Lembrete

Olá leitor!
Nesse momento em que nos aproximamos da cerimônia de lançamento da Pedra Fundamental do sítio de lançamento da mal engenhada Alcântara Cyclone Space (ACS), que provavelmente ocorrerá na primeira quinzena de setembro e do anuncio pela Argentina do teste de seu foguete lançador já em 2013, que parece não preocupar o governo brasileiro (curioso, isto parece confirmar o ditado que diz: brasileiro só fecha a porta depois de arrombado, veja o exemplo dos satélites em que os hermanos nos colocaram no bolso) o blog “BRAZILIAN SPACE” apresenta ao leitor menos informado os projetos em que o governo deveria estar aglutinando esforços de toda comunidade científica do setor espacial para realizá-los o mais breve possível e isso não foi feito durante o Governo LULA.
Ao contrário, o mesmo resolveu apostar num projeto encabeçado por um político não só inexpressivo como incompetente, o senhor Roberto Amaral, que defendeu com unhas e dentes esse acordo que não acrescenta nada ao setor espacial e, além disso, devido à tecnologia a ser empregada, será um agente poluidor na região onde o projeto será implantado.
Felizmente na contramão dessa desastrosa novela política chamada ACS, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Aeronáutica, vinha há anos desenvolvendo um foguete lançador denominado “Veículo Lançador de Satélites (VLS-1)”, que foi testado sem sucesso por duas vezes em vôo (1997 e 1999), e que devido à irresponsabilidade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e em menor escala do próprio LULA, veio a resultar na morte de 21 estimáveis técnicos (heróis brasileiros que deram a vida acreditando num sonho, creditando a viabilização financeira do programa a políticos irresponsáveis que vivem nos bastidores de Brasília) durante a campanha do terceiro vôo de lançamento desse foguete em 2003 (lembrando que há época do acidente o ministro de Ciência e Tecnologia era ninguém mais que o próprio Roberto Amaral), meses após o presidente LULA ter assumido o governo.
O que ficou marcado em minha memória dessa tragédia, foi o momento de emoção vivido pelo presidente LULA durante a cerimônia de homenagens a esses heróis dias após o acidente. No evento, o mesmo prometeu as famílias um rigoroso levantamento sobre as causas do acidente aproveitando-se da oferta dos russos em ajudar nas investigações e principalmente se comprometeu a utilizar tudo que tinha a sua disposição para dar continuidade ao programa, prometendo o próximo lançamento do foguete daquela data a quatro anos, ou seja, em 2007.
Parte da promessa do presidente foi cumprida sendo feito um rigoroso estudo sobre as causas do acidente com a ajuda dos russos, que ao final se demonstrou como inconclusivo (pelo menos publicamente).
Já a outra parte, nem de longe foi feito qualquer movimento para se criar as condições operacionais necessárias para se atingir com propriedade e segurança o objetivo prometido. Muito pelo contrario, o que se viu foi o governo vendendo um produto como estratégico para uma sociedade brasileira desinformada sem a devida preocupação de entregá-lo, e completando o desastre, tomando decisões políticas errôneas como as que geraram a mal engenhada empresa ACS e o aparente desentendimento com os russos, segundo informações que nos chegam de São José dos Campos (SP) ainda não confirmadas.
Para finalizar esse quadro negro, chegamos ao ano de 2010, e com a proximidade do final do governo do presidente LULA, estamos correndo o risco de perder o acordo com os russos (vale lembrar, a maior potência espacial do planeta na área de foguetes), o VLS-1 tem um cronograma de lançamento que toda hora se estica (sabe-se lá quando o mesmo será lançado ou se realmente será lançando algum dia), o nosso irresponsável presidente começa se aproximar da EADS Austrium (aumentando a falta de foco do programa e provavelmente a insatisfação dos russos que estão envolvidos com o programa do VLS-1, do VLS Alfa, do projeto do motor líquido L75 e da formação de profissionais na área de motores líquidos em uma parceria entre o MAI de Moscou e o ITA) e sem qualquer mudança na organização e na operacionalidade do programa. Um verdadeiro desastre.
Apesar disso, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do DCTA continua sua árdua tarefa visando cumprir a missão para qual foi criado (imagine o que esses homens poderiam fazer se os burocratas e políticos de Brasília estivessem realmente preocupados em solucionar os problemas e apoiar integralmente os projetos do PEB) com dificuldade e administrando sabe-se deus como seus projetos.
Abaixo apresentamos os principais projetos em desenvolvimento pelo IAE que o blog considera de suma importância para a implantação definitiva do "Programa Espacial Brasileiro”, mas que vive em constante ameaça devido à falta de foco do governo, o desvio dos recursos para a mal engenhada ACS ou mesmo por outros interesses não tão nobres.
Foguetes:
- VLM (Veículo Lançador de Microsatélites):
Foguete de três estágios movido a propulsão sólida capaz de colocar cargas úteis de até 100 kg (microsatélites) em órbita baixa e que consta já algum tempo dos PNAE’s da vida (Plano Nacional de Atividades Espaciais). Recentemente esse projeto tomou um novo impulso devido o interesse do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), que o solicitou para atender ao lançamento da versão três do programa de vanguarda alemão SHEFEX por volta de 2015. Segundo informações que o blog colheu, espera-se que esse projeto seja realizado bem mais rapidamente não só pelo prazo previsto para o SHEFEX III, mais também pela necessidade de testar o foguete bem antes desse prazo e do devido envolvimento desde o inicio de empresas brasileiras do setor espacial.
- VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites): Foguete de quatro estágios movido por propulsão sólida capaz de colocar cargas úteis de até 350 Kg (minisatélites) em órbita baixa. Teve seu projeto reavaliado por uma empresa russa após o acidente e tem previsão de lançamento do seu quarto vôo de qualificação em 2014, 2015 para alguns, dependendo quem é entrevistado, o que demonstra assim a total falta de sintonia entre as instituições envolvidas e de objetividade.
- VLS ALFA (Veículo Lançador de Satélites Alfa): Foguete de quatro estágios movido a propulsão sólida e líquida capaz de colocar cargas úteis de até 800 kg (minisatélites) em órbita baixa. Seu projeto foi enviado para uma empresa russa para ser avaliado e modificado se necessário. Segundo as últimas notícias divulgadas a analise feita pela empresa russa contratada OAO Makeyev GRTs (se não estiver enganado esse é o nome da empresa) estaria para ser entregue agora em agosto.
Motores:
- Motor L75 (Motor a propulsão líquida de 75 kN):
Motor brasileiro em desenvolvimento baseado no motor russo RD 0109 que foi desenvolvido na década de 50. Esse motor esta sendo desenvolvido para ser usado pelo terceiro estágio do foguete VLS Alfa e segundo foi divulgado a expectativa é que o mesmo fique pronto por volta de 2015. Porém, tanto o motor como o foguete VLS ALFA estão correndo risco devido ao suposto desentendimento com os russos.
- Motor L15 (Motor verde a propulsão líquida de 15 kN): Motor brasileiro desenvolvido pelo IAE que se encontra em fase final de teste desenvolvido inicialmente para ser utilizado por um foguete de sondagem chamado VS-15, que não tem previsão ainda de lançamento.
- Motor L5 (Motor verde a propulsão líquida de 5 kN): Motor brasileiro desenvolvido pelo IAE (em fase final de teste de uma nova versão) com o objetivo de capacitar as equipes num cenário de baixo investimento, sem cooperação estrangeira e tendo como principal justificativa o seu valor de empuxo visando substituir com vantagens o propulsor sólido do 4º estágio do VLS-1, o que, teoricamente, permitiria dobrar a cargá-útil desse lançador.
Plataformas Espaciais
- SARA Suborbital (Satélite de Reentrada Atmosférica Suborbital):
Plataforma para experimentos em ambiente de microgravidade desenvolvida nessa fase para ser usada sobre um foguete de sondagem VS-40 suborbital visando atender as necessidades de acesso ao espaço da Comunidade Científica Brasileira. Relacionada com a primeira e segunda fase de desenvolvimento do projeto final da SARA Orbital, a SARA Suborbital será um subproduto que poderá ser usado pela comunidade científica em experimentos que não exija um maior período em ambiente de microgravidade. A previsão de vôo da primeira SARA Suborbital está previsto para o segundo semestre de 2011.
- SARA Orbital (Satélite de Reentrada Atmosférica Orbital): Plataforma
para experimentos em ambiente de microgravidade que será desenvolvida após a concretização do projeto da SARA Suborbital (fase 3 e 4) para ser usada (segundo foi anunciado) sobre um foguete VLS-1, visando atender as necessidades de acesso ao espaço da Comunidade Científica Brasileira. A expectativa é que a SARA Orbital propicie a permanência dos experimentos em órbita por um período de 10 dias quando então será direcionada para a reentrada na atmosfera da Terra para ser então recuperada no mar. A previsão desse projeto prevê sua finalização para 2022, o que é realmente um absurdo, ou seja, algo inimaginável em outros programas espaciais do mundo se levarmos em conta o tempo de desenvolvimento do projeto.
Abaixo segue algumas concepções artísticas e fotos dos projetos aqui apresentados.
Duda Falcão

Foguetes VLM (IAE/DLR), VLS-1 (IAE), VLS ALFA (IAE/RÚSSIA)

Concepção Artística do Motor L75 (IAE/RÚSSIA)

Foto do Motor L15 (IAE)

Foto do Motor L5 (IAE)

Concepção Artística da SARA Suborbital (IAE)

Comentários

  1. Prezado Duda,

    Como ja falei antes, o Brasil é um pais que não pode fazer parcerias na area espacial, pois é um convite a não se fazer nada...toda vez que digo isso, o senhor sabiamente pondera que é necessário e tudo mais.Porem veja os Hermanos vão ao espaço em 3013, com quantas parcerias envolvidas.Nossa já temos com a frança, Russia, Argentina, Englaterra, India, Africa do Sul, nasa....e agora temos mais uma: Os Japoneses...esses caras não se enchergam mesmo.!


    Desculpe...mais é de ficar com cabelos em pé....

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  2. Olá Benito!

    No caso Argentino realmente poderão chegar lá sozinhos em 2013. No entanto, o foguete deles terá uma capacidade de satelitização muito parecida com a do VLS-1, apesar de ser um foguete de propulsão líquida. Para fazer um foguete comercial tipo o Cyclone-4 (por exemplo) que tem a capacidade de colocar satélites de 2000 kg em orbita baixa, eles precisarão fazer acordos (muito provavelmente com os russos) ou então levarão 30 anos para desenvolver um foguete dessa categoria. Parcerias internacionais na área espacial Benito, são muito comuns, veja o grande exemplo disso que é a ISS. A NASA faz parcerias com a JAXA, DLR, CNES, ASI, ROSCOMOSMOS, CONAE, AEB, INPE e varias outras instituições através do mundo. O problema aqui é outro, já existem parcerias nas áreas de foguetes acertadas e governo por diversos motivos (entre eles o político e outros não tão nobres) está querendo mudar. O Brasil tem uma parceria muito ativa que tem resultado em grande benefício com o DLR alemão, que resultará nos próximos anos (se o governo não atrapalhar) no VLM (Veículo Lançador de Microsátelites) e outro acordo já ratificado pelo congresso com os russos, super importante para o desenvolvimento do VLS Alfa e da família de foguetes “Cruzeiro do Sul”. Acontece Benito que esses dois acordos estão ameaçados pelas atitudes do governo, infelizmente.

    Abs

    Duda FAlcão
    (Blog Brazilian Space)

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