Segundo Uma Equipe de Astrofísicos Liderados Pela Universidade da Manoa (Havaí), os Buracos Negros Podem Ser a 'Energia Escura'
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (03/03), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que uma equipe de
astrônomos e astrofísicos liderados por Duncan
Farrah e Kevin Croker, da Universidade da Manoa, no Havaí (EUA), propõe que se Energia Escura não existir os Buracos Negros poderiam explicar todos os nossos dados observacionais, incluindo a
aceleração da expansão do Universo, será? Saibam mais sobre essa notícia pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Os Buracos Negros São a Energia Escura, Propõem Astrofísicos
Redação do Site Inovação Tecnológica
03/03/2023
[Imagem: UH Manoa]
O acoplamento cosmológico permite que os buracos negros cresçam em massa sem consumir gás ou estrelas. |
Dinâmica dos buracos negros
E se não existir energia escura, e os buracos negros
puderem explicar todos os nossos dados observacionais, incluindo a aceleração
da expansão do Universo?
Esta é a proposta lançada agora por uma equipe de
astrônomos e astrofísicos liderados por Duncan Farrah e Kevin Croker, da
Universidade da Manoa, no Havaí.
Embora tenhamos boas hipóteses, teorias e modelos para
entender o Universo, a grande maioria desse arcabouço é extremamente
simplificado. Afinal, é impossível colocar a realidade inteira na teoria e só
podemos colocar em nossos modelos os dados de que dispomos - e dispomos de bem
poucos dados.
Por exemplo, faz poucos anos que começamos
a detectar as ondas gravitacionais, que nos deram informações sobre buracos
negros se fundindo. E este é um dado importante porque, em termos
observacionais, não sabemos quase nada sobre os buracos negros, embora sua
massa e gravidade sejam tão desproporcionalmente grandes em relação a tudo o
mais no Universo que eles devem ter um papel preponderante na estrutura do
próprio Universo.
Neste caso, porém, até poucos anos atrás só tínhamos
teorias, sem nenhum dado concreto. Por exemplo, as teorias atuais dos buracos
negros só vêm esses monstros engolidores de matéria no quadro de um universo
estático, quando toda a astronomia hoje trabalha com a noção não apenas de um
universo em expansão, mas de um universo cuja expansão está se acelerando.
"Quando o LIGO ouviu o primeiro par de buracos
negros se fundindo no final de 2015, tudo mudou," disse Croker. "O
sinal estava de acordo com as previsões no papel, mas como estender essas
previsões para milhões ou bilhões de anos? Como combinar esse modelo de buracos
negros com nosso Universo em expansão? Não estava claro como fazer isso."
[Imagem: A. Schaller (STScI)/ESA]
Tentativas
de detectar a energia escura segundo outras explicações não têm dado
resultados. |
Acoplamento Cosmológico
Com o rápido desenvolvimento da astronomia
de ondas gravitacionais, a equipe acredita que agora já tem dados
suficientes para analisar os buracos negros não apenas como eles são hoje, mas
cobrindo uma janela temporal de quase 9 bilhões de anos de hoje rumo ao
passado.
Ao analisar esses dados, a equipe encontrou a primeira
evidência do "acoplamento cosmológico", um fenômeno só recentemente
previsto na teoria da gravidade de Einstein, segundo o qual diferentes
componentes cosmológicos, incluindo a matéria escura, a energia escura e a
nossa tradicional matéria bariônica, interagem uns com os outros de uma forma
que afeta a estrutura em larga escala e a evolução do Universo.
Acontece que essa proposta teórica só funciona quando os buracos
negros são colocados dentro de um modelo de universo em evolução, como
acreditamos que seja o nosso. É isso o que a equipe acredita ter conseguido
agora, depois de estudar buracos negros supermassivos no coração de galáxias
antigas e adormecidas.
"Há muitos comportamentos diferentes para buracos
negros em galáxias medidos na literatura e não havia realmente nenhum
consenso," justificou Sara Petty, coautora da pesquisa. "Decidimos
que, focando apenas em buracos negros em galáxias elípticas de evolução
passiva, poderíamos eliminar essas discrepâncias."
As conclusões da equipe exigiram a publicação de dois
artigos.
[Imagem: DES/CTIO/NOIRLab/NSF/DOE/AURA]
Outra proposta para descartar a energia escura envolve uma matéria escura magnética. |
"Buracos Negros São a Energia Escura"
O primeiro artigo demonstra que esses buracos negros
ganham massa ao longo de bilhões de anos de uma maneira que não pode ser
facilmente explicada pelos processos usados até agora para explicar as galáxias
e os buracos negros, incluindo o ganho de massa por fusões, engolimentos de
estrelas ou por acreção de gás.
O segundo artigo conclui que o crescimento desses buracos
negros em termos de massa corresponde às previsões de buracos negros que não
apenas se acoplam cosmologicamente, mas que também absorvem a energia do vácuo
- material que resulta da compressão da matéria o máximo possível sem quebrar
as equações de Einstein, evitando assim uma singularidade.
Eliminando as singularidades, a equipe mostra que a
energia do vácuo combinada dos buracos negros produzida nas mortes das
primeiras estrelas do Universo bate com a quantidade estimada de energia escura
em nosso Universo - em termos simples, a energia escura deixa de ser necessária
para explicar nosso Universo.
"Não é que outras pessoas não tenham proposto fontes
para a energia escura, mas este é o primeiro artigo observacional em que não estamos
adicionando nada de novo ao Universo como fonte de energia escura: Os buracos
negros na teoria da gravidade de Einstein são a energia escura.
"Nós estamos de fato dizendo duas coisas ao mesmo
tempo: Que há evidências de que as soluções típicas dos buracos negros não
funcionam para você em uma escala de tempo muito, muito longa, e que nós temos
a primeira fonte astrofísica proposta para a energia escura," disse
Farrah.
Bibliografia:
Artigo: Observational evidence for cosmological
coupling of black holes and its implications for an astrophysical source of
dark energy
Autores: Duncan Farrah, Kevin S. Croker, Michael Zevin,
Gregory Tarlé, Valerio Faraoni, Sara Petty, Jose Afonso, Nicolas Fernandez,
Kurtis A. Nishimura, Chris Pearson, Lingyu Wang, David L. Clements, Andreas
Efstathiou, Evanthia Hatziminaoglou, Mark Lacy, Conor McPartland, Lura K.
Pitchford, Nobuyuki Sakai, Joel Weiner
Revista: The Astrophysical Journal Letters
Vol.: 944, Number 2
DOI: 10.3847/2041-8213/acb704
Artigo: A Preferential Growth Channel for Supermassive
Black Holes in Elliptical Galaxies at z 2
Autores: Duncan Farrah, Sara Petty, Kevin S. Croker,
Gregory Tarlé, Michael Zevin, Evanthia Hatziminaoglou, Francesco Shankar,
Lingyu Wang, David L Clements, Andreas Efstathiou, Mark Lacy, Kurtis A.
Nishimura, Jose Afonso, Chris Pearson, Lura K Pitchford
Revista: The Astrophysical Journal
Vol.: 943, Number 2
DOI: 10.3847/1538-4357/acac2e
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