Fosfina em Vênus: Novo Estudo Descarta a Sua Existência, Causando Grande Polêmica Com os Seus Defensores
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue agora uma notícia publicada ontem (06/12)
no site “Canaltech”, destacando que um
novo estudo descartou a descoberta de ‘FOSFINA’ no Planeta Vênus, mas essa
afirmação causou polêmica como os seus defensores e o debate está longe de
acabar. Saibam mais sobre essa história pela matéria abaixo.
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Fosfina em Vênus é Descartada Por Novo Estudo, Mas o Debate Está Longe de Acabar
Por Danielle Cassita
Editado por Patrícia Gnipper
06 de Dezembro de 2022 às 16h30
Via: Web Site Canaltech - https://canaltech.com.br
Fonte: Danielle Futselaar/SETI Institute
A polêmica sobre a detecção de fosfina
em Vênus ainda parece longe de acabar. Com dados do observatório
SOFIA, uma equipe de cientistas mostrou que, se essa molécula estiver presente
na atmosfera venusiana, a quantidade seria pequena demais para ser relevante.
Mas a equipe da descoberta inicial ainda tem cartas na manga para defender sua
hipótese de que existe, sim, fosfina em Vênus — o que, em teoria, tem algum
potencial de indicar a presença de formas de vida por lá.
Desde que pesquisadores liderados por Jane S. Greaves
anunciaram a detecção de fosfina em Vênus, em 2020, a comunidade
científica iniciou um debate acalorado sobre a possibilidade de se
tratar (ou não) de uma possível assinatura de vida no planeta.
A existência da fosfina no planeta
vizinho foi questionada poucos dias após o anúncio da
"descoberta", pois, para alguns cientistas, ocorreram erros
estatísticos nas análises. Provavelmente, os sinais detectados por Greaves
e seus colegas se
tratavam de dióxido de enxofre "disfarçado" de fosfina.
Ainda assim, a pedido de Greaves, uma versão nova e
melhorada dos dados processados pelo observatório Atacama Large Millimeter
Array (ALMA) foi disponibilizada em novembro daquele ano. A equipe analisou os
novos dados e afirmou que ainda podiam detectar fosfina em Vênus, só que,
desta vez, em quantidades menores do que o divulgado anteriormente.
Observatório SOFIA Não Encontra Fosfina em Vênus
Mas, agora em 2022, dados do observatório
SOFIA — que voava em um Boeing 747 transportando um telescópio — não
encontraram a molécula polêmica na atmosfera de Vênus.
(Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/Cordiner et al.)
O gráfico de intensidade da luz no planeta em diferentes
comprimentos de onda deveria mostrar quedas em quatro indicadores na
imagem acima. Segundo a NASA,
as localizações marcadas em preto acima de “PH3” deveriam ser semelhantes, mas
menos pronunciadas, àquelas observadas nas duas extremidades.
O gráfico indica que não existe nenhum sinal de fosfina
por lá e, se houve, essa presença seria no máximo cerca de 0,8 partes
de fosfina por bilhão de partes de todo o resto.
Para apontar o telescópio do SOFIA para Vênus, os
cientistas tiveram que esperar o momento certo. A janela durante a qual Vênus
pode ser observado é de apenas cerca de meia hora após o pôr do Sol, e o Boeing
747 precisava estar no lugar certo na hora certa, relatou a NASA.
Para complicar ainda mais, é preciso considerar que Vênus
passa por fases (assim como a Lua), atrapalhando a “mira” do telescópio. Por
fim, era preciso evitar a luz solar a todo o custo. Mas as observações foram um
sucesso e, agora, o SOFIA se juntou aos observatórios que já
procuraram fosfina em Vênus e não encontraram nada.
Autores do Anúncio Original Discordam do SOFIA
A equipe de Greaves foi rápida em publicar um artigo de
resposta às análises feitas com dados do SOFIA. Eles analisaram os dados
espectrais do observatório e encontraram ruídos ou interferências que
podem prejudicar a “pureza” das leituras espectrográficas, fornecendo um
resultado que não condiz com a realidade.
Então, Greaves e seus colegas removeram esses ruídos
“de sinais de carga de calibração não essenciais”, conforme relataram. “Ignorar
esses sinais permite pós-processamento mais simples e detecção [...] de PH3
(fosfina) a 75 km de altitude (logo acima das nuvens)”, disseram. Também
acrescentaram que “a compilação de seis resultados de fosfina sugere que a
abundância se inverte: diminui acima das nuvens, mas aumenta novamente na
mesosfera, a partir de alguma fonte inexplicada”.
Mais interessante ainda são as duas implicações da
conclusão da equipe: as moléculas podem estar sendo destruídas pela luz solar e
pode existir uma fonte de reposição, ainda inexplicável. Para descobrir se essa
fonte de fato existe (ou se é necessária para explicar os dados após a
calibração), novas observações devem acontecer.
Por fim, a equipe sugere que “a fosfina venusiana está
realmente presente e, portanto, merece mais estudos sobre suas origens”.
Novas Missões Devem Estudar Vênus em Breve
Quando Greaves diz que a polêmica da fosfina merece mais
estudos, ele provavelmente sugere o envio de sondas às nuvens de Vênus
para procurar pela fosfina "pessoalmente". Reforçando essa ideia, em
suas redes sociais Greaves disse que, embora existam “mais alguns dados
transmitidos por telescópios, a amostragem por espaçonaves obteria algumas
informações exclusivas, como variações localizadas de quantidades [de
fosfina]".
E, de fato, há
missões sendo desenvolvidas para estudar o "planeta
infernal" nos próximos anos. A NASA há alguns anos planeja a missão
VERITAS, mas ela sofreu um atraso no cronograma e não
deve ser lançada antes de 2031. A agência estadunidense
também considera missões
que enviariam balões à atmosfera venusiana e vem elaborando o
conceito da missão
DAVINCI+, que entraria nas densas nuvens de Vênus e tentaria pousar na
superfície do planeta. Contudo, essas duas últimas não chegaram a se tornar
missões oficiais — ao menos por enquanto.
(Imagem: NASA/JPL-Caltech)
Enquanto isso, a agência espacial europeia ESA vem
trabalhando na missão
EnVision, que levará uma sonda para orbitar Vênus a 500 km de altitude
— mas seu lançamento também deve acontecer só na próxima década. Outras
potências da exploração do espaço também estão mirando no planeta vizinho, como
a China, a
Rússia e até
a Índia.
Os indianos, por
sinal, já deram o nome de Shukrayaan
à sua missão venusiana, cujo lançamento foi adiado por conta da pandemia de
covid-19 e talvez ocorra no final de 2024. Por outro lado, talvez a
iniciativa privada consiga procurar pela fosfina em Vênus antes das
agências espaciais. Ao menos isso está nos planos da Rocket Lab, que pretende lançar
a primeira
missão comercial a Vênus já no ano que vem.
Parece que Vênus
está em alta e a polêmica sobre a presença de uma possível bioassinatura
por lá deve continuar — ao menos até que alguma dessas missões citadas acima
consiga provar que tudo não passou de um belo engano.
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