Versão Oficial Sobre os Acordos Assinados Entre AEB/NASA

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (28/10) no site da Agência Espacial Brasileira (AEB) destacando na versão oficial da AEB sobre os acordos assinados com o administrador da NASA, Charles Bolden, durante a sua visita ao INPE dia 27/10.

Duda Falcão

Notícias

AEB e NASA: Acordos Sobre Mudanças
Climáticas, Desastres Naturais
e Camada de Ozônio

CCS\AEB
28-10-2011

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, recebeu o Administrador da NASA (Agência Espacial dos Estados Unidos), Charles Bolden, que desembarcou no Aeroporto de Guarulhos, na noite de quarta-feira, 26 de outubro, em sua primeira visita ao Brasil. Raupp saudou o visitante em nome do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, e da própria AEB, e frisou a relevância de ampla e profunda cooperação espacial entre Brasil e EUA.

No dia seguinte, quinta-feira, 27, Raupp e Bolden voltaram a se encontrar em São José dos Campos, nas instalações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante a visita ao Administrador da NASA a essa importante instituição do Programa Espacial Brasileiro. Na ocasião, eles firmaram dois acordos de cooperação: um sobre a participação do Brasil no Programa de Medição de Precipitação Global (GPM) e o outro sobre o lançamento de sondas para o estudo da camada de ozônio.

Pelo primeiro acordo, Brasil terá acesso a dados gerados pela constelação de satélites do GPM, programa dos Estados Unidos e Japão criado para monitorar por satélites as precipitações na atmosfera, em alta resolução temporal, no mundo inteiro.

A constelação GPM, que começará a ser lançada em 2013, permitirá estimar mudanças climáticas e meteorológicas, aperfeiçoar a previsão do tempo e dar mais eficácia aos sistemas de alertas de desastres ambientais, como tempestades, tormentas, relâmpagos, enxurradas, inundações etc. O programa também fornecerá dados precisos sobre as características das chuvas em cada área do planeta, além de criar mapas em três dimensões revelando a estrutura das precipitações.

Para o Brasil, o pleno uso dos dados do GPM beneficiará várias áreas em larga escala, a começar pelo Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para enfrentar com os recursos mais modernos e eficientes as calamidades espontâneas que têm causado tantas perdas e danos em todo o país.

O Ministério da Integração Nacional também está interessado no acesso aos dados do GMP, que considera de extrema valia para o trabalho do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), que está sendo estruturado por sua Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC). Proposta de parceria com a SEDEC já chegou à AEB, nesta sexta-feira.

O AEB propôs registrar no acordo o estudo da possibilidade de desenvolvimento conjunto com a NASA de um satélite para compor a constelação GPM. Mas a proposta não pôde ser incluída no texto, em vista de dificuldades orçamentárias por que passa a NASA. Contudo, a ideia como um projeto futuro não está inteiramente descartada.

O segundo acordo assinado por Raupp e Bolden prevê que o IINPE lance sondas de ozônio conectadas a balões atmosféricos em território brasileiro, permitindo uma compreensão melhor sobre o funcionamento da camada de ozônio da Terra. Os equipamentos serão cedidos pela NASA, que também será responsável pela formação de profissionais. Os dados gerados pelas sondas estarão disponíveis a ambos os países.

O Diretor do INPE, Gilberto Câmara, apresentou à delegação norte-americana o projeto Observatório Global do Ecossistema Terrestre (GTEO), na sigla em inglês), elaborado em parceria com o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA. Trata-se de um satélite pleno de tecnologia altamente inovadora, destinado a estudar mudança nos ecossistemas e nos ciclos geoquímicos do planeta, inclusive medindo sua vegetação e o comportamento dos oceanos.

Bolden ainda teve tempo para um encontro com crianças e adolescentes do Vale do Paraíba, entre os quais um grupo de alunos de uma escola municipal de Ubatuba, que está construindo um pequeno satélite. O visitante revelou-se exímio comunicador. Proferiu palestra pautada de momentos inesperados, emocionantes e divertidos. A conversa agradou em cheio a crianças e adultos. Liberados pelo conferencista para formularem qualquer tipo de perguntas a qualquer instante, os pequenos levantaram dezenas de questões, as mais diferentes. Foi uma festa.

Ao final, Bolden cumprimentou os alunos pela qualidade das perguntas e pelo alto nível de curiosidade manifestada sobre temas espaciais. E tirou dezenas de fotos com todos eles, encantados com sua forma simpática e agradável de lidar com os jovens, a quem recomendou: estudam muito, procurem estar entre os melhores naquilo que fazem e não tenham medo de fazer perguntas, nem de errar.

Durante o magnífico almoço oferecido aos visitantes pelo INPE, Raupp teve oportunidade de reafirmar a Bolden o grande interesse do Brasil em desenvolver com os Estados Unidos um programa de cooperação espacial bem mais abrangente, intenso e profundo do que o atual. Por seu turno, o Administrador da NASA, que pela primeira vez pisou em solo brasileiro, não se cansou de repetir o quanto estava satisfeito e grato por tudo o que lhe tinha sido dado ver, ouvir e conversar no Brasil.

Fonte: Agência Espacial Brasileira (AEB)

Comentário: Poís é leitor, como havíamos dito em comentário anterior sobre a primeira matéria da Folha de São Paulo relativa essa visita do diretor da NASA (veja a matéria “Brasil/NASA Vão Estudar Juntos Clima e Camada de Ozônio”) não havia possibilidade nenhuma de compartilhamento de equipamentos de tecnologia americana com a AEB sem ser assinado antes um acordo de Salvaguardas Tecnológica. Os acordos assinados são restritos a troca de dados e ao uso de sondas atmosféricas em pesquisas conjuntas e só. Na realidade leitor o que o Marco Antônio Raupp está querendo quando diz que o Brasil tem interesse em desenvolver com os Estados Unidos um programa de cooperação espacial bem mais abrangente, intenso e profundo do que o atual é tentar buscar um acordo com a NASA que seja semelhante ao que os hermanos argentinos têm há anos com a agência espacial americana. A dificuldade consiste na falta do acordo de Salvaguardas Tecnológicas que creio nossos hermanos argentinos já tenham ratificado a mais de 15 anos. É por conta disso que projetos com o GPM-BR e esse novo projeto de satélite apresentado pelo INPE nesta visita, ou qualquer projeto que envolva compartilhamento de alta tecnologia espacial americana com AEB, não tem qualquer possibilidade de êxito sem que seja assinado o acordo e ratificado pelo Congresso Brasileiro e pelo Congresso Americano, coisa muito difícil de acontecer. Não é por acaso que o administrador da NASA e sua assessoria ouve, anota e faz de conta que não ouviu e evita fazer qualquer comentário sobre o assunto. Se o Brasil quer realmente assinar acordos significativos que envolvam projetos espaciais com a NASA como ocorre com os hermanos argentinos, terá ainda um longo, desgastante e difícil caminho pela frente.

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