Pesquisadores da 'Universidade College de Londres' Simulam Pela Primeira Vez em Laboratório o 'Disco de Acreção' de Buracos Negros
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (16/05), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que pesquisadores conseguiram criar
em laboratório pela primeira vez um experimento que simula o que acontece
quando a matéria se desfaz ao cair em um Buraco Negro. Saibam
mais sobre essa história pela nota abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Disco de Acreção de Buracos Negros é Recriado em Laboratório
Redação do Site Inovação Tecnológica
16/05/2023
[Imagem: V. Valenzuela-Villaseca et al. -
10.1103/PhysRevLett.130.195101]
Disco de Plasma
Pesquisadores conseguiram criar em laboratório pela
primeira vez um experimento que simula o que acontece quando a matéria se
desfaz ao cair em um buraco negro.
Conforme a matéria se aproxima dos buracos negros, ela se
aquece a ponto de desmembrar seus átomos, tornando-se um plasma, o quarto
estado da matéria, formado por íons carregados e elétrons livres.
E esse plasma também começa a girar, criando uma
estrutura chamada disco
de acreção. A rotação causa uma força centrífuga que empurra o plasma para
fora, gerando um tênue equilíbrio com a gravidade do buraco negro, que o puxa
para dentro.
Acontece que esses anéis brilhantes de plasma em órbita
representam um enigma: Como é que um buraco negro cresce se o material está
preso em órbita, em vez de cair no buraco? A principal teoria é que
instabilidades nos campos magnéticos no plasma causam fricção, fazendo com que
ele perca energia e caia no buraco negro.
A principal maneira que tem sido usada testar isso
consiste em usar metais líquidos, que podem ser girados para ver o que acontece
quando campos magnéticos são aplicados ao redemoinho. No entanto, como os
metais devem estar contidos em tubos, eles não são uma representação verdadeira
do plasma em volta de um buraco negro, que apresenta um fluxo livre.
O novo experimento modela com mais precisão o que
acontece com esses discos de plasma, o que pode ajudar a descobrir como os
buracos negros crescem e como a matéria em colapso forma estrelas.
Disco de Acreção
Vicente Villaseca e seus colegas conseguiram pela
primeira vez gerar um análogo de um disco de acreção usando um laboratório
único, chamado Magpie, localizado na Universidade College de Londres - o nome é
uma sigla em inglês para "Gerador MegaAmpere para Experimentos de Implosão
de Plasma".
[Imagem: V. Valenzuela-Villaseca et al. -
10.1103/PhysRevLett.130.195101]
O instrumento é um gerador de energia originalmente
projetado para produzir um pulso de corrente de 1,8 milhão de amperes em 240
nanossegundos. Atualmente, a máquina opera com uma corrente máxima de
aproximadamente 1,4 milhão de amperes, funcionando em uma configuração
experimental muito usada em pesquisas de fusão nuclear, chamada "pinça
Z" (z-pinch), na qual a corrente elétrica no plasma gera um
campo magnético que "belisca" o plasma, comprimindo-o localmente,
como se fosse uma pinça.
A equipe usou a máquina para acelerar oito jatos de
plasma e colidi-los, formando uma coluna giratória. Eles descobriram que,
quanto mais próximo do interior do anel giratório, mais rápido o plasma se
move, o que é uma característica importante dos discos de acreção cosmológicos.
Como a Magpie produz apenas pulsos de plasma muito
curtos, é possível gerar apenas cerca de uma rotação do disco de plasma. No
entanto, esta prova de conceito mostrou que o número de rotações pode ser
aumentado com pulsos mais longos, permitindo uma melhor caracterização das
propriedades do disco. Um tempo de execução do experimento mais longo também
permitirá a aplicação de campos magnéticos, para testar sua influência no
atrito do sistema.
"Estamos apenas começando a poder observar esses
discos de acreção de maneiras totalmente novas, que incluem nossos experimentos
e instantâneos de buracos negros com o Telescópio
Horizonte de Eventos. Isso nos permitirá testar nossas teorias e ver se
elas correspondem às observações astronômicas," disse Villaseca.
Bibliografia:
Artigo: Characterization
of Quasi-Keplerian, Differentially Rotating, Free-Boundary Laboratory Plasmas
Autores:
Vicente Valenzuela-Villaseca, L. G. Suttle, F. Suzuki-Vidal, J. W. D. Halliday,
S. Merlini, D. R. Russell, E. R. Tubman, J. D. Hare, J. P. Chittenden, M. E.
Koepke, E. G. Blackman, S. V. Lebedev
Revista:
Physical Review Letters
Vol.: 130,
195101
DOI:
10.1103/PhysRevLett.130.195101
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