Artigo - Caça às Bruxas

Ola leitores e leitoras do BS!
 
Por Duda Falcão
 
Na semana passada postei aqui um artigo do Dr. Waldemar Castro Leite Filho (veja aqui), publicado que foi no seu blog 'Memórias de Um Pesquisador', que descrevia com propriedade e de forma clara, um dos problemas institucionais que contribuíram hoje para a quase que total 'inatividade de resultados' do outrora produtivo Instituto de Aeronáutica Espaço (IAE).
 
Pois então amigos leitores, fruto da falta de atitude de uma instituição que deveria sempre identificar e fazer as mudanças necessárias em busca pela 'excelência de resultados', o Comando da Aeronáutica (COMAER) pisou na bola feio quando permitiu que fatos negativos se sucedessem e se acumulassem por décadas, erro que certamente haveria em algum momento cobrar o seu preço, transformando o instituto hoje em uma instituição improdutiva que vive da lembrança do que já foi um dia.
 
Pois então, dando continuidade ao excelente trabalho que vem realizando em seu Blog, o Dr. Waldemar postou ontem (08/05), outro interessante artigo embasado em sua longa experiência como pesquisador do IAE, que trás a tona para a Sociedade Brasileira outro problema institucional que contribuiu efetivamente para a caricatura de instituto de pesquisa que o IAE se transformou. Vale a pena conferir abaixo.
 
CAÇA ÀS BRUXAS
 
Por Dr. Waldemar Castro Leite Filho
Blog Memórias de um pesquisador
Publicado em 08 de maio de 2022
Fonte: Blog Memórias de Um Pesquisador
 
Quando entrei no IAE, eu não tinha a percepção do que a troca de um diretor poderia ou deveria significar.  A cada 2 anos tínhamos um novo diretor.  Evidentemente, a chegada de um novo chefe, sempre traz uma expectativa de dias melhores, de alguma novidade boa.
 
Entretanto, quando um novo chefe chegava e lhe era relatado os problemas institucionais, nos era transmitido a seguinte mensagem: quero deixar claro que não vim caçar bruxas!  Isso aconteceu diversas vezes.
 
Não sei qual era exatamente o significado que os recém empossados davam a essa expressão.  Talvez quisessem tranquilizar os funcionários de que não haveria busca por culpados ou mesmo que não seriam punidos por erros cometidos.
 
Contudo, na minha percepção, os problemas existentes só pioravam e novos apareciam.  Então esse “mantra” começou a ter um outro sentido aos meus ouvidos.  O que significaria caçar bruxas?
 
Se problemas são causados por pessoas, como resolvê-los com as mesmas pessoas?  Dando treinamento? E se o problema não fosse falta de treinamento e sim falta de vergonha na cara?
 
Não responsabilizar as pessoas pelos seus atos não as tornam mais responsáveis e cuidadosas.  Muito pelo contrário, perpetua-se as atitudes irresponsáveis.
 
Além disso, percebi que manter os maus funcionários permitia-lhes sabotar o trabalho daqueles que queriam ver as coisas acontecerem.  Afinal, se o trabalho fosse efetivamente realizado por outrem, ficaria claro sua própria incompetência ou negligência.
 
Um exemplo simples e real.  Imagine que se tenha um grupo que não faz o seu trabalho direito e o gestor, então, contrata uma empresa para fazer aquele trabalho.  Como a legislação exige que tal contrato seja acompanhado, o gestor indica o grupo que não fez para julgar aquele que está fazendo.  Qual será o resultado disso?  O grupo que não fez o seu trabalho fará tudo para que esse contrato não seja concluído.
 
Em outras palavras, as bruxas estavam nos assombrando mesmo e precisavam ser caçadas.  O que nunca aconteceu.  “A impunidade tolerada pressupõe cumplicidade – Marquês de Maricá”
 
“O maior erro de um gestor é tratar o bom funcionário e o ruim da mesma forma.  O bom desanima e o ruim não melhora.”

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