Brasil Reforça Programa Espacial

Olá leitor!

Segue abaixo uma interessante matéria publicada hoje (16/10) no site do jornal “Gazeta do Povo” de Curitiba (PR) a suposta nova cara do Programa Espacial Brasileiro.

Duda Falcão

VIDA E CIDADANIA >> TECNOLOGIA

Brasil Reforça Programa Espacial

País busca dominar tecnologia bem-sucedida em outros países,
com o lançamento de quatro satélites e a construção de um foguete

Paola Carriel
Jornal Gazeta do Povo
Publicado em 16/10/2011

Divulgação
Reorganização do setor é uma estratégica que pode gerar
um salto de desenvolvimento tecnológico

O Programa Espacial Brasileiro receberá R$ 2,1 bilhões de investimentos federais nos próximos quatro anos. Entre as principais metas estão o lançamento de quatro satélites e a construção de um foguete. Os recursos estão previstos no Plano Plurianual (PPA) de 2012-2015 e têm o objetivo de reestruturar a política espacial do país. Para especialistas, a reorganização do setor é estratégica e pode gerar um salto de desenvolvimento tecnológico no Brasil.

Ainda que a área espacial demande mais orçamento (a Índia, por exemplo, investe US$ 1 bilhão por ano), o valor do PPA é muito superior aos US$ 8 milhões de 1998, ano com menor repasse para o programa. Em 2010, foram R$ 300 milhões.

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Há 9 anos, explosão no lançamento de foguete
matou 21 técnicos do programa
Investir em política espacial significa, basicamente, trabalhar com o desenvolvimento de satélites e de foguetes para enviá-los ao espaço. Para fins civis, os satélites têm duas funções primordiais. A primeira é o monitoramento do clima, do desmatamento e de queimadas. A segunda está ligada às telecomunicações, à transmissão do sinal de televisão e rádio, por exemplo.

“É imprescindível ao país dominar as Ciências Espaciais. Precisamos defender nossas fronteiras, apoiar a defesa e integrar o país por meio das telecomunicações”, diz o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia, Ivanil Elisiário.

Para o presidente da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), Paulo Moraes Junior, os novos recursos do PPA permitiriam levar o Programa Espacial Brasileiro a um novo estágio. “As principais metas para o setor nos próximos anos relacionam-se à ampliação do ‘acesso ao espaço’, através do desenvolvimento de novos veículos lançadores de satélites e de novos satélites”, explica Junior, também coordenador do Programa de Veículos Lança¬dores Cru¬zei¬ro do Sul.

Soluções Cotidianas

Por trás do investimento no espaço, o Brasil tenta dominar um processo de desenvolvimento tecnológico que se provou bem-sucedido em outros países. Inovações que aparecem no setor aeroespacial têm o potencial de se transformar em soluções para uso comum, como mostra a experiência da NASA, a agência espacial norte-americana, dona de diversas patentes comercializadas ao redor do mundo. O “travesseiro da NASA” não leva esse nome por acaso.

No caso brasileiro, mesmo com mais investimento, o programa espacial ainda terá de superar algumas barreiras. A primeira é acelerar o desenvolvimento dos equipamentos. O governo pretende colocar em órbita no ano que vem um primeiro satélite, mas ele terá de ser comprado de fornecedores estrangeiros, o que pode atrasar o plano de um equipamento novo por ano.

Outro gargalo é a falta de mão de obra. Segundo o sindicato da categoria, nos próximos 10 anos metade dos profissionais vai se aposentar e não haverá pessoas para substituí-los. Como não foram abertos concursos nos últimos anos, os atuais técnicos não terão tempo de repassar o conhecimento adquirido durante décadas.

Para especialistas no setor, o grande problema é que apenas três universidades no país têm cursos de Engenharia Espacial. Uma delas, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), abriu a graduação apenas em 2010. A Universidade de Brasília pretende iniciar o curso em 2012. Com isso, faltam engenheiros “prontos” no mercado.

União com a Ucrânia Gera Controvérsias

A decisão de o Brasil se unir à Ucrânia para realizar o desenvolvimento de foguetes para o lançamento de satélites é criticada por parte da comunidade científica brasileira. Isso porque o país investiu até agora um montante superior ao desembolsado pela nação européia, e ainda haveria problemas com a tecnologia utilizada. As negociações começaram em 1999 e o acordo foi firmado em 2003.

Para iniciar as operações, os dois países criaram uma empresa binacional chamada ACS (Alcântara Cyclone Space), que vai operar na base de Alcântara, no Maranhão. Enquanto o Brasil já teria investido pouco mais de R$ 200 milhões, a Ucrânia desembolsou metade da cifra. Em junho de 2011, o governo brasileiro decidiu não liberar mais R$ 50 milhões previstos, enquanto os ucranianos não derem sua contrapartida.

O foguete ucraniano pode levar satélites de pequeno porte, mas as empresas privadas trabalham com satélite de médio porte. O blogueiro Duda Falcão, criador de um dos maiores blogs nacionais sobre política espacial, aponta outro problema. O tipo de combustível usado nos foguetes, a hidrazina, é considerado prejudicial à saúde e pode causar danos ao meio ambiente. Há também conflitos com comunidades quilombolas da região.

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METAS

Veja o que o PPA prevê até 2015.

- Ampliação do orçamento para R$ 2,192 bilhões no período.

- Contratar o desenvolvimento do primeiro satélite do Sistema Geoestacionário Brasileiro (SGB).

- Contratar o desenvolvimento, pela indústria nacional, de satélite radar.

- Implantar o sistema de monitora¬me¬¬nto de clima espacial até 2013.

- Lançar quatro satélites.

- Lançar 40 foguetes suborbitais e de treinamento.

- Certificar o foguete ucraniano Cyclone-4 até 2012.

- Promover a inserção do país no mercado mundial de lançamentos comerciais de satélites com a ACS.

- Lançar dois microssatélites.

- Realizar quatro eventos relacionados à divulgação da área espacial em todos os níveis de ensino, como olimpíadas e competições de foguetes e satélites educacionais.

- Atração, formação e capacitação de pessoal para o setor espacial, contribuindo para a popularização.

- Testar até 2013 o veículo lançador de satélite (VLS).

PESQUISAS

Objetivo é superar tragédia de 2003

O Programa Espacial Brasileiro (PEB) teve início na década de 60 e tinha o objetivo de desenvolver satélites e foguetes genuinamente brasileiros. No decorrer dos anos, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ficou com a missão de criar satélites e a Força Aérea Brasileira (FAB) de desenvolver os foguetes. As pesquisas com satélites foram mais bem-sucedidas e, na década de 90, o Brasil conseguiu levar ao espaço os primeiros produtos do PEB.

Já o desenvolvimento de foguetes não foi tão bem-sucedido e causou em 2003 um acidente em Alcântara (MA) no qual morreram 21 técnicos do programa. Antes disso, outras duas tentativas já haviam sido frustradas. Agora, a expectativa do governo federal é que apenas em 2013, ou seja, 10 anos depois do acidente no Maranhão, ocorram os primeiros testes com o novo Veículo Lançador de Satélites (VLS).

Civis ou Militares

Coordenador de gestão tecnológica do Inpe, Marco Antonio Chamon explica que o desenvolvimento de foguetes é mais complicado por envolver uma tecnologia dual, que pode ser usada tanto para fins civis como militares. Ele explica que há restrições para compra e venda de materiais. Há países, como o Irã, que encontram dificuldade nesse tipo de comércio mundial. Outra barreira é que, por exemplo, a tecnologia norte-americana não pode ser partilhada com produtos chineses. “O satélite se beneficia de mercado internacional aberto, onde pode haver cooperação”, diz Chamon.

Outro ponto lembrado pelo coordenador de gestão tecnológica do INPE é que o Brasil usa a política espacial somente para fins pacíficos. Os maiores países investidores nesse setor têm preo¬cupações militares, o que infla os orçamentos.

Para o primeiro presidente da Agência Aeroespacial Brasileira (AEB), Luiz Gylvan Meira Filho, a alta tecnologia exige grande investimento público. “Os recursos governamentais têm de ser previsíveis. É prejudicial para programas de engenharia ter um fluxo de recursos que sobe e depois cai muito.” Em 1994, o órgão foi criado para reorganizar o setor e foi de Meira Filho a iniciativa de criar o primeiro Programa Nacional de Atividades Espaciais. (PC)


Fonte: Site do Gazeta do Povo - 16/10/2011

Comentário: Em primeiro lugar gostaria de parabenizar a jornalista paranaense Paola Carriel pela grande matéria. Entretanto, vamos procurar ser objetivos e realistas, o fato desses planos todos constarem no Plano Plurianual (PPA) não significa exatamente que serão cumpridos e na realidade o histórico demonstra o contrario. Que me perdoem os otimistas de plantão, mas em minha modesta opinião nem 50% disso será realizado. Se não vejamos, já estamos na segunda quinzena de outubro e após 10 meses de governo DILMA o que exatamente foi realizado além de inúmeras promessas que se acumulam feitas pelo ministro Mercadante? Ora, me faça uma garapa, quem quer realiza, é de pouco conversa e muita ação e como vemos não é o caso. Porém, nada diferente poderia se esperar de um menetrel de carreira. Lamentável!

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