Segundo Um Estudo de Astrônomos Usando o 'Radiotelescópio Móvel ALMA', a Água Já Está Presente em Discos de Formação de Estrelas e Planetas
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma curiosa notícia postada ontem (07/03), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que segundo pesquisa de astrônomos
realizada com auxilio do ‘Radiotelescópio
Móvel ALMA’, foi detectado vapor de
água em disco de formação planetária
situado em torno da ‘Estrela V883
Orionis’. Saibam mais sobre essa
notícia pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Água Já Está Presente em Discos de Formação de
Estrelas e Planetas
Com informações do ESO
09/03/2023
[Imagem: ESO/L. Calçada]
Água em Meio ao Pó
Com o auxílio do radiotelescópio móvel ALMA, astrônomos
detectaram vapor de água no disco de formação planetária situado em torno da
estrela V883 Orionis.
Esta água apresenta uma assinatura química que pode
explicar seu percurso, desde as nuvens de gás onde se formam as estrelas até os
planetas, e dá sustentação à ideia de que a água existente na Terra pode ser
ainda mais antiga do que o nosso Sol.
"Podemos agora traçar as origens da água no nosso
Sistema Solar para antes da formação do Sol," reafirmou John Tobin, do
Observatório Nacional de Radioastronomia, nos EUA.
Os resultados foram obtidos estudando a composição da
água em V883 Orionis, um disco de formação planetária situado a cerca de 1.300
anos-luz de distância da Terra. Quando uma nuvem de gás e poeira colapsa para
formar uma estrela no seu centro, forma-se igualmente um disco de material da
nuvem em torno da estrela. Ao longo de vários milhões de anos, a matéria deste
disco aglomera-se para formar cometas, asteroides e, eventualmente, planetas.
Tobin e a sua equipe usaram o ALMA para medir as
assinaturas químicas da água e o seu percurso desde a nuvem de formação estelar
até os planetas, e suas medições dão sustentação à hipótese de que a água
também se forma antes dos próprios planetas.
[Imagem: ESO/L. Calçada]
Se a água surge antes ou depois que os planetas se formam é uma questão objeto de intenso debate entre os cientistas. |
Caminho da Água
A água é normalmente constituída por um átomo de oxigênio
e dois átomos de hidrogênio, mas os astrônomos estudaram uma versão
ligeiramente mais pesada da água, quando um dos átomos de hidrogênio é
substituído por um de deutério, que é um isótopo pesado do hidrogênio.
Como a água comum e essa água mais pesada formam-se sob
condições diferentes, a proporção entre as duas pode ser usada para traçar
quando e onde a água se formou. Por exemplo, essa proporção em alguns cometas
do Sistema Solar mostrou-se semelhante ao da água na Terra, sugerindo que os
cometas poderiam ter trazido água para o nosso planeta, embora essa hipótese
não tenha sido confirmada pela sonda espacial Rosetta - de fato, a origem
da água da Terra é um dos maiores enigmas da ciência moderna.
"A composição da água no disco é muito semelhante à
dos cometas no nosso Sistema Solar, o que confirma a ideia de que a água nos
sistemas planetários se formou há milhares de milhões de anos atrás, antes do
Sol, no espaço interestelar e foi herdada tanto pelos cometas como pela Terra,
relativamente inalterada," disse Tobin.
[Imagem: JPL/NASA]
Como Ver a Água no Espaço
Contudo, observar a água revelou-se bastante complicado.
"A maioria da água existente nos discos de formação planetária encontra-se
sob a forma de gelo e, consequentemente, normalmente escondida dos nossos
olhos," contou Margot Leemker, do Observatório de Leiden, nos Países Baixos.
O vapor de água pode ser detectado graças à radiação
emitida pelas moléculas ao rodar e vibrar, mas isso é mais complicado quando a
água se encontra congelada porque o movimento das moléculas é mais restrito. A
água sob a forma de gás pode ser encontrada em direção ao centro dos discos,
perto da estrela, onde a temperatura é mais elevada. No entanto, estas regiões
mais internas encontram-se escondidas no disco propriamente dito, sendo também
muito pequenas para poderem ser observadas com os telescópios atuais.
Felizmente, o disco da V883 Orionis é anormalmente quente
em relação aos outros conhecidos. Uma enorme quantidade de energia emitida pela
estrela aquece o disco "até uma temperatura em que a água já não se
encontra sob a forma de gelo mas sim gás, o que nos permite detectá-la,"
explica Tobin.
Graças à sensibilidade e capacidade para observar
pequenos detalhes, o radiotelescópio ALMA permitiu não só detectar a água, mas
também determinar a sua composição, além de permitir mapear sua distribuição no
disco. A partir destas observações, a equipe concluiu que este disco contém
pelo menos 1.200 vezes a quantidade de água que existe em todos os oceanos da
Terra.
Bibliografia:
Artigo: Deuterium-enriched
water ties planet-forming disks to comets and protostars
Autores: John
J. Tobin, Merel L. R. van’t Hoff, Margot Leemker, Ewine F. van Dishoeck, Teresa
Paneque-Carreño, Kenji Furuya, Daniel Harsono, Magnus V. Persson, L. Ilsedore
Cleeves, Patrick D. Sheehan, Lucas Cieza
Revista: Nature
Vol.: 615,
pages 227-230
DOI: 10.1038/s41586-022-05676-z
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