais continuam a crescer
acumulando seixos", explica Johansen.
Para ele, “o fato de Arrokoth se formar a partir de uma
nuvem de seixos pode significar que os núcleos sólidos dos planetas gigantes -
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - se formaram a partir de grandes
planetesimais que continuaram a acumular seixos. E talvez até os planetas
terrestres do Sistema Solar deva sua existência ao acúmulo de seixos”.
Mas nada disso pode ser considerado definitivo, já que
Arrokoth, ainda que representativo da maioria dos planetesimais, não representa
todos. Mas é provável que sua formação seja a mais comum, já que é semelhante a
outros objetos do Cinturão de Kuiper em tamanho, cor e refletividade, disse
Stern. Além disso, são poucas as chances de que a New Horizons se deparasse um
objeto cósmico atípico tão aleatoriamente.
Fonte: Site Canaltech -
https://canaltech.com.br
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