Espaçonave Orion: Saiba Tudo Sobre Esta Magnífica Espaçonave do Nosso Retorno à Lua
Olá leitores e leitoras do BS!
Trago agora para vocês uma interessante matéria postada ontem
(23/08)
no site ‘Olhar Digital’, trazendo mais
informações sobre a ‘Espaçonave Orion’ que será usada na Missão Artemis I. Vale
a pena conferir.
Brazilian Space
CIÊNCIA E ESPAÇO
Saiba Tudo Sobre a Cápsula Orion, a Espaçonave Que Vai
Levar Astronautas à Lua
Por Flavia Correia
23/08/2022 - 11h33
Atualizada em 23/08/2022 11h42
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Um componente chave do programa Artemis – que visa não apenas estabelecer
novamente a presença humana na Lua, mas fazer isso de forma sustentável – é o
veículo da tripulação, a cápsula Orion, que reúne mais de cinco décadas de
ciência espacial da NASA.
Imagem: NASA/Divulgação
Ilustração 3D da cápsula Orion em órbita. A espaçonave foi projetada no início dos anos 2000 e, finalmente, vai voar rumo à Lua na próxima segunda-feira (29). |
O grande e principal teste da
espaçonave acontece na próxima segunda-feira (29), quando o foguete mais poderoso
já construído pela humanidade – o Sistema de Lançamento Espacial (SLS) – vai
impulsioná-la para mais longe do que qualquer outra nave desenvolvida para
transporte de astronautas jamais esteve.
Após esse ensaio, denominado
missão Artemis 1 (um voo não tripulado), a cápsula assume o importante papel de
levar a humanidade para a próxima era de exploração espacial.
“A espaçonave Orion é a cápsula
que levará astronautas e cargas científicas para a Lua”, disse Madison E.
Tuttle, especialista em assuntos públicos do Centro Espacial Kennedy, da NASA,
em entrevista ao site Space.com. “Servindo como o veículo de exploração
que levará tripulantes ao espaço, fornecerá capacidade de abortamento de
emergência, sustentará a tripulação durante as viagens espaciais e fornecerá
uma reentrada segura no retorno do espaço profundo, ela é construída para levar
os humanos mais longe do que nós já fomos antes”.
Como é a Cápsula Orion
Oficialmente intitulada Orion
Multi-Purpose Crew Vehicle (Veículo de Tripulação Multiuso Orion, em
tradução livre), a cápsula Orion tem três componentes principais. De cima para
baixo, esses componentes são:
1. O sistema de abortamento de
lançamento, projetado para levar a embarcação e a tripulação de modo seguro em
caso de algo dar errado no lançamento;
2. O módulo da tripulação, com
cinco metros de diâmetro e equipado com os mais recentes avanços tecnológicos
em habitação, aviônica e suporte de vida;
3. O módulo de serviço
fornecido pela Agência Espacial Europeia (ESA), encarregado de fornecer
oxigênio, água e energia elétrica convertida da energia solar coletada por três
painéis de captação.
A espaçonave foi concebida pela
empresa Lockheed Martin, no início dos anos 2000, para o programa Constellation,
da NASA, projetado para levar tripulações e cargas para a Estação Espacial
Internacional (ISS), além de devolver humanos à Lua, com a Orion assumindo o
posto dos ônibus espaciais.
Depois que o programa Constellation
foi cancelado, em 2010, bem como o foguete Ares 1, que estava originalmente
programado para enviar a cápsula Orion ao espaço, apenas ela sobreviveu ao
projeto, tendo a retomada de sua produção anunciada pela NASA no ano seguinte –
com a Lockheed Martin assumindo a liderança na construção do módulo de comando
da nave.
Em 2012, a ESA anunciou a
possibilidade de uma colaboração com a NASA para fornecer um módulo de serviço
que pudesse ser emparelhado com a Orion. No mesmo ano, a construção desse
módulo de serviço foi concedida à Airbus Defense and Space.
No ano de 2020, havia pelo
menos três versões diferentes da Orion em produção, com a Lockheed Martin
informando que seis missões tinham sido formalmente acordadas com a NASA com o
uso da espaçonave.
Segundo a NASA, o financiamento
da Orion até aquele ano estava em quase US$19 bilhões, o que, ajustado pela
inflação, corresponde a cerca de US$21,5 bilhões atualmente (mais de R$110
bilhões).
Orion Já Foi Lançada ao
Espaço Antes
A missão Artemis 1 não será o
primeiro voo de uma cápsula Orion. Um modelo da espaçonave já foi ao espaço em
outra ocasião, com o objetivo de testar seus componentes e sistemas.
Em dezembro de 2014, ela foi
lançada no topo de um foguete Delta Heavy, da United Launch Alliance (ULA), em
um voo de curta duração para coletar dados sobre o seu desempenho. O chamado
Voo Teste de Exploração-1 (EFT-1) durou 4h24min e terminou com um pouso da
cápsula no Oceano Pacífico.
Imagem: NASA
Depois disso, ela já passou por
testes acústicos de campo direto (técnica que submete as estruturas
aeroespaciais a ondas sonoras criadas por uma matriz de drivers acústicos) e
várias simulações de pouso.
No ano passado, Orion foi acoplada ao foguete SLS, e, agora, está pronta para seu
teste mais significativo.
“Todo esse trabalho se junta
formando o foguete mais poderoso já construído, que lança a nave espacial de
tripulação mais sofisticada já construída”, disse a gerente de programas
associados do SLS, Sharon Cobb. “Representa a engenhosidade e a dedicação
humana, e é algo do qual todos podemos nos orgulhar”.
Segundo Tuttle, a missão
Artemis1 vai testar todos os sistemas da cápsula e as modificações feitas
após o teste de 2014. “É fundamental garantir que Orion possa decolar e pousar
com segurança antes das missões com astronautas a bordo”.
Como Será o Voo de Teste
Artemis 1
O SLS com a cápsula Orion no
topo vai decolar com um par de propulsores de cinco segmentos e quatro motores
RS-25, entregando 3,9 milhões de kg de impulso. Tuttle explicou que a potência
do SLS faz dele o único veículo de lançamento capaz de levar a nave Orion em
sua viagem à Lua e ao espaço profundo.
Ao atingir uma altitude de
cerca de 160 km acima da Terra, o SLS lançará seus propulsores e painéis de
módulos de serviço, e a Orion lançará seu sistema de abortamento de lançamento.
Assim, os motores do estágio central serão desligados, e o SLS vai se separar
da cápsula.
Imagem: NASA
Cápsula Orion no topo do Sistema de Lançamento Espacial (SLS), o megafoguete da NASA construído para levar a humanidade de volta à Lua e além. |
À medida que orbita a Terra,
cerca de duas horas após o lançamento, o Estágio Interino de Propulsão
Criogênica (ICPS) do estágio superior do foguete dá à nave Orion o impulso
final necessário para alcançar a Lua.
Impulsionada por seu módulo de
serviço, Orion viajará a 450 mil quilômetros da Terra. Durante esse tempo, os
engenheiros da NASA estarão monitorando a espaçonave pela Deep Space Network,
testando sua capacidade de navegar, se comunicar e operar em um ambiente de
espaço profundo.
Os sistemas serão verificados
durante a viagem de vários dias a 100 km acima da superfície lunar. Orion então
usará a influência gravitacional da Lua para impulsionar-se mais fundo no
espaço, estabelecendo-se em uma órbita a cerca de 64 mil quilômetros do nosso
satélite natural.
Depois de cerca de seis dias
nessa órbita, a cápsula usará novamente um sobrevoo próximo da Lua para
acelerar de volta à Terra. Ela vai reentrar na atmosfera a 40.200 km/h,
experimentando temperaturas de quase 2.800 graus Celsius, estando protegida
pelo maior escudo térmico do mundo (com cinco metros de diâmetro), localizado
na base do módulo da tripulação.
A reentrada segura e o pouso
preciso na costa da Califórnia representam o teste final da espaçonave, cuja
única parte que chegará à Terra novamente é o módulo da tripulação.
Nesse voo teste, previsto para
durar 42 dias, a cápsula Orion vai percorrer mais de 2,1 milhões de
quilômetros, batendo o recorde de tempo que qualquer veículo projetado para
transportar humanos já esteve no espaço sem atracar em uma estação espacial.
Seguindo a missão Artemis 1, o
próximo grande teste da nave Orion será o voo Artemis 2, que representará a
primeira vez que a cápsula voará com tripulantes a bordo. Na ocasião, será
percorrido o mesmo trajeto do voo não tripulado.
Mais tarde, com a missão
Artemis 3, que está prevista para 2025 ou 2026, a cápsula finalmente pousará no
polo sul da Lua, levando a primeira mulher e a primeira pessoa preta da
história a pisar em solo lunar.
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