BINGO: Radiotelescópio Brasileiro em Construção na Paraíba, Irá Mapear a 'Parte Escura' do Universo
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia publicada ontem (25/07) no site “R7”,
destacando que o Radiotelescópio BINGO, que se encontra em fase final de construção em ‘Aguiar’, na
Paraíba, irá mapear a ‘parte escura’ do nosso Universo.
Pois então, o BINGO que já foi abordado aqui no BS
diversas vezes, é sem duvida um grande instrumento que ajudará muito no
desenvolvimento da Astrofísica no país, sendo por conta disso uma iniciativa louvável
e digna de exemplo. Parabéns aos seu realizadores.
Avante BINGO!
Brazilian Space
Tecnologia e Ciência
Conheça o Bingo, o Radiotelescópio Brasileiro Que Vai Mapear
Parte Escura do Universo
Equipamento, que funcionará na Paraíba, vai
complementar as imagens capturadas no espaço pelo James Webb, da NASA
Por Maria Cunha*, do R7
25/07/2022 - 02h00
Atualizado em 25/07/2022 - 10h10
Fonte: https://noticias.r7.com
Foto: Divulgação
O radiotelescópio brasileiro Bingo está em
desenvolvimento em Aguiar, na Paraíba, e, assim como o famoso telescópio
espacial James Webb, lançado em 2021 pela NASA, tem o objetivo de captar
imagens e contribuir para pesquisas sobre o espaço. Ambos permitem a observação
de locais mais afastados do universo, a chamada energia escura.
De acordo com o coordenador do Projeto Bingo e professor
da USP, Elcio Abdalla, a energia escura é o maior componente do universo e 95%
de seu conteúdo é completamente desconhecido. Dessa porcentagem, 27% são
constituídos de matéria escura e apenas 5% podem ser observados diretamente, a
matéria bariônica.
"A grande maioria dos 5% [de matéria conhecida] é
constituída de hidrogênio. O hidrogênio emite um tipo de luz característico, a
chamada linha de 21 cm — onda eletromagnética de comprimento de onda de
aproximadamente 21 cm", explica o físico teórico.
Assim, por meio do mapeamento do hidrogênio e com
informações da teoria geral de distribuição de matéria e de atração
gravitacional, é possível, ao analisar esse tipo de onda, estabelecer uma
melhor compreensão da estrutura intrínseca do Universo e de seu setor escuro.
"A energia escura constitui mais de duas terças
partes do Universo material, sendo, portanto, essencial para entender que tipo
de expansão acontece no Universo. Sendo completamente desconhecida, essa parte
do universo pode trazer surpresas para nós, que não sabemos, no momento,
estimar o que ocorre com o setor escuro e se ele pode ser melhor estudado e até
mesmo usado para algo", afirma Abdalla.
Em razão disso, o radiotelescópio nacional também vai
observar e monitorar as chamadas Oscilações Acústicas de Bárions (BAO, na sigla
em inglês), estruturas que se estendem por cerca de meio bilhão de anos-luz no
espaço. A investigação é uma forma de restringir as propriedades da energia
escura para que seja possível compreender um pouco mais sobre a sua
natureza.
"Ambas as observações andam lado a lado, permitindo
assim que a ciência seja feita de modo efetivo e importante e captando
informações sobre a formação das primeiras estruturas, da formação de galáxias
e de estruturas ainda maiores", destaca o físico teórico.
As BAOs são tão importantes que são responsáveis por
parte do nome do telescópio, originado de uma sigla do inglês Baryon Acoustic
Oscillations (B) from Integrated (I) Neutral (N) Gas (G) Observations (O)
(Oscilações Acústicas de Bárions de Observações Integradas, em tradução livre),
ou seja, Bingo.
Fonte: Google Maps
A Importância do Bingo
Abdalla afirma ainda que as observações e conclusões
obtidas pelo equipamento brasileiro podem permitir, no futuro, uma compreensão
sofisticada do universo. Ele destaca que os resultados trarão, eventualmente,
fontes mais complexas de energia limpa, viagens constantes para fora da Terra,
prevenção de queda de asteroides e até a possibilidade de vida em outros
planetas.
“Essas são algumas das razões pelas quais o estudo da
astronomia e da cosmologia não é apenas uma curiosidade, mas algo útil e
economicamente viável. A ciência busca colocar um limite na obscuridade e
alcançar um espaço de destaque na humanidade”, diz o especialista.
A construção da estrutura física do Bingo é uma colaboração
entre Brasil e China. No total, para entrar em operação, o telescópio levou
cerca de dez a quinze anos desde as primeiras ideias até o início das
observações. Atualmente, Abdalla explica que o aparelho entrará em
funcionamento em até dois anos.
Bingo é o "James Webb brasileiro"?
Abdalla explica que, de modo geral, o último telescópio
espacial da Nasa e o projeto brasileiro se complementam. "O Bingo utiliza
dados de outros telescópios em sua calibração acerca do Universo, o complemento
sendo também verdadeiro. O cruzamento dessas informações é muito mais
importante que cada informação em si", afirma.
Desse modo, enquanto as informações do James Webb são
mais relevantes sobre o início do Universo, cerca de 500 milhões de anos após o
Big Bang, os dados que serão obtidos pelo Bingo se referem mais ao tempo em que
a energia escura se impôs como parte dominante.
*Estagiária do R7, sob supervisão de
Pablo Marques.
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