Físicos da 'Universidade de Viena' Simulam o 'Espaço-Tempo Curvo' Descrito Por Einstein Usando um 'Processador Quântico'
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma curiosa notícia postada ontem (22/05), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que Físicos da Universidade de
Viena, na Áustria, usaram um tipo especializado de processador quântico - um simulador
quântico - para criar um análogo em laboratório do espaço-tempo curvo descrito
por Einstein. Saibam mais sobre
essa história pela nota abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Espaço-Tempo Curvo é Simulado Junto Com Mecânica Quântica
Redação do Site Inovação Tecnológica
23/05/2023
[Imagem: NASA/TU Wien]
Ao fundo, o efeito da lente gravitacional, explicado pela relatividade. As partículas quânticas permitem estudar efeitos análogos em laboratório. |
Do Relativístico ao Quântico
Físicos da Universidade de Viena, na Áustria, usaram um
tipo especializado de processador quântico - um simulador
quântico - para criar um análogo em laboratório do espaço-tempo curvo
descrito por Einstein.
A ideia básica por trás de um simulador quântico é
simples: Muitos sistemas físicos são semelhantes; mesmo que sejam tipos
totalmente diferentes de partículas ou sistemas físicos, ou em escalas
diferentes, que à primeira vista pouco tenham a ver uns com os outros, esses
sistemas podem obedecer às mesmas leis e equações em um nível mais profundo.
Isso significa que se pode aprender sobre um determinado
sistema estudando outro mais simples e controlável.
Por exemplo, um dos maiores enigmas da ciência na
atualidade está na unificação da Teoria da Relatividade, que funciona bem
quando você quer explicar fenômenos em escala cósmica, como as ondas gravitacionais,
e a Teoria Quântica, que funciona bem ao descrever fenômenos na escala das
partículas, como o comportamento de elétrons individuais em um átomo. Essa
longamente sonhada "teoria
quântica da gravidade" é considerada uma das importantes tarefas não
resolvidas da ciência.
Realidade Cósmico-Microscópica
Entre as razões que explicam essa agenda em aberto estão
o fato de que a a matemática envolvida é altamente complicada e que é quase
impossível pensar em experimentos adequados que reúnam os dois reinos.
É aí que entra o simulador quântico: Tudo o que se tem a
fazer é criar situações em que fenômenos da Teoria da Relatividade desempenhem
um papel importante, como um espaço-tempo curvado por massas pesadas, e, ao
mesmo tempo, efeitos quânticos se tornem visíveis, como a natureza dual da luz,
que pode ser uma partícula e uma onda.
Foi justamente isso que Mohammadamin Tajik e seus colegas
conseguiram fazer agora: Eles comprovaram que seu simulador quântico produz um
análogo válido dessa realidade cósmico-microscópica.
"Agora conseguimos mostrar que podemos produzir
efeitos dessa maneira, que podem ser usados para se assemelhar à curvatura do
espaço-tempo," disse Tajik.
[Imagem: Mohammadamin Tajik -
10.5281/zenodo.7686404]
Lente Gravitacional Com Partículas Quânticas
No vácuo, a luz se propaga ao longo de um chamado
"cone de luz". A velocidade da luz é constante; logo, em tempos
iguais, a luz viajará a mesma distância em todas as direções nesse cone.
No entanto, se a luz for influenciada por massas pesadas,
como a gravidade de um grande corpo celeste, esses cones de luz são dobrados,
fazendo com que os caminhos que a luz percorre não sejam mais perfeitamente
retos. Isso é chamado de "efeito
de lente gravitacional".
O que a equipe demonstrou agora é que o mesmo fenômeno
pode ser observado usando nuvens de átomos ultrafrios. A diferença é que, em
vez da velocidade da luz, o que se deve examinar é a velocidade do som, que é
governada por quasipartículas quânticas conhecidas como fônons.
"Agora temos um sistema no qual existe um efeito que
corresponde à curvatura do espaço-tempo, ou à lente gravitacional, mas, ao
mesmo tempo, é um sistema quântico que pode ser descrito com as teorias
quânticas de campo," explicou Tajik. "Com isso, temos uma ferramenta
completamente nova para estudar a conexão entre a Relatividade e a Teoria
Quântica."
[Imagem: inqnet/A. Mueller/Caltech]
Os buracos de minhoca também já foram simulados usando um computador quântico. |
Reproduzindo Condições Muito Complicadas
Os experimentos mostraram que a forma dos cones de luz, o
efeito de lente, as reflexões e outros fenômenos podem ser demonstrados nessas
nuvens atômicas, exatamente como nos sistemas cósmicos relativísticos.
Isso não é apenas interessante para gerar novos dados
para pesquisas teóricas básicas, mas também para a física do estado sólido. Por
exemplo, a busca por novos materiais também se depara com questões que têm uma
estrutura semelhante e podem, portanto, ser respondidas por esses experimentos.
Em termos práticos, o simulador quântico pode recriar
situações físicas tão complicadas que não podem ser calculadas nem mesmo com supercomputadores.
Por isso, a equipe espera encontrar novos fenômenos totalmente desconhecidos
até agora, que também ocorram em uma escala cósmica e relativística, mas que só
podem ser detectados olhando para as partículas fundamentais.
"Agora queremos controlar melhor essas nuvens
atômicas para determinar dados ainda mais abrangentes. Por exemplo, as interações
entre as partículas continuam podendo ser alteradas, de uma maneira muito
direcionada," disse o professor Jorg Schmiedmayer.
Bibliografia:
Artigo: Experimental
observation of curved light-cones in a quantum field simulator
Autores:
Mohammadamin Tajik, Marek Gluza, Nicolas Sebe, Philipp Schüttelkopf, Federica
Cataldini, João Sabino, Frederik Moller, Si-Cong Ji, Sebastian Erne, Giacomo
Guarnieri, Spyros Sotiriadis, Jens Eisert, Jörg Schmiedmayer
Revista:
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 120 (21)
e23012871
DOI:
10.5281/zenodo.7686404
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