As "Cinco Irmãs" no Setor de Defesa [e Espaço]
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo escrito pelo companheiro André
Mileski e postada ontem (28/07) no seu blog “Panorama Espacial”, dando destaque
as “Cinco Irmãs” no setor de Defesa e Espaço.
Duda Falcão
As "Cinco Irmãs" no Setor de Defesa [e Espaço]
André Mileski
28/07/2013
Na coluna "Defesa & Negócios" da edição n.º
133 da revista Tecnologia
& Defesa, que está nas bancas, há um pequeno artigo com uma análise
sobre o interesse das grandes empreiteiras brasileiras pelo setor de defesa,
que se estende para o setor espacial (em particular depois da edição do
Programa Estratégico de Sistemas Espaciais - PESE, e do projeto do Satélite
Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas - SGDC). Reproduzimos o
artigo a seguir, com algumas atualizações obtidas após o seu fechamento no
último mês de junho:
As "Cinco Irmãs" no Setor de Defesa
André M. Mileski
Nas últimas décadas, as maiores construtoras brasileiras
têm tido papel de grande relevância no desenvolvimento do País, atuando não
apenas na construção civil e gerenciamento de grandes obras de infraestrutura,
mas também em setores considerados estratégicos, como os de energia, petróleo e
gás, petroquímico, comunicações, naval e serviços públicos, entre outros. No
final de 2008, com a edição da Estratégia Nacional de Defesa (END), as
perspectivas de grandes investimentos governamentais nas áreas de defesa e
segurança e o desejo do governo em fomentar a criação de grandes atores
industriais, as principais delas, como a Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo
Corrêa, OAS e Queiroz Galvão (conhecidas como “as cinco irmãs”), passaram a
olhar atentamente o setor. A seguir uma breve análise sobre as movimentações de
cada um destes grupos.
Odebrecht
O primeiro grande grupo a estruturar seus negócios no
setor foi a Odebrecht que, em janeiro de 2009, se associou à DCNS, da França,
para a constituição de uma joint-venture para a construção de um estaleiro e
submarinos para a Marinha do Brasil (MB), no âmbito do Programa de
Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). Desde então, o grupo passou a analisar
diversas oportunidades, inclusive de aquisições e parcerias. Em maio de 2010,
juntou-se à Cassidian (então EADS Defence & Security) para projetos de
monitoramento de fronteiras, dentre os quais o Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), do Exército Brasileiro. A parceria com a
Cassidian foi dissolvida no início deste ano. Em março de 2011, adquiriu a
"missile house" brasileira Mectron e nos últimos anos também manteve
conversações visando à aquisição da Avibras e Opto Eletrônica. [Nota do
blog: diversas empresas e grupos nacionais e estrangeiros, inclusive a
Odebrecht, continuam análises e conversações visando a aquisição da Opto]
Em outubro de 2012, a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT)
- divisão que reúne todos os negócios do grupo no setor de defesa, firmou com a
estatal Russian Technologies State Corporation um memorando de entendimentos
visando à formação de uma joint venture para projetos militares, tais como a
fabricação no País de helicópteros Mi-17, e sistemas de defesa aérea, onde há
negociações em andamento com o Ministério da Defesa para a aquisição e produção
local de sistemas de mísseis, iniciativa que deverá contar com a participação
da Mectron. Especula-se que a ODT vá também participar do projeto do Satélite Geoestacionário
de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), envolvendo-se com a
infraestrutura terrestre.
[Nota do blog: após a publicação desta pequena
reportagem, T&D / blog Panorama Espacial receberam a informação, ainda não
confirmada, de que a Odebrecht também estaria interessada no segmento de
lançadores, em associação com a italiana Avio. Faremos uma análise específica
sobre as perspectivas em lançadores muito em breve. Adicionalmente, vale citar
que a ODT foi uma das 69 empresas pré-selecionadas no programa Inova Aerodefesa]
Andrade Gutierrez
A Andrade Gutierrez tem apostado suas fichas em defesa
associada ao grupo francês Thales, formalizada no início de 2012, por meio da
constituição de uma empresa estratégica de defesa, controlada pela Andrade
Gutierrez (60%), cujo objetivo foi o de “somar competências para atuar em
determinados projetos no setor de defesa e segurança, oferecendo soluções para
o desenvolvimento e gestão de sistemas complexos de monitoramento e comunicação
civis e militares para determinados projetos.” Desde então, o grupo tem
participado de concorrências em programas complexos, como o SISFRON, e também
tem demonstrado interesse em outras iniciativas, como comunicações. Na LAAD
2013, realizada em abril, apresentou soluções desenvolvidas pela Veotex, uma de
suas empresas controladas, que atua nos segmentos de monitoramento eletrônico
integrado de imagens, vídeo alarme e controle de acessos.
[Nota do blog: a Andrade Gutierrez tem estado
próxima da Embraer, e comenta-se que será a responsável pelas obras civis
associadas ao SISFRON. A Andrade Gutierrez Defesa e Segurança foi também uma
das empresas pré-selecionadas no programa Inova Aerodefesa]
Camargo Corrêa
De todas as grandes, a Camargo Corrêa é a menos
envolvida, o que não significa dizer que não tenha interesses na área. Nos
bastidores, é eventualmente citada como candidata a se envolver no Programa de
Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), da MB, o que poderia se dar por
meio do estaleiro Atlântico Sul, uma das maiores empresas de construção naval
da América do Sul, da qual detém importante participação societária. O setor espacial,
em particular a área de lançadores, também está no radar do grupo industrial
paulista.
OAS
A construtora baiana OAS recentemente constituiu uma
empresa para iniciativas em defesa e segurança, a OAS Defesa S/A, criada com o
intuito de desenvolver e oferecer soluções operacionais nesses segmentos. A
empresa se associou à Rafael, de Israel, para a apresentação de proposta de
implementação do Sistema de Coordenação de Operações Terrestres Interagências
(SisCoti), que integra o Projeto Proteger, do Exército Brasileiro (ver T&D
nº 132). Em 2012, na concorrência para a primeira fase do SISFRON, a OAS
apresentou proposta associada à Selex, do grupo italiano Finmeccanica.
[Nota do blog: a OAS Defesa também foi
pré-selecionada no programa Inova Aerodefesa]
Queiroz Galvão
Na concorrência para a primeira fase do SISFRON, a
Queiroz Galvão fez parte do consórcio Fronteiras, em conjunto com a Flight
Technologies e o grupo norte-americano Northrop Grumman. Bastante discreta, em
outubro de 2012 assinou uma carta de intenções com o grupo Safran (proprietário
da SNECMA, Turbomeca, Sagem, entre outras empresas do segmento aeroespacial e
de defesa), para projetos não revelados. O grupo pernambucano é também sócio da
Camargo Corrêa no estaleiro Atlântico Sul.
[Nota do blog: a Queiroz Galvão Tecnologia em
Defesa e Segurança também foi pré-selecionada no programa Inova Aerodefesa]
Fonte: Tecnologia & Defesa n.º 133, julho de 2013 via
Blog Panorama Espacial
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