Observações do Telescópio Espacial James Webb Lança Novas Dúvidas Sobre o Modelo do Big Bang
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma curiosa notícia postada ontem (17/04), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que as observações feitas
pelo Telescópio Espacial James Webb está lançando novas dúvidas sobre modelo
cosmológico padrão, mais conhecido como modelo do Big Bang. Saibam mais sobre essa historia pela matéria
abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Telescópio Webb Lança Novas Dúvidas Sobre Modelo do
Big Bang
Redação do Site Inovação Tecnológica
18/04/2023
[Imagem: Haojing Yan/Bangzheng Sun/JWST]
As galáxias são jovens demais e grandes demais para que o modelo do Big Bang faça sentido, defendem alguns astrônomos. |
Big Balanço
Houve um alarde inicial de que as primeiras observações
do telescópio espacial James Webb contestariam o modelo cosmológico padrão,
mais conhecido como modelo do Big Bang, porque ele encontrou galáxias em uma
idade do Universo quando elas não deveriam ser tão bem formadas e evoluídas
como se via nas imagens.
Um movimento posterior dentro da comunidade científica
tentou encontrar explicações para acomodar os novos dados, mas começaram a
faltar argumentos quando análises mais detalhadas confirmaram as "galáxias
que não deveriam existir" - não deveriam existir de acordo com o
modelo do Big Bang.
Agora, uma nova análise mostrou um resultado tão
contundente que a comunidade astronômica já admite mais abertamente a mudança
para um novo consenso, um consenso de que "devemos repensar nossas
teorias".
Um estudo publicado na revista Nature Astronomy
mostra que seis das primeiras e mais massivas galáxias observadas pelo Webb
contradizem o pensamento predominante na cosmologia.
Território Desconhecido
Outros pesquisadores já haviam estimado que cada galáxia
que aparece na visão mais profunda do Webb está sendo vista como era entre 500
e 700 milhões de anos após o Big Bang, mas elas têm mais de 10 bilhões de vezes
a massa do nosso Sol. Uma das galáxias até parece ser mais massiva do que a Via
Láctea inteira, apesar de nossa própria galáxia ter tido bilhões de anos a mais
para se formar e crescer.
"Se as massas estiverem corretas, então estamos em
território desconhecido," disse Mike Kolchin, da Universidade do Texas,
nos EUA. "Vamos precisar de algo muito novo sobre a formação de galáxias
ou uma modificação na cosmologia. Uma das possibilidades mais extremas é que o
Universo estava se expandindo mais rápido logo após o Big Bang do que previmos,
o que pode exigir novas forças e novas partículas."
Além disso, para que as galáxias se formassem e atingissem
tal tamanho tão rapidamente, elas precisariam ter convertido quase 100% do gás
disponível em estrelas.
"Normalmente, vemos um máximo de 10% do gás
convertido em estrelas," disse Kolchin. "Logo, embora a conversão de
100% de gás em estrelas esteja tecnicamente no limite do que é teoricamente
possível, na verdade isso exigiria que algo fosse muito diferente do que
esperamos."
[Imagem: Mike Boylan-Kolchin/University of Texas at
Austin]
Em vez de cerca de 10%, como é usual (arco azul), os dados sugerem que essas candidatas a galáxias converteram 100% dos átomos disponíveis em estrelas. |
Novas Ideias ou Correções nos Dados
O que conhecemos como modelo do Big Bang é chamado pelos
astrônomos de modelo Lambda-CDM, onde a letra grega lambda (λ) representa a constante
cosmológica, o valor atual da aceleração da expansão do Universo (a energia
escura, em termos simples) e CDM é a sigla em inglês para matéria escura fria.
Este é o paradigma padrão da cosmologia desde os anos 1990.
Contudo, se houver outras maneiras mais rápidas de formar
galáxias do que este modelo permite, ou se mais matéria realmente estivesse
disponível para formar estrelas e galáxias no início do Universo do que se
pensava anteriormente, os astrônomos terão que mudar seu pensamento
predominante.
As idades e as massas das seis galáxias são estimativas
iniciais e precisarão de confirmação posterior com espectroscopia, um método
que divide a luz em um espectro e analisa o brilho de diferentes cores. Essa
análise pode sugerir que os buracos negros supermassivos centrais, que podem
aquecer o gás circundante, podem estar tornando as galáxias mais brilhantes, de
modo a fazê-las parecer mais massivas do que realmente são - mas isso exigirá
outra explicação para buracos negros tão grandes tão cedo no Universo.
Ou talvez as galáxias sejam realmente muito mais velhas
do que o originalmente calculado devido à poeira, que faz com que a cor da luz
da galáxia mude para mais vermelho, dando a ilusão de ela estar a mais anos-luz
de distância e, portanto, mais para trás no tempo.
Bibliografia:
Artigo: Stress
testing λCDM with high-redshift galaxy candidates
Autores:
Michael Boylan-Kolchin
Revista: Nature
Astronomy
Vol.: 616,
pages 266-269
DOI:
10.1038/s41550-023-01937-7
Artigo: A
population of red candidate massive galaxies ~600 Myr after the Big Bang
Autores: Ivo
Labbé, Pieter van Dokkum, Erica Nelson, Rachel Bezanson, Katherine A. Suess,
Joel Leja, Gabriel Brammer, Katherine Whitaker, Elijah Mathews, Mauro Stefanon,
Bingjie Wang
Revista:
Nature Astronomy
DOI: 10.1038/s41586-023-05786-2
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