Estudo de Equipe da 'Universidade Johns Hopkins (EUA)' Mostra Que Nem Sempre um Buraco Negro é o Que Parece Ser
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo um curioso artigo postada ontem (17/04), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que um estudo conduzido
por uma equipe da Universidade Johns
Hopkins, nos EUA mostra que nem
sempre o que se pensa ser o Buraco Negro,
pode ser Quadro de filme mostrando os efeitos de lente
gravitacional: (1) Nenhum objeto na linha de visão do observador, (2) um buraco
negro e (3) o sóliton topológico.um outro objeto que eles denominaram de ‘Sóliton Topológico’. Saibam mais sobre essa história pelo artigo abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Não, Isto Não é Um Buraco Negro; é Um Sóliton Topológico
Redação do Site Inovação Tecnológica
25/04/2023
[Imagem: Heidmann et al. - 10.1007/JHEP08(2022)269]
Esse corpo celeste esquisitão dobra o espaço-tempo, suga quase tudo ao seu alcance, mas não é um buraco negro. |
Das Equações à Realidade
A detecção
das ondas gravitacionais em 2015 abalou o mundo da astrofísica porque
representou a primeira confirmação observacional da existência dos buracos
negros.
Até então, os buracos negros eram puramente construções
matemáticas, corpos com uma existência hipotética cuja possibilidade era
retratada por meio de equações.
Inspirada no sucesso dessa conversão de uma possibilidade
teórica em uma observação real, uma equipe da Universidade Johns Hopkins, nos
EUA, começou a explorar a possibilidade de outros corpos
celestes que poderiam produzir efeitos gravitacionais semelhantes, mas que
poderiam passar por buracos negros quando observados com os sensores
ultraprecisos que usamos para detectar os buracos negros.
"Como você pode dizer que está vendo ou não um
buraco negro? Não temos uma boa maneira de testar isso," justificou o
professor Ibrahima Bah.
E os resultados não se fizeram esperar.
As novas simulações retratam realisticamente um objeto
que a equipe chama de sóliton topológico. As simulações geram um objeto que
parece a imagem borrada de um buraco negro, mas como algo totalmente diferente
quando olhamos para o que deveria ser o centro totalmente escuro do buraco
negro.
"Nós ficamos muito surpresos," disse o
professor Pierre Heidmann, membro da equipe. "O objeto parece idêntico a
um buraco negro, mas há luz saindo de seu centro escuro."
[Imagem: Pierre Heidmann/Johns Hopkins University]
Quadro de filme mostrando os efeitos de lente gravitacional: (1) Nenhum objeto na linha de visão do observador, (2) um buraco negro e (3) o sóliton topológico. |
Sóliton Topológico
Os sólitons
são ondas que não perdem facilmente energia e nem o seu formato. O nome sóliton
nasceu da expressão em inglês "solitary wave", onda solitária.
Ela foi descoberta em um canal de água, mas hoje se sabe que, além
de ondas, os sólitons são partículas complexas, o que tem permitido sua exploração
tecnológica, sobretudo no magnetismo e na fotônica.
Para comparação, um pulso de luz - uma onda com picos e
vales - quando transmitido ao longo de uma fibra óptica, tende a perder força.
É como se, depois de ter percorrido um pequeno trecho, a onda de luz começasse
a "ficar achatada", até desaparecer. Já o sóliton mantém suas
características por um longo tempo, eventualmente precisando de uma barreira
para se dissipar.
A topologia,
por sua vez, é uma extensão da geometria onde dois objetos são considerados
equivalentes se puderem ser continuamente deformados um no outro sem precisar
cortar, furar ou rasgar.
O sóliton topológico cósmico previsto agora pelos
pesquisadores distorce o espaço exatamente como um buraco negro, mas se
comporta de maneira diferente de um buraco negro, embaralhando e liberando
raios de luz fracos, que não escapariam da forte força gravitacional de um
buraco verdadeiro.
"A luz é fortemente curvada, mas em vez de ser
absorvida, como seria em um buraco negro, ela se espalha em movimentos
esquisitos até que, em um ponto, volta para você de maneira caótica,"
detalhou Heidmann. "Você não vê uma mancha escura. Você vê muito borrão, o
que significa que a luz está orbitando loucamente em torno desse estranho
objeto."
Por enquanto, o corpo celeste é apenas hipotético. Mas o
fato de a equipe poder construí-lo usando equações matemáticas e mostrar como
ele se parece com simulações sugere que pode haver outros tipos de corpos celestes
no espaço escondidos até mesmo dos melhores telescópios da Terra.
Gravidade Quântica
Motivados por vários resultados da teoria
das cordas, os pesquisadores descobriram uma maneira de construir sólitons
topológicos usando a teoria da relatividade geral de Einstein.
Embora os sólitons não sejam previsões de objetos novos,
eles servem como os melhores modelos de como os novos objetos de gravidade quântica
poderiam se comportar - em comparação com os buracos negros.
Os cientistas já criaram modelos de estrelas
de bósons, gravastares
e outros objetos hipotéticos que poderiam exercer efeitos gravitacionais
semelhantes com formas exóticas de matéria. Mas esta nova pesquisa explica as
teorias dos pilares do funcionamento interno do Universo
que outros modelos não conseguem: Segundo a equipe, a base para isto são
equações da teoria das cordas que tentam reconciliar a mecânica quântica com a
teoria da gravidade de Einstein.
"É o início de um maravilhoso programa de
pesquisa," disse Bah. "Esperamos no futuro poder propor genuinamente
novos tipos de estrelas ultracompactas consistindo em novos tipos de matéria a
partir da gravidade
quântica."
Bibliografia:
Artigo: Imaging topological
solitons: The microstructure behind the shadow
Autores:
Pierre Heidmann, Ibrahima Bah, Emanuele Berti
Revista:
Physical Review D
Vol.: Article
number: 269
DOI:
10.1007/JHEP08(2022)269
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