Segundo Estudo do 'Detector ALICE' do LHC, a 'Antimatéria' Viaja Meia Via Láctea Sem Ser Incomodada
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma interessante matéria postada ontem (13/12), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que um estudo realizado pela
equipe do Detector ALICE (um dos quatro grandes sensores do LHC -
Grande Colisor de Hádrons), demonstrou que a contraparte de antimatéria
de um núcleo atômico leve pode viajar uma longa distância na Via
Láctea sem ser aniquilada. Saibam mais sobre esse estudo pela matéria
abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Antimatéria Viaja Meia Via Láctea Sem Ser Incomodada
Por Redação do
Site Inovação Tecnológica
13/12/2022
[Imagem: ORIGINS
Cluster/Technical University Munich]
Tempo de Vida da Antimatéria
A ideia geral é que qualquer partícula de antimatéria
em nosso Universo teria uma vida extremamente curta, desaparecendo
por um processo chamado aniquilação tão logo encontre sua contraparte material.
É por isso que está causando tanta surpresa um estudo
realizado pela equipe do detector ALICE, um dos quatro grandes sensores do
Grande Colisor de Hádrons (LHC).
A análise mostrou que a contraparte de antimatéria de um
núcleo atômico leve pode viajar uma longa distância na Via Láctea sem ser
aniquilada.
A descoberta, obtida analisando dados de núcleos de
anti-hélio produzidos no LHC em modelos computadorizados, ajudará nas buscas
por antimatéria feitas do espaço ou de balões de grande altitude.
Núcleos leves de antimatéria, como antideuteron e
anti-hélio, têm sido produzidos na Terra em aceleradores de partículas, mas
ainda não foram observados com certeza vindos do espaço sideral. Apesar disso,
as teorias afirmam que, no espaço, esses antinúcleos, assim como os
antiprótons, podem ser criados em colisões entre raios cósmicos e o meio interestelar,
ou então poderiam ser produzidos pela aniquilação de partículas hipotéticas que
alguns físicos sugeriram como componentes da matéria escura.
[Imagem: LHC/ALICE]
Fluxo de Antimatéria
Experimentos espaciais como o AMS,
ou Espectrômetro Magnético Alfa, continuam procurando por antimatéria a
bordo da Estação Espacial Internacional, focando sobretudo nos núcleos leves de
antimatéria em um esforço para tentar validar essas teorias da matéria escura.
Para descobrir se a matéria escura é a fonte por trás de
possíveis detecções de antinúcleos leves vindo do espaço sideral, é preciso
calcular o número, ou mais precisamente o "fluxo", de antinúcleos
leves que devem atingir os sensores desses experimentos. Esse fluxo depende de
características como o tipo exato de fonte de antimatéria em nossa galáxia e a
taxa na qual essa fonte produz antinúcleos, além da taxa na qual os antinúcleos
devem desaparecer por aniquilação ou absorção conforme encontram matéria normal
em sua jornada até a Terra.
Foi neste último aspecto que se concentrou a pesquisa
divulgada agora pela equipe do ALICE.
Ao investigar como os núcleos de anti-hélio-3 produzidos
em colisões de íons pesados e de prótons no LHC interagem com o detector ALICE,
os pesquisadores puderam medir, pela primeira vez, a taxa na qual os núcleos de
anti-hélio-3 desaparecem quando encontram matéria - os núcleos do anti-hélio-3
são formados por dois antiprótons e um antinêutron, os equivalentes de
antimatéria do próton e do nêutron, respectivamente.
[Imagem: NASA]
O experimento AMS também é conhecido como caçador
do anti-universo, devido à sua capacidade de detectar partículas de
antimatéria. |
Transparência
De posse dos dados, os pesquisadores incorporaram a taxa
de aniquilação obtida em um programa de computador chamado GALPROP, que simula
a propagação pela galáxia de partículas cósmicas, incluindo antinúcleos. Eles
consideraram dois modelos do fluxo de núcleos de anti-hélio-3 esperados perto
da Terra após sua jornada iniciada em fontes na Via Láctea.
Um modelo assume que as fontes são colisões de raios
cósmicos com o meio interestelar, e o outro as descreve como partículas
hipotéticas de matéria escura chamadas partículas massivas de interação fraca (WIMPs).
O resultado sai no que os físicos chamam de transparência
da Via Láctea à antimatéria, ou seja, a probabilidade de que as antipartículas
atravessem a galáxia sem se aniquilarem.
Para o modelo de matéria escura, a transparência obtida
foi de cerca de 50%, enquanto para o modelo de raios cósmicos a transparência
variou de 25% a 90% dependendo da energia do antinúcleo. Esses valores de
transparência mostram que núcleos de anti-hélio-3 originários de matéria escura
ou de colisões de raios cósmicos podem percorrer distâncias pela Via Láctea que
se estendem por vários milhares de parsecs - um parsec tem aproximadamente 3,26
anos-luz, ou 206.000 unidades
astronômicas (au), ou 30,9 trilhões de quilômetros.
Embora nenhum sinal de matéria escura tenha sido
detectado até agora, o resultado valida o uso da antimatéria como uma ferramenta
de busca pelas partículas hipotéticas. "Nossos resultados mostram, pela
primeira vez com base em uma medição de absorção direta, que os núcleos de
anti-hélio-3 vindos do centro da nossa galáxia podem alcançar locais próximos à
Terra," disse Andrea Dainese, coordenador do ALICE.
Visto de outro modo, porém, o fato de uma quantidade tão
grande de antinúcleos poder chegar à Terra coloca a questão do porquê de o AMS,
também conhecido como "LHC do espaço", não ter detectado nada até
agora, já que ele está funcionando desde 2011.
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