Espaçoporto dos Açores: Site Geocracia Entrevista Vice-Diretor da CI&TC da 'Universidade do Açores' Sobre Este Futuro 'Ecossistema Espacial Açoriano'
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo mais uma interessante entrevista publicada pelo
site ‘Geocracia’ no dia (04/12), com o Sr. Artur Gil, vice-reitor
para Ciência, Inovação e Transferência de Conhecimento na Universidade dos
Açores, em Portugal, tendo como tema o futuro ‘Espaçoporto dos Açores’.
Pois então amigos
leitores, vale ressaltar que em 2019, o Prof. Rui Botelho publicou
na ‘Revista da Escola Superior de Guerra’ (veja aqui), um estudo que apontava o
‘Espaçoporto dos Açores’ como um forte concorrente às atividades do Centro
Espacial de Alcântara (CEA).
Fiquem atentos
amigos, pois este será um dos temas a serem abordados na nosso coluna ‘Espaço
Semanal’ da próxima quinta-feira (15/12).
ENTREVISTAS
Ecossistema Espacial dos Açores: “Precisamos de
Condições Para Atrair Empresas”
Por Geogracia
4 de dezembro de
2022
Fonte: Site Geogracia - https://geocracia.com
Foto: André Mendonça
Na atual corrida
espacial que mobiliza diversos países no mundo, Portugal não está parado e
aposta no Porto Espacial de Santa Maria, concretizando o potencial geográfico
do Arquipélago dos Açores. Destinado não só a lançamentos, mas também a pousos
de naves espaciais, a infraestrutura encaixa-se em um Ecossistema Espacial que
já possui capacidades de comunicações em órbitas baixas, espaço profundo e
radioastronomia.
Em entrevista à
Agência Geocracia, o vice-reitor para Ciência, Inovação e Transferência de
Conhecimento na Universidade dos Açores, em Portugal, Artur Gil, ressalta,
porém, que é preciso consolidar “condições de atratividade do ponto de vista de
incentivos e agilidade para captar empreendedores e investidores à criação de
capacidades e negócios”.
Engenheiro
biofísico, mestre em Ordenamento do Território e doutorado em Ciências
Ambientais, Gil reconhece que a capacidade de investimento de Portugal e dos
Açores é inferior à de países que estão em segundo plano na corrida espacial
como Singapura, Índia e Indonésia, “mas não a ambição”.
Acompanhe, a
seguir, a entrevista na íntegra.
É comum ouvirmos falar que Portugal é Mar, e isso fica
extremamente evidente em sua presença nos arquipélagos da Macaronésia,
principalmente nos Açores. É possível ter uma síntese de como está o ordenamento
do território marítimo português?
Apesar da Região
Autónoma dos Açores (RAA) ser pioneira em Portugal na investigação e
desenvolvimento metodológico no domínio do Planejamento Espacial Marítimo
(nomeadamente, no que diz respeito à criação, classificação e gestão de áreas
marinhas protegidas), neste momento, o Plano de Ordenamento Marítimo dos Açores
(POEMA)
ainda não foi publicado. O atual Plano de Situação do Ordenamento do Espaço Marítimo
Nacional (PSOEM)
corresponde apenas à subdivisão de Portugal Continental, à subdivisão da
Madeira e à subdivisão da Plataforma Continental Estendida, tendo sido aprovado
pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 203-A/2019.
O Copernicus, o programa de Observação da Terra da UE,
e Galileo, o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) da UE, tem
diferentes e complementares abordagens. Como avalia a evolução do ecossistema
espacial da UE?
Ao contrário da
maioria dos demais, o ecossistema espacial da UE (Copernicus e Euspa) teve, desde
o seu início, uma filosofia de uso e usufruto civil (sem objetivos marcadamente
militares), sendo o seu principal objetivo a promoção do crescimento econômico
e do desenvolvimento sustentável em todo o território da UE, mas com impactos
socioeconómicos e ambientais evidentes em todas as regiões do planeta. Tem sido
enorme o esforço financeiro da UE para alavancar novas oportunidades de
investigação e inovação, de criação de negócios e de emprego (e consequente
crescimento económico) e de cooperação técnica e científica internacional por via
da disponibilização e uso de dados Galileo e Copernicus. A popularidade dos
serviços espacializados Copernicus (Mar, Terra, Atmosfera, Segurança,
Alterações Climáticas e Emergências) e o crescimento gradual do sector
empresarial dos downstream services (serviços derivados de uso de dados
Copernicus e Galileo) são um indicador econômico claro do sucesso dessas
políticas públicas.
E a Base Aeroespacial dos Açores, prevista
originalmente para a ilha de Santa Maria? Como estão os estudos de impacto
ambiental e econômico-financeiro? Qual seria o impacto efetivo de sua
viabilização para a comunidade açoriana?
Esse tipo de
estudos é enquadrado em um cenário legal de Parceria Público-Privada, cujos
artigos pressupõe que, antes de quaisquer concursos, seja realizado esse tipo
de estudos. A decisão sobre o modelo de contratação cabe às entidades de
governo, pelo que, depende do tipo de concurso a necessidade prévia desses
estudos. Deve-se também relevar que, do ponto de vista dos estudos, eles serão
sempre fortemente condicionados pelas tecnologias dos operadores de lançamento
que, pela sua variedade, poderão demonstrar resultados muito variados.
O Porto Espacial
é uma das componentes do que se pretende para implementar o Ecossistema
Espacial de Santa Maria, que agrega já capacidades de comunicações em órbitas
baixas, espaço profundo e radioastronomia. Essa implementação vem da
concretização do potencial da sua localização geográfica, com a criação de
infraestruturas de apoio a lançamentos e na afirmação de Santa Maria, não só
como ponto de acesso ao espaço, mas também como um ponto de retorno do espaço.
Será, portanto, um catalisador, mas também mais uma das componentes de um
ecossistema que se quer variado e sustentável.
As viagens espaciais privadas estão decolando, com
cerca de U$ 265 bilhões investidos em startups espaciais desde 2014. Segundo a
Space Capital, quase metade desta soma foi destinada a empresas nos Estados
Unidos, enquanto outros 30% foram investidos em empresas chinesas. No segundo
plano, a somatória dos valores investidos por países orientais (Singapura,
Índia e Indonésia) superam o percentual investido pelos ocidentais
(Grã-Bretanha, França e Canadá). É possível se refletir em uma contribuição
açoriana, portuguesa, ou mesmo lusófona, neste contexto?
Esse é um dos
desafios na implementação de um ecossistema espacial, a atração de empresas. A
capacidade de investimento de Portugal e dos Açores é inferior à dos países
referidos, mas a ambição no desenvolvimento do setor não é, assim têm de sem
consolidadas as condições de atratividade do ponto de vista de incentivos e
agilidade para captar empreendedores e investidores à criação de capacidades e
negócios.
Em tempos de COP27, onde as questões ambientais
aparecem frequentemente na pauta, os Açores têm estado cada vez mais na rota de
importantes eventos climáticos. Qual o atual estágio de monitoramento e do
desenvolvimento de políticas públicas para reforçar o papel dos técnicos nesta
gestão?
Por consistir num
arquipélago de nove pequenas ilhas localizadas no meio do Oceano Atlântico, a
RAA encontra-se (tal como a esmagadora maioria de todas as ilhas oceânicas do
planeta) numa posição de elevada vulnerabilidade aos efeitos das alterações
climáticas, sobretudo no que diz respeito à potencial ocorrência de eventos
extremos com elevado impacto socioeconômico. A RAA tem vindo a desenvolver, nos
últimos anos, ações e esforços em matéria climática, nomeadamente através da
aprovação em 2011 e 2019, respectivamente, da Estratégia Regional para as
Alterações Climáticas (ERAC) e do Programa Regional para as Alterações
Climáticas (PRAC). O projeto “LIFE IP CLIMAZ”, coordenado pela
Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, tem como objetivo a
implementação do PRAC, e é apoiado pelo programa LIFE, da União Europeia, e
pelo Governo dos Açores. O “LIFE IP CLIMAZ” propõe-se a desenvolver um conjunto
de ações centradas na descarbonização da economia regional, encarando
os desafios da mitigação e da adaptação às alterações climáticas como uma
oportunidade para os Açores, nomeadamente através de uma
reconfiguração tecnológica que assegure a competitividade e a
sustentabilidade em setores críticos da economia regional (recursos hídricos,
floresta, agricultura e pecuária, energia etc), priorizando a salvaguarda de
pessoas e bens, a segurança alimentar e energética, a utilização sustentável do
solo e a proteção e conservação dos recursos naturais.
Comentários
Postar um comentário