Artigo: Vai, Aldebaran!
Olá
leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo
um artigo postado dia (30/05) na ‘Coluna
do Kardec’ do site ‘Imirante.com’,
tendo como tema (segundo o autor) o avanço das atividades espaciais no Estado do Maranhão e em especial em
relação ao projeto do ‘Nanossatélite Aldebaran
I’ da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA).
O autor do
artigo inclusive anuncia que o ‘Nanossatelite
Aldebaran I’ será lançado através do segundo lançamento do foguete da
startup sul-coreana Innospace que, segundo já foi anunciado, deverá ocorrer do Centro Espacial de Alcântara (CEA) em 2023. Hummmmm,
será mesmo??????
Brazilian
Space
COLUNA DO KARDEC
Vai, Aldebaran!
Relatamos aqui
iniciativas maranhenses pra participação no Programa Espacial Brasileiro
Por Allan
Kaderc*
30/07/2022
“Qual
trecho do Acordo em que o Brasil entrega Alcântara para os Estados Unidos?”.
Silencio obsequioso... O colega não respondeu, e em seguida reconheceu que não
tinha lido o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), que era o tema do
debate.
Para quem
não lembra, o AST foi assinado em 2019, entre o Brasil e os Estados Unidos, e
versa sobre as atividades espaciais e o Centro Espacial de Alcântara (CEA). Sua
essência é o óbvio: proteção da propriedade intelectual de quem a produziu,
algo consolidado e comum entre empresas ou Estados, há várias décadas.
O fato é
que o Maranhão, de forma organizada, está entrando na área espacial. Senão,
vejamos. A UFMA criou o curso de graduação em engenharia aeroespacial e, também,
junto com a UEMA, UFRN, UFPE e INPE, também criou o mestrado em engenharia
aeroespacial. O primeiro fora do eixo Rio-São Paulo!
A educação
é revolucionária! Ela reverte o velho status quo, que é de manter os povos na
periferia, e os incluir, fazendo-se respeitar. É o único caminho para a
revolução verdadeira. Se usada com estratégia, desestabiliza a História e
implode os muros que separam os pobres dos ricos, garantindo soberania a um
povo.
Por outro
lado, não havia sentido em um país investir na área espacial desde 1985 e a
formação na área ser toda abaixo do paralelo 16, ou, mais precisamente, ao sul
de Brasília. Até 2017, existiam seis cursos de graduação na área. Enquanto
isso, os lançamentos se concentravam ou em Natal/Parnamirim, no Centro de
Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), ou em Alcântara, no CEA. O mesmo
servia para a pós-graduação, basicamente concentrada no polo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA/DCTA) e INPE.
E a
população do entorno? Enquanto no Rio Grande do Norte, há o INPE e uma certa
formação acadêmica no setor, no Maranhão, o CEA era uma incógnita, um mundo
distante, ausente. Distância reforçada pelo “Boqueirão” que vive no imaginário
dos habitantes de São Luís, como uma dificuldade a mais na travessia da ilha
para o continente alcantarense. As ondas são agressivas e intensas naquela área
quando entramos em agosto e setembro.
A
participação da sociedade veio a ser organizada pela Federação das Indústrias
do Estado do Maranhão (FIEMA), com o grupo “Pensar o Maranhão”, que inclui as
universidades (UFMA, UEMA e IFMA), a AEB, o próprio CEA, os sindicatos e vários
pensadores do Estado, além dos governos Federal, Estadual e municipal, representado
pelo saudoso Padre William. Essa mobilização participou fortemente na
construção do Programa de Desenvolvimento Integrado para o Centro Espacial de
Alcântara (PDI-CEA), envolvendo entidades nacionais.
A outra
novidade é que a Innospace, uma startup espacial sul-coreana, veio ao Maranhão
e, durante a visita, anunciou que pretende realizar seu primeiro lançamento
suborbital em dezembro desse ano, partindo de Alcântara. A empresa – asiática, enfatiza-se
– vai testar o HANBIT-TLV, um foguete com cerca de 16 metros de altura, basicamente
um prédio de cinco andares.
No segundo
lançamento, uma das cargas será o Aldebaran. Deixe-me apresentá-lo. Ele é um
nanossatélite, de tamanho um pouco menor que uma caixa de sapatos, desenvolvido
por pesquisadores da UFMA, liderados pelos professores Luís Cláudio, Braga
Júnior e Carlos Brito.
Em 1612, o
missionário capuchinho francês Claude d’Abbeville passou quatro meses com os
Tupinambás do Maranhão e publicou em Paris, em 1614, um livro interessantíssimo
intitulado “História da missão dos padres capuchinhos na ilha de Maranhão e
terras circunvizinhas”, um dos vívidos relatos da fundação de São Luís. Ele
mostra que os Tupinambás conheciam e estudavam as constelações e as
relacionavam com os eventos naturais. Entre as constelações, estava Tainahakan,
que significa a “queixada da anta”, pelo seu desenho no céu, e incluía a nossa
Aldebaran.
Essa pequena
caixinha já deu frutos, a partir dos esforços conjuntos da AEB e da UFMA, sob a
batuta do Professor Luís Cláudio: um doutorado, do José de Ribamar Fonseca, e
um mestrado, do Edeilson Pestana, ambos sob a nossa orientação. Para os
Tupinambás, o aparecimento de Aldebaran anunciava que as chuvas estavam
chegando, o que era motivo de alegria. Agora ela vai virar uma estrela mais
próxima, nos céus do Brasil, girando em torno do Mundo. Vai, Aldebaran!
* Allan
Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor
titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.
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