Curioso Projeto de Cubesat de Alunos e Pesquisadores da Universidade Brown (EUA), Lançado ao Espaço em Maio de 2022, Usa '48 Pilhas AA Comuns' Como Fonte de Energia
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então amigos, segue agora uma notícia publicada no
dia de ontem (20/03) no site ‘Meio
Bit’, tendo como destaque um curioso cubesat desenvolvido por alunos e
pesquisadores da Universidade Brown, de Rhode Island, EUA, que foi lançado ao
espaço em maio 2022, e que foi construído usando componentes encontrados em lojas de
eletrônicos, usando um Arduino
como cérebro e 48 pilhas AA comuns como fonte de energia. Saibam mais sobre este
curioso cubesat lendo a notícia abaixo.
Brazilian Space
MEIO BIT -
ENGENHARIA
Quem Quer, Faz (Você Não, Brasil): Satélite Movido a Pilha
Satélite usa 48 pilhas AA como fonte de energia e Arduino
como cérebro; projeto visa reduzir lixo espacial
Por Ronaldo Gogoni
20/03/2023 às 10:44
Fonte: Phys.org
Via: Site Meio Bit - https://meiobit.com
Um cubesat é um satélite de
pequena escala, um projeto do fim dos anos 1990 visando projetos e pesquisas de
orçamentos mais comedidos, como coleta de dados e experimentos educacionais. Em
muitos casos, escolas e universidades levantam dinheiro via vaquinhas online,
onde qualquer um pode colaborar, até com experimentos.
O projeto apresentado por alunos e pesquisadores da
Universidade Brown, de Rhode Island, Estados Unidos, lançado em 2022, seria
apenas mais um, não fossem alguns detalhes. Projetado com foco em redução do
lixo espacial, ele foi construído usando componentes encontrados em lojas de
eletrônicos, usando um Arduino
como cérebro e 48 pilhas AA comuns como fonte de energia.
(Crédito: Brown University)
O nanossatélite recebeu o nome de SBUDNIC, tanto uma
referência ao Sputnik I, quanto um acrônimo usando as letras dos nomes dos
alunos envolvidos no projeto. Lançado
em maio de 2022 a bordo de um Falcon 9 da SpaceX, um dos vários estudos
embarcados na ocasião, ele e capaz de captar imagens em baixa resolução e
enviá-las via rádio em direção à Terra, mas sua função não é o foco.
O projeto do cubesat nasceu como uma proposta à situação
atual do programa de satélites, onde hoje temos em torno de 27
mil deles, atualmente classificados como lixo espacial, dados da NASA. Após
o fim de suas missões, muitos não reentram na atmosfera e são simplesmente
movidos para uma "órbita cemitério", onde ficam circulando o planeta
até o dia em que podem (ou não) cair. Sem contar o custo dos mesmos.
O projetinho dos universitários não visa todas as
situações de uso, muito longe disso, mas apresenta ideias para o lançamento de
satélites voltados a missões de menor importância, que não precisam ficar mais
de 25 anos em órbita, muito desse tempo já tendo esgotado sua utilidade.
A primeira coisa que chama a atenção no projeto do
SBUDNIC, obviamente, é sua fonte de energia. Ao invés de usar uma bateria de
lítio, o time universitário optou por 48 pilhas AA comuns; o microprocessador
escolhido é o bom e velho Arduino, que mesmo em Pindorama é bem acessível,
custando em torno de R$ 60. Segundo o projeto, ele saiu por US$ 20.
Ao todo, o projeto custou US$ 10 mil à universidade, um
valor razoavelmente alinhado com o custo médio de um cubesat; conforme os
pesquisadores, o SBUDNIC é o primeiro cubesat inteiramente construído com
materiais que não foram projetados para o espaço.
Outro componente importante do pequeno satélite é a vela
solar, feita de fita kapton e cuja estrutura foi impressa em 3D. Como sabemos,
fótons não têm massa, mas possuem momento linear; logo, parte desse momento,
quando a luz é refletida por uma superfície, é transferida para o objeto
refletor. Na prática, se você acender uma lanterna contra uma parede, você será
empurrado para trás, claro que em uma escala nanométrica de quase micro-nada,
mas será.
Uma vela
solar é um sistema de propulsão até poético, que remete aos tempos das
Grandes Navegações. Vários experimentos, desde os japoneses com
a IKAROS em 2010, provaram o conceito, que data das anotações de Kepler.
No caso do SBUDNIC, no entanto, a vela solar tem uma
função de diferente: ao invés de propulsão, ela gera arrasto para reduzir a
órbita do satélite, de forma gradual.
O lançamento original foi feito em uma órbita
corriqueira, de 520 km de altitude, bem além da posição da ISS (408 km). O time
responsável vem monitorando o equipamento desde então, e este já sofreu redução
na altitude para 470 km, 30 km abaixo da posição atual dos demais cubesats
lançados pelo Falcon 9, na mesma ocasião.
Lembre que o projetinho universitário não foi lançado
para durar; ao invés disso, sua missão é verificar a viabilidade de uso de uma
vela solar para gerar arrasto, para que satélites sejam projetados com soluções
semelhantes, a fim de que, quando cumprida a sua missão, o objeto tenha uma
reentrada programada e queime na atmosfera.
Segundo o time da Universidade Brown, o SBUDNIC deverá
cair dentro de 5 anos, um prazo previsto desde o início.
(Crédito: Brown University)
Gráfico mostra queda gradual da órbita do SBUDNIC (azul-claro) em comparação a outros cubesats lançados simultaneamente. |
Segundo Rick Fleeter, professor-adjunto de Engenharia da
Universidade Brown, o projeto do SBUDNIC mostra que é possível projetar um
satélite para fazer o que dele se espera, sem gastar muito, e planejando desde
o início para que ao fim de sua missão, ele não se torne mais uma peça de lixo
em órbita.
Ninguém está propondo passar na lojinha de eletrônica da
esquina, mas esta não é a primeira vez que um projeto extremamente frugal se
mostra viável e capaz até de chegar onde muitos não conseguem de primeira.
Pergunte aos indianos, no que a sonda marciana MOM, que custou apenas US$ 25
milhões, operou por mais de 8 anos, contra a previsão de apenas 6 meses do
projeto original.
De qualquer forma, é muito melhor do que o programa
espacial brasileiro conseguiu em 2015, quando queimou R$ 400 mil em um
cubesat... que
não funcionou.
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