Engenheiros Criam Especie de 'Concreto Que Fala' e Um Outro 'Cósmico', Este Para Ser Utilizado em Futuras Construções no Espaço
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (20/03), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que engenheiros criaram
uma espécie de concreto que fala e
um outro concreto denominado de ‘Concreto
Cósmico’, este para ser utilizado em futuras construções no espaço. Saibam mais sobre essa curiosa notícia pela matéria abaixo.
Brazilian Space
MECÂNICA
Engenheiros Criam Concreto Que Fala e Concreto Cósmico
Redação do Site Inovação Tecnológica
20/03/2023
[Imagem: Luna Lu]
Concreto Falante
Um sensor que permite que o concreto "fale" com
o mundo exterior promete diminuir o tempo de construção, aumentar a segurança e
reduzir a frequência dos reparos, além de melhorar a pegada de carbono das
obras.
A professora Luna Lu, da Universidade Purdue, nos EUA,
desenvolveu um sensor extremamente robusto, para ser incorporado diretamente no
meio do concreto, e então passe a gerar dados continuamente sobre a resistência
da estrutura, mostrando a necessidade de reparo de um modo que não é possível
com as ferramentas e métodos usados atualmente.
Ela acredita que o sensor terá uma aplicação imediata nas
rodovias, que no hemisfério norte costumam ser feitas mais de concreto do que
de asfalto. Hoje, há grandes prejuízos quando a rodovia é liberada antes que o
concreto esteja totalmente curado, ao mesmo tempo em que há uma premência
contínua para sua liberação o mais rápido possível.
Os métodos atuais de monitoramento de estrutura de
concreto, usados há mais de um século, exigem a retirada de grandes amostras e
sua análise em laboratório. Usando os resultados, os engenheiros estimam o
nível de resistência que uma determinada mistura de concreto atingirá após ser
despejada e deixada para amadurecer em um canteiro de obras.
Embora esses testes sejam bem compreendidos pela
indústria, as discrepâncias entre condições de laboratório e externas podem
levar a estimativas imprecisas da resistência do concreto devido às diferentes
composições de cimento e temperaturas da área onde ele é aplicado.
O sensor dispensa a coleta de amostras, mostrando todo o
processo de cura do concreto, uma informação importante para não haver perda de
tempo durante a construção e, no caso das estradas, sua pronta liberação para o
tráfego.
Os trabalhadores podem instalar os sensores simplesmente
jogando-os no chão da fôrma e cobrindo-os com concreto. Nesta primeira versão,
um cabo é conectado do sensor até um dispositivo portátil reutilizável, que
inicia automaticamente o registro de dados. Usando o aplicativo, os
trabalhadores podem receber informações sobre mudanças em tempo real na
resistência do concreto enquanto os dados de resistência forem necessários.
No futuro, a equipe planeja criar uma versão que colete
energia do ambiente, para que seu funcionamento seja contínuo, passando a
monitorar a saúde do concreto durante o uso.
[Imagem: Aled D. Roberts et al. -
10.1515/eng-2022-0390]
Concreto Espacial
Ao falar de concreto, Aled Roberts e Nigel Scrutton, da
Universidade de Manchester, no Reino Unido, não estão mirando no chão, mas na
Lua e em outros planetas.
A dupla criou o que batizaram de "concreto
cósmico", ou estrelacreto (StarCrete), um concreto feito de solo
marciano simulado, amido de batata e uma pitada de sal.
A construção de infraestruturas no espaço seria
proibitivamente cara e difícil se for necessário levar material da Terra, de
modo que os esforços têm-se voltado para o uso de materiais locais. É para isso
que o concreto cósmico foi projetado.
A dupla demonstrou que o amido de batata comum funciona
como um aglutinante quando misturado com poeira simulada de Marte, produzindo
um material semelhante ao concreto. Eles também descobriram que um sal comum, o
cloreto de magnésio, obtido da superfície marciana ou das lágrimas dos
astronautas, melhorou significativamente a resistência do concreto espacial.
O concreto espacial apresentou uma resistência à
compressão de 72 Megapascais (MPa), que é mais do que o dobro dos 32 MPa do
concreto terrestre comum. Quando foi preparado com regolito lunar simulado, o
material ficou ainda mais forte, atingindo 91 MPa.
A equipe calcula que um saco de 25 kg de batatas
desidratadas contém amido suficiente para produzir quase meia tonelada de StarCrete,
o que equivale a mais de 213 tijolos - para comparação, uma casa de 3 quartos
precisa de cerca de 7.500 tijolos para ser construída.
Esta versão do concreto cósmico se baseou no trabalho
anterior da mesma equipe, quando eles usaram
sangue e urina dos astronautas como agente de ligação para fabricar o concreto.
Embora o material resultante tivesse uma resistência à compressão de cerca de
40 MPa, o que é melhor do que o concreto normal, aquele processo tem a
desvantagem de exigir sangue regularmente, uma opção claramente menos viável do
que usar fécula de batata.
"Já que vamos produzir amido como alimento para os
astronautas, faz sentido olhar para esse material como um agente de ligação, em
vez de sangue humano. Além disso, as tecnologias de construção atuais ainda
precisam de muitos anos de desenvolvimento e exigem energia considerável e
equipamentos pesados para processamento adicional, tudo adicionando custo e
complexidade a uma missão. O StarCrete não precisa de nada disso e assim
ele simplifica a missão e a torna mais barata e viável," disse o professor
Roberts.
Bibliografia:
Artigo: StarCrete:
A starch-based biocomposite for off-world construction
Autores: Aled
D. Roberts, Nigel S. Scrutton EMAIL logo
Revista: Open
Engineering
Vol.: 13 Issue
1
DOI:
10.1515/eng-2022-0390
Comentários
Postar um comentário