James Webb Volta Sua Atenção Para 'Dois Intrigantes Exoplanetas', Para Assim Treinar a Precisão de Seus Espectrógrafos
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (27/05) no
site ‘Olhar Digital’, destacando que
o Telescópio Espacial James Webb irá
mira a sua atenção para ‘dois intrigantes exoplanetas’ já conhecidos, para assim treinar a precisão de
seus espectrógrafos.
Brazilian Space
Ciência e Espaço
James Webb Mira Dois Intrigantes Exoplanetas Para
Treinar Precisão de Espectrógrafos
Por Flavia Correia
Editado por André Lucena
27/05/2022 14h07
Atualizada em 27/05/2022 - 15h04
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Ele já fez um registro sem
precedentes da Grande Nuvem de Magalhães e conseguiu até observar um
asteroide, provando que também é capaz de capturar objetos em movimento. E olha que o Telescópio
Espacial James Webb (JWST) ainda nem começou a trabalhar de verdade, estando em
fase final da calibração de seus instrumentos.
Imagem: muratart – Shutterstock
Lançado em 25 de dezembro de 2021, o Telescópio James Webb nem começou a fazer ciência, de fato, e já registrou imagens incríveis do universo. |
Estima-se que o observatório de
próxima geração comece a fornecer ciência, de fato, a partir do segundo
semestre. Entre as investigações planejadas estão estudos de dois exoplanetas
quentes que são classificados como “super-Terras”, devido ao seu tamanho e
composição rochosa.
Um deles é o 55 Cancri-e,
também conhecido como Janssen, que orbita a estrela 55 Cancri, semelhante ao
nosso Sol. O outro, “LHS 3844 b”, é um exoplaneta que orbita a anã vermelha LHS
3844.
Os pesquisadores treinarão os
espectrógrafos de alta precisão do telescópio nesses alvos com o objetivo de
entender a diversidade geológica de planetas em toda a galáxia e a evolução de
planetas rochosos como a Terra.
Crédito: NASA, ESA, CSA, Dani
Player (STScI)
Orbitando a menos de 2,4
milhões de km de sua estrela hospedeira (um vigésimo quinto da distância entre
Mercúrio e o Sol), 55 Cancri-e completa um circuito em menos de 18 horas. Com
temperaturas superficiais muito acima do ponto de fusão de minerais típicos
formadores de rochas, pressupõe-se que o lado diurno do planeta seja coberto
por oceanos de lava.
Acredita-se que planetas que
orbitam tão perto de sua estrela têm um lado voltado permanentemente para o
hospedeiro. Como resultado, seu ponto mais quente deve ser aquele que enfrenta
a estrela mais diretamente, e a quantidade de calor vindo do lado diurno não
deve mudar muito com o tempo.
Exoplaneta 55 Cancri-e Tem
Comportamento Inesperado
Mas este não parece ser o caso.
Observações do aposentado Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, sugerem que a
região mais quente é deslocada da parte que enfrenta a estrela mais
diretamente, enquanto a quantidade total de calor detectada varia.
Uma explicação para essas
observações é que o planeta tem uma atmosfera dinâmica que move o calor ao
redor. “55 Cancri-e pode ter uma atmosfera espessa dominada por oxigênio ou
nitrogênio”, explicou Renyu Hu, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da
NASA, que lidera uma equipe que usará a Câmera Infravermelha Próxima (NIRCam) e
o Instrumento Infravermelho Médio (MIRI) de Webb para capturar o espectro de
emissões térmicas do lado diurno do planeta.
“Se ele tem uma atmosfera, Webb
tem a sensibilidade e o comprimento de onda para detectá-la e determinar do que
ela é feita”, disse Hu.
Outra possibilidade intrigante,
no entanto, é que 55 Cancri-e não tem esse comportamento de manter uma face
bloqueada virada para sua estrela. Em vez disso, pode ser como Mercúrio, girando três vezes para cada duas órbitas (o que
é conhecido como uma ressonância 3:2). Como resultado, o planeta teria um ciclo
diurno.
“Isso poderia explicar por que
a parte mais quente do planeta está mudada”, explicou Alexis Brandeker,
pesquisadora da Universidade de Estocolmo que lidera outra equipe que estuda o
planeta. “Assim como na Terra, levaria tempo para a superfície aquecer. A hora
mais quente do dia seria à tarde, não bem ao meio-dia”.
A equipe de Brandeker planeja
testar essa hipótese usando o NIRCam para medir o calor emitido do lado
iluminado desse exoplaneta durante quatro órbitas diferentes. Se ele tiver uma
ressonância 3:2, os cientistas observarão cada hemisfério duas vezes e devem
ser capazes de detectar qualquer diferença entre os hemisférios.
Em tal cenário, a superfície
aqueceria, derreteria e até vaporizaria durante o dia, formando uma atmosfera
muito fina que Webb poderia detectar. À noite, o vapor esfriaria e condensaria
para formar gotículas de lava que voltariam à superfície, tornando-se sólidas
novamente ao cair da noite.
Telescópio James Webb Dará
Novas Perspectivas Sobre Planetas Semelhantes à Terra
Assim como 55 Cancri-e, LHS
3844 b orbita extremamente perto de sua estrela, completando seu ciclo em 11
horas. No entanto, como sua estrela é relativamente pequena e fria, o planeta
não é quente o suficiente para que a superfície seja derretida. Além disso,
observações indicam que é muito improvável que o planeta tenha uma atmosfera
substancial.
Embora não seja possível
registrar diretamente a superfície do LHS 3844 b com o Webb, a falta de uma
atmosfera torna possível estudar a superfície com espectroscopia.
“Acontece que diferentes tipos
de rocha têm espectros diferentes”, explicou Laura Kreidberg, do Instituto Max
Planck de Astronomia. “Você pode ver que granito é mais leve em cores do que
basalto. Há diferenças semelhantes na luz infravermelha que as rochas emitem”.
A equipe usará o MIRI para
capturar o espectro de emissão térmica do lado diurno da LHS 3844 b, e então
compará-lo com espectros de rochas conhecidas, como basalto e granito, para
determinar sua composição. Se o planeta for vulcanicamente ativo, o espectro
também pode revelar a presença de vestígios de gases vulcânicos.
A
importância dessas observações vai muito além de apenas dois dos mais de 5 mil exoplanetas confirmados. “Eles nos darão novas
perspectivas fantásticas sobre planetas semelhantes à Terra em geral, nos
ajudando a aprender como a Terra primitiva poderia ter sido quando estava
quente como esses planetas são hoje”, disse Kreidberg.
Essas
observações de 55 Cancri-e e LHS 3844 b serão conduzidas como parte do Programa
de Observações Gerais do Ciclo 1 de Webb, aguardado para ter início em junho.
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