Rumo ao Lançamento de Satélites
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria publicada na edição de “Out., Nov. e Dez de 2011” da revista “AEROVISÃO” da Força Aérea Brasileira (FAB) destacando que o VLS encontra-se em fase final de preparação para o lançamento dos seu dois vôos tecnológicos (VLS-1 XVT-01 e XVT-02) em 2012 e 2013 respectivamente.
Duda Falcão
TECNOLOGIA ESPACIAL
Rumo ao Lançamento de Satélites
O projeto Veículo Lançador de Satélites (VLS) passou por
uma rigorosa revisão nos últimos oito anos; entre 2012 e 2013,
serão realizados os ensaios finais antes do teste final, que
ocorrerá no Centro de Lançamento de Alcântara (MA)
FLÁVIA SIDÔNIA
O mês de dezembro de 2012 marcará um importante passo da Força Aérea em direção à independência tecnológica espacial do Brasil. Um novo protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS) realizará um ensaio em vôo e testará melhorias e avanços tecnológicos implementados nos últimos oito anos no projeto, segundo previsão do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), unidade ligada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) que coordena o projeto.
O VLS, que atualmente está em fase de revisão, será capaz de colocar em órbita um satélite de 115 kg, a 750 km de altitude. Separada em subdivisões, o protótipo terá os motores do primeiro e segundo estágios acionados para avaliação, em ensaio a ser realizado pelo IAE. Esse será o primeiro teste do tipo, após o grave acidente que ocorreu na preparação do terceiro VLS em 2003.
“Em oito anos, houve uma mudança de tecnologia e muitos componentes foram modificados. Houve testes e revisões; todos os sistemas foram revisitados. Em alguns componentes, apenas confirmamos a operacionalidade e outros foram melhorados”, explica o Diretor do IAE, Brigadeiro Engenheiro Francisco Carlos de Melo Pantoja, o que incluiu os sistemas propulsivos, elétricos, de segurança e pirotécnicos. Em 2013, está previsto um outro ensaio em vôo mais completo, que testará todos os motores do VLS.
O lançamento será realizado em uma nova torre móvel, construída no Centro de Lançamento de Alcântara (MA). Com altura aproximada de um prédio de dez andares, ela tem conclusão prevista para dezembro desse ano. “Fisicamente ela está pronta, estamos concluindo uma fase de testes”, afirma o Brigadeiro Pantoja. A nova estrutura possibilitará maior nível de automação nas ações efetuadas e reduzirá o número de profissionais necessários para operá-la. “Anteriormente, não havia um limite máximo de pessoas atuando. O número era estabelecido gerencialmente e, dependendo da situação, 21 profissionais trabalhavam nela ao mesmo tempo. Agora são necessárias no máximo seis pessoas”, destaca. O acidente de 2003 destruiu a torre anterior.
Capacidade – A nova torre de lançamento possui equipamentos para registrar todos os eventos, ações e decisões efetuadas em cada lançamento e envia tais informações para o centro de controle. “Tudo o que foi feito, o que aconteceu, quem autorizou e quando ocorreu, ficará gravado. Em qualquer lançamento, teremos muito mais condições de verificar e avaliar os motivos do sucesso ou do insucesso. Também será possível obter todas as informações para a manutenção”, explica o Diretor do IAE. Dominar o ciclo de construção de foguetes e de lançamentos dará ao Brasil independência tecnológica na área espacial.
Outra mudança importante tem relação com as mudanças climáticas, que podem interferir diretamente nos lançamentos. Por ser uma torre móvel, a nova estrutura possibilita a realização de deslocamentos de forma muito mais rápida. “Se durante os preparativos para o lançamento for verificada mudança de tempo, na hora, a torre pode ser deslocada [sob trilhos]. O tempo nessa mudança foi reduzido, se comparado à torre antiga”, afirma o diretor do IAE. Além das melhorias operacionais, a nova estrutura ainda possibilitará mais segurança aos operadores. Nela, foram instalados dispositivos de escape rápido que podem ser utilizados conforme a situação.
Os avanços com pesquisa e desenvolvimento de um veículo lançador de satélites são estratégicos e de fundamental importância para soberania brasileira na área espacial. “O conhecimento e a tecnologia são nacionais. Por ser um projeto do IAE em consórcio com uma empresa nacional, conseguimos uma maneira de passar conhecimento para a nossa indústria”, afirma o Brigadeiro Pantoja.
Futuro – Focado nas necessidades futuras do mercado e em paralelo ao VLS, o IAE já trabalha no desenvolvimento de veículos lançadores de micro-satélites, o VLM. “Estamos pensando a médio prazo. Um novo nicho de mercado que identificamos foi o de lançadores de satélites desse porte. Para isso, estamos utilizando todo o aprendizado obtido com o VLS”, explica.
Outra vertente trabalhada no IAE é o desenvolvimento da família de veículos lançadores de satélites Cruzeiro do Sul. O programa visa atender missões do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), e missões internacionais, tanto em termos de porte dos satélites como em termos de altitude e de inclinação de órbita.
A família é constituída por cinco novos lançadores, denominados segundo as estrelas do Cruzeiro do Sul. Para cada um deles está previsto transporte de um montante de carga até uma determinada órbita. “Temos notado uma necessidade crescente de veículos cada vez maiores e de órbitas mais ousadas. Estamos nos estruturando para ver, estrategicamente, qual desses lançadores iremos desenvolver, qual tecnologia precisamos e qual deles pode ser comprado, já que não é necessário desenvolver todos”, destaca o brigadeiro Pantoja, explicando que a FAB tem muito a contribuir com a indústria espacial, assim como fez com a indústria aeronáutica.
Fonte: Revista Aerovisão da FAB - núm 231 – Out., Nov. e Dez. de 2011 - Págs. 20, 21 e 22
Comentário: Essa interessante matéria da revista Aerovisão nos trás um pouco de tranqüilidade quanto à manutenção do cronograma dos vôos tecnológicos do VLS-1 para dezembro de 2012, e o segundo vôo em 2013, já que como estamos em outubro, nos leva a acreditar que o IAE já tenha essa certeza. Entretanto, em nossa modesta opinião, o ultimo parágrafo da matéria é uma clara demonstração do reconhecimento do IAE de que o instituto perdeu a guerra para os energúmenos de Brasília, e de que o mesmo precisa adotar uma nova estratégia para que pelo menos um dos veículos lançadores do visionário programa Cruzeiro Sul seja efetivamente desenvolvido. É uma pena, mas fazer o que? Se estivéssemos em guerra, era fácil, mandava todos eles para o “el paredon”, bastando para isso acusá-los de traidores da pátria.
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