Novas Informações Sobre a Missão Innospace/SISNAV

Olá leitores e leitoras do BS!
 
Por Duda Falcão
 
Pois então, na semana passada, algum tempo depois de publicarmos no dia 03/05 nosso primeiro artigo sobre o anuncio feito pela empresa Innospace (veja aqui), no dia seguinte outros sites da internet como o 'Canaltech', 'Defesa Aérea e Naval', 'Jornal Pequeno', 'Poder Aéreo', bem como também a própria 'AEB' (esta só no dia 05/05) publicaram a notícia, alguns deles até com novos fatos que em parte esclareciam algumas ponderações feitas por mim, tanto neste primeiro artigo, como no segundo postado no dia 04/05 (veja aqui).
 
Acontece que, apesar disso, como o leitor poderá observar logo abaixo, o tal acordo da Inonospace com o DCTA, anunciado pela empresa no dia 03/05, só foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 05/05 (mesmo dia da nota oficial da AEB, como era de se esperar), e isto através de um 'EXTRATO DE ACORDO DE PARCERIA', mas que na verdade infelizmente não esclarece os pormenores deste acordo, como deveria ser, e que esperamos venha ocorrer mais a frente.
 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AEROESPACIAL
 
EXTRATO DE ACORDO DE PARCERIA
 
1) PARTÍCIPES: Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e a Innospace do Brasil Eireli (INNOSPACE do Brasil)
2) INSTRUMENTO: ACORDO DE PARCERIA Nº001/DCTA/2022.
3) OBJETO: Definir linhas gerais de cooperação estratégica entre os Partícipes visando o desenvolvimento técnico e operacional das equipes do DCTA nas operações com veículos à propulsão híbrida, o aprestamento das equipes responsáveis pelos sistemas de rastreio, telemetria e de segurança de voo em operações complexas com veículos lançadores controlados, bem como realizar o ensaio em voo do sistema de navegação inercial (SISNAV).
4) Data de Assinatura: 11 de abril de 2022.
5) Signatários: pelo DCTA, o Diretor-Geral Tenente Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros e, pela INNOSPACE, o Diretor Administrativo - Sr. Ju Hyun Gong e o Diretor de Negócios - Sr. Élcio Jeronimo de Oliveira. 
 
Assinado: Tenente Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, Diretor-Geral do DCTA.
 
Notem vocês que, segundo o Extrato acima, o tal acordo foi na realidade assinado no dia 11 de abril, ou seja, quase um mês antes de ser anunciado pela empresa. Será que eles cansaram de esperar? rsrsrsrsrsrs. E pelo que parece amigos, como eu havia dito no primeiro artigo, esse tal Acordo de Parceria entre as partes pode ser mesmo baseado naquela coisa do 'uma mão lava a outra'.
 
Já quanto ao foguete sul-coreano, os artigos publicados (uns mais completos que os outros), descrevem o tal veículo suborbital  'HANBIT-TLV' como um foguete de propulsão híbrida, que terá 15 toneladas de empuxo, composto por apenas um único estágio, tendo uma altura de 16,3m, o motor com 1 metro de diâmetro e um peso de 9,2 toneladas. Ou seja, um foguete suborbital pesado e bastante alto (pouco mais alto e poderoso que o nosso exitoso VSB-30), porém vale lembrar que o mesmo é ainda apenas um protótipo e que sequer foi testado em voo.
 
Pois então, diante deste momento atual do foguete sul-coreano, na minha opinião essa situação coloca o nosso primeiro protótipo de voo do SISNAV em grande risco, pois além do fato de não ser prudente colocar um Sistema de Navegação Inercial (um sistema crítico e extremamente estratégico para qualquer nação do mundo) em desenvolvimento abordo de um foguete estrangeiro (mesmo querendo acreditar que a FAB tenha tomado todas as providencias), o fato deste foguete não ter um histórico de voos e de nada igual ter sido realizado no mundo com propulsão híbrida (pelo menos até onde sei), temo muito que algo venha a sair errado, e o nosso SISNAV vá então para as cucuias. É bom a FAB atentar para isso, afinal exemplos não faltam (inclusive dentro do próprio PEB), e já passou da hora de aprender com os erros. Se dé merda, iremos cobrar responsabilidades.
 
E ai amigos leitores, fico a me perguntar: "Caso realmente o VS-50 tenha morrido no nascedouro ou irá atrasar devido a situação da Avibrás, será que o foguete VS-40 que tanto foi elogiado pelos europeus quando da exitosa missão de lançamento do 'Experimento SHEFEX II' não poderia cumprir essa missão???" Fica aí a pergunta para qualquer especialista que quiser responder essa questão.
 
Falando do SISNAV, a matéria do site Canaltech trás uma foto (veja abaixo) do que parece ser um 'Modelo de Engenharia' deste 'Sistema de Navegação Inercial Brasileiro' que, segundo o site, realizou um teste a bordo de uma aeronave da FAB, mas contudo sem informar quando foi realizado este teste.
 
Fonte: Canaltech
O SISNAV, tecnologia brasileira, durante um teste realizado a bordo de uma aeronave da FAB.

Já a nota oficial da AEB complementa informando que, o que será verificado neste teste, será se o SISNAV funciona bem em ambientes específicos, como de vibração, choque e alta temperatura, que ocorrem em todo o processo, desde a decolagem e durante o voo transatmosférico.
 
Bom amigos leitores, após colocar os olhos nesta foto do SISNAV, fiquei me perguntado se não seria muito mais produtivo se tivéssemos um sistema de navegação inercial de menor massa e talvez até mais tecnologicamente avançado, como por exemplo a PINA-F da startup espacial brasileira 'CLC Consultoria' que, em breve, estará realizando seu voo de qualificação.
 
Sendo assim, fui na fonte, e mostrei essa foto ao Dr. Waldemar Castro Leite Filho, que então fez a seguinte ponderação:
 
"Duda, o tamanho em si não é problema  se ela é mais precisa do que a Pina-F.  Por exemplo, a precisão do giro está ligada diretamente ao tamanho do giro.  Então a minha plataforma hoje ela tem giros digamos de três a cinco graus por hora.  Então eles são pequenos.  São menores que 10 centímetros, por isso que a Pina é pequena. Se você precisasse de mais precisão do tipo, 0,1 grau por hora, que é uma plataforma que faz auto-alinhamento.  Eu não sei se o SISNAV está em condições de fazer auto-alinhamento, depende da precisão, mas se tiver uma precisão de 0,1 grau por hora, o giro, talvez sejam o triplo do tamanho desse, então o volume fica maior. Volume é uma coisa, massa é outra, ele pode ter um volume grande mais uma massa proporcional a digamos assim, na mesma proporção que a minha. Se eu tivesse um volume o dobro ou o triplo, o peso não seria o dobro ou o triplo, porque tem volume de ar lá dentro.  Ela não é maciça, não é totalmente homogênea.  Desconheço o peso dela para dizer se é excessivo.  Tem que ver como está seu interior. Como é que a gente vai saber se é razoável ou não? Pela precisão, por isso que é importante saber qual a precisão final dessa plataforma.  Qual a precisão que conseguiram chegar? Se for uma precisão grande então o volume se justifica, o peso talvez não, mas o volume sim.   Também tem que ver qual a potencia necessária para o funcionamento.  Nossa PINA_F é menor do que dez Watts, eu não sei a potencia do SISNAV que eles estão usando.   Nosso peso é 1,2 Kg, bem levinha e bastante robusta. Assim, para ser robusta não precisa ser grande não e a Pina-F é extremamente robusta e pequena.  Para uma melhor avaliação é preciso ver as especificações dela", finalizou este grande especialista da área de Sistemas Inerciais no Brasil.
 
Bom amigos leitores, já que não há como mudarmos toda essa programação tremendamente arriscada, só nos resta agora respirar fundo e torcer, torcer muito para que tudo venha dar certo, é que o SISNAV possa cumprir sua missão como se espera.
 
Saravá meu pai!

Comentários

  1. O PEB é uma cabala. E acho que nem os mestres cabalistas o entende. Saravá!

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