Em Busca de Novas Tecnologias

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na nova edição da Revista Espaço Brasileiro (Abr. Mai. Jun. de 2010), destacando que o Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) em cooperação com uma instituição norte-americana está desenvolvendo tecnologias de propulsão a laser.


Duda Falcão


DCTA/IEAv


Em Busca de Novas Tecnologias


Instituto de Estudos Avançados do

Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial

estuda tecnologia que facilitará acesso ao espaço


Raíssa Lopes/AEB


Logomarca da cooperação em pesquisa internacional


O Brasil é o único país do mundo a realizar ensaios de vôo em alta velocidade de um veículo lançador leve, propulsionado por feixes de luz laser de alta energia por pulso. Os estudos são realizados, desde 2007, pelo Instituto de Estudos Avançados do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).


O diretor do IEAv, coronel engenheiro Marco Antônio Sala Minucci, explica que a vantagem da propulsão a laser para colocação em órbita de satélites em relação à propulsão com motores convencionais é que o veículo satelizador não carrega nem o combustível nem o comburente (substância que alimenta a combustão), pois o laser propulsor está baseado no solo, possibilitando um ganho econômico no processo.


Os ensaios são produzidos no túnel de vento hipersônico pulsado T3 do IEAv – dispositivo capaz de gerar escoamentos de ar com velocidades que variam entre sete e vinte oito vezes a velocidade do som (de Mach 7 a Mach 28). Tais experimentos visam a simulação do funcionamento de um motor a laser capaz de satelizar um nano ou microsatélite. Isto é, um satélite de pequeno porte, de dezenas de quilogramas, correspondendo a uma carga útil de cerca de 50% do peso total do veiculo satelizador. Nestes ensaios, fluxos de ar com velocidades hipersônicas e pulsos de lasers com potências da ordem de um bilhão de watts interagem sobre uma seção desse novo motor para simular seu funcionamento durante o vôo até o espaço.


A montagem experimental – integração dos lasers de alta potência ao túnel de vento hipersônico – foi iniciada em 2007 e os ensaios começaram em 2008. O processo é realizado por cientistas e técnicos da Divisão de Aerotermodinâmica e Hipersônica do IEAv.


Laboratório de Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu


Os Estados Unidos são parceiros do Brasil no desenvolvimento dessa tecnologia desde o seu inicio. A parceria decorreu de pesquisas realizadas nos laboratórios do IEAv sobre o controle de escoamentos em vôos hipersônicos pela adição de energia a laser. Estas pesquisas estão inseridas em acordo sobre troca de informações na área de escoamentos hipersônicos, firmado entre o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o Ministério da Defesa do Brasil. Os resultados positivos obtidos conduziram à colaboração em propulsão a laser com o Rensselaer Polytechnic Institute (RPI) americano. Os estados unidos forneceram os lasers e o modelo de veículo que foi testado no túnel T3.


Resultados – “Os ensaios surgiram com a finalidade de permitir ao Brasil o acesso a uma tecnologia inovadora e extremamente promissora para o futuro do acesso ao espaço”, diz Marco Antônio Sala Minucci. Segundo ele, os resultados demonstraram a complexidade do fenômeno da interação do feixe de laser focalizado com o escoamento de ar e a velocidade hipersônica dentro do motor através do qual é produzida a força necessária para impulsionar o veículo até o espaço. “Esse ensaios, até o momento, representaram o vôo do veículo até Mach 10”, conta.



Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 9 - Abr. Mai. Jun. de 2010 - págs. 12 e 13


Comentário: Esse acordo de cooperação entre o IEAv e o RPI para o desenvolvimento de tecnologia a propulsão a Laser é louvável e vem tendo da mídia especializada, tanto nacional, como internacional, uma atenção bem destacada nos últimos dois anos. No entanto, fico me perguntando sobre a espaçonave em si e também sobre o laser propulsor. Qual é a participação brasileira no desenvolvimento de ambos? Esse ponto é muito importante, porque tanto o laser como o modelo do veículo, que estão sendo usados nos testes no IEAv, são americanos. Vale lembrar, que os americanos só fazem as coisas pesando neles e sempre neles e nada impedirá, se assim desejarem, que eles após terem acesso aos dados brasileiros simplesmente não passe as informações ao Brasil, sobre o veículo e principalmente sobre o laser propulsor, já que sem eles o conhecimento teórico alcançado pelo país não terá como ser colocado em prática. No entanto, isso é só um pensamento, afinal é muito provável que o DCTA/IEAv e o Comando da Aeronáutica devam ter tomado suas devidas precauções.

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