Jovem Mineira 'Caçadora de Asteroides' e 'Divulgadora Científica' Fará 'Minicurso de Astronauta' nos EUA
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue uma notícia postada ontem (14/11) no site ‘Olhar Digital’, destacando que a jovem mineira divulgadora
científica e caçadora de asteroides ‘Lorrane Olivlet’ vai para o estado do Alabama,
nos EUA, no mês que vem irá fazer um Minicurso de Astronauta. Saiba mais sobre essa
curiosa notícia pela matéria abaixo.
Brazilian Space
CIÊNCIA E ESPAÇO
Caçadora de Asteroides Brasileira Vai Fazer Curso de Astronauta
nos EUA
A jovem divulgadora científica Lorrane Olivlet, que já
identificou 50 asteroides, vai para o Alabama no mês que vem fazer um minicurso
de astronauta
Por Flavia Correia
14/11/2022 - 19h20
Atualizada em 14/11/2022 - 20h00
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Poucas coisas na vida podem ser mais emocionantes para
alguém apaixonado por astronomia do que descobrir corpos celestes nunca antes
identificados. E essa emoção já tomou conta da jovem Lorrane Olivlet, de 27 anos,
pelo menos, 50 vezes.
Imagem: Arquivo pessoal / Divulgação
A caçadora de asteroides Lorrane Olivlet, que vai para os EUA em dezembro fazer um minicurso de astronauta. |
Além de serem conquistas impressionantes, das quais ela
tem muito orgulho, essas descobertas abriram portas importantíssimas para a
carreira da engenheira biomédica mineira, natural de Belo Horizonte.
Uma delas foi participar do Habitat Marte, única estação análoga ao
Planeta Vermelho de todo o Hemisfério Sul, que fica aqui no Brasil, no Rio
Grande do Norte. Trata-se de um lugar que simula exatamente todas as condições
marcianas, onde os visitantes podem viver experiências similares às de uma
verdadeira viagem extraterrestre.
Créditos: Arquivo pessoal
Como se isso, por si só, já não fosse uma experiência
incrível, Lorrane vai ainda mais longe. Por enquanto, na Terra mesmo. Por
enquanto? Sim, já que aquela garotinha que se descobriu fascinada pelo universo
aos três anos de idade e se transformou em uma grande caçadora de asteroides,
pode, um dia, tornar-se astronauta e, quem sabe, conhecer não só Marte como
outros encantos da imensidão do cosmos bem de perto.
Embora ainda seja um sonho muito distante de se realizar,
pode-se dizer que está cada vez um pouquinho mais próximo.
Dentro de pouco mais de duas semanas, por exemplo,
Lorrane vai participar do Space
Camp (Acampamento Espacial), um minicurso intensivo na One
Tranquility Base, que fica em Huntsville, no estado norte-americano do
Alabama. O curso abrange diversas áreas científicas, como engenharia,
astronáutica e astrofísica.
Imagem: Space Camp / Divulgação
Segundo o site da organização, os participantes
“experimentam o futuro das viagens espaciais e treinam para resolver anomalias
tecnicamente desafiadoras, a fim de completar sua missão espacial”. Em suma, o
projeto se traduz em um breve treinamento de astronautas, que inclui:
* Capacitação no 1/6th Gravity Chair e no Multi-Axis Trainer;
* Construção e lançamento de seu próprio modelo de
foguete;
* Exercícios de team building (preparação focada
nas relações interpessoais do trabalho em equipe);
* Testes de habilidades de engenharia, ao projetar um
escudo térmico de proteção;
* Planejamento de uma missão espacial simulada à Estação
Espacial Internacional, à Lua ou a Marte;
* Contato com histórias inspiradoras sobre pioneiros
comerciais, como Elon Musk, fundador da SpaceX.
“Meu Primeiro Contato Com o Céu”
Lorrane não contou com nenhum tipo de patrocínio ou apoio
governamental para conquistar esse objetivo. Tudo só foi possível graças a uma
vaquinha online, a doações de seguidores, a parcerias comerciais de divulgação
nas redes sociais e à verba obtida com a venda do livro “Meu primeiro contato
com o céu”, lançado em 2019, que reúne conteúdos coletados ao longo dos anos
como palestrante.
“Em 2017, eu resolvi começar a juntar tudo para ter um
material físico para utilizar nas palestras”, relatou a astrônoma amadora ao Olhar
Digital em junho do ano passado. “O livro tem como foco fazer esse primeiro
contato das pessoas com os nossos vizinhos cósmicos, do Sistema Solar. Meu
objetivo foi fazer um material que pudesse abranger todas as idades e
incentivar as pessoas a conhecerem sobre os vizinhos da Terra”.
Imagem: Arquivo pessoal
Lorrane segurando seu primeiro livro (à esquerda) e o livrinho que despertou seu interesse pela Astronomia (à direita). |
Preparação e Expectativas Para o Treinamento de Astronauta
“Tudo isso é muito importante para minha formação, uma
vez que planejo me especializar na área de astronáutica”, explicou Lorrane ao Olhar
Digital, em uma entrevista em primeira mão sobre o curso, que tem início
dia 2 de dezembro.
Ela se diz extremamente entusiasmada para viver essa
experiência. “Eles focam bastante em engenharia, principalmente. Tem a parte
que é bem parecida com os treinamentos de astronautas, uma outra parte mais voltada
para STEAM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia, arte e
matemática), com palestras, além de práticas que estou bem empolgada, em que
vamos precisar fazer um escudo térmico e construir um minifoguete”.
Segundo Lorrane, não existem pré-requisitos em termos de
condicionamento físico para participar do Space Camp. “Eles não pedem,
mas estou treinando. Comecei a correr e, até o final do ano, pretendo
participar de uma corrida de 5 km ou 10 km. Agora está chovendo muito em Minas,
então acabou atrapalhando um pouco, mas eu considero a atividade física
essencial. E treinar também o inglês”.
Esse curso será algo bem diferente de tudo o que já
viveu. “Vai ser uma aventura bem diferente, porque eu nunca fui para tão longe
sozinha. Eu acho muito divertido viajar, não só falando do curso, mas toda a
situação é muito legal, então eu imagino que vai ser tudo maravilhoso”.
Ela promete tentar registrar tudo o que puder em todas as
suas redes sociais (YouTube,
TikTok, Instagram e
Kwai). “Minha ideia é mostrar o dia a dia e também alguns vídeos com
curiosidades. Eu ainda não sei como vai funcionar lá. Pessoas que já
participaram me disseram que é corrido, que você mal tem tempo para comer,
porque é muita coisa acontecendo. Mas, quando tiver tempo, eu vou tentar gravar
e espero conseguir fazer um vlog legal para incentivar mais pessoas a
participar e se interessar por essa área incrível”.
De Çaçadora de Asteroides a Futura Astronauta Brasileira?
O Brasil tem apenas um astronauta que já esteve no
espaço, o ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, que Lorrane
conhece pessoalmente e das mãos de quem já recebeu uma série de honrarias. Além
dele, outro brasileiro que já voou para além da Terra foi Victor Corrêa
Hespanha (que, como ela, também é de Belo Horizonte), entrando para a história
como o primeiro turista espacial do país.
Imagem: Arquivo pessoal
Ao lado do ex-astronauta e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, de quem recebeu diversas honrarias por sua atividade como caçadora de asteroides. |
Embora o curso tenha a “magia” de proporcionar aos
participantes sensações semelhantes às sentidas pelos astronautas em missões
espaciais, este não é o propósito principal da jovem.
Fundadora do InSpace, um
grupo composto por 70 membros das áreas de STEAM, com foco em assuntos
relacionados ao espaço, ela é divulgadora científica e influenciadora digital
com quase um milhão de seguidores somados no Instagram, Kwai e TikTok.
“Um dos meus maiores objetivos com esse projeto é trazer
o que eu aprender lá para poder aplicar no InSpace”, disse ela. “Quanto a me
tornar astronauta, eu gostaria muito. Mas, para nós, brasileiros, é tudo muito
mais difícil nesta área”.
Se um dia tiver essa oportunidade, Lorrane diz que
pretende transformar isso “em algo grandiosíssimo”, para incentivar mais
pessoas em ciências espaciais e em ciências no geral. Nesse sentido, ela se
inspira em Sally Ride, a primeira mulher norte-americana a ir ao espaço. “Eu a
admiro pelo empenho e dedicação em abrir oportunidades para cada vez mais
meninas em STEM”.
Outras inspirações para ela são os físicos Eduardo Neto,
doutor em Astrofísica pela Universidade de Paris VII e pela Universidade Denis
Diderot, e Ale Pacini, que tem dois doutorados em Física Espacial (um título do
Brasil e outro da Finlândia), além de Gabe Gabrille, ex-chapeiro do McDonalds
que se tornou um dos engenheiros espaciais mais conceituados da NASA. “Ele foi
e é uma das maiores inspirações na minha vida, tanto na parte espacial quanto
como pessoa”, diz Lorrane.
Os 50 asteroides mencionados no início da matéria – sendo
um deles considerado raro – foram detectados por ela por meio do programa
International Astronomical Search Collaboration (IASC, projeto da NASA que,
no Brasil, acontece em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovações) e lhe renderam medalhas e certificados de reconhecimento.
InSpace Leva Ciência ao Alcance de Todos
Embora Lorrane seja uma notável ativista pela presença
feminina no setor espacial, o grupo fundado por ela é bastante diversificado,
com pessoas de diferentes gêneros e idades de nove a 55 anos.
Algo que orgulha muito a jovem divulgadora científica é
que o grupo tem representantes em todos os estados do Brasil, além de um membro
em Moçambique, no continente africano.
Imagem: InSpace / Instagram
“Vamos abrir inscrições para novos membros no fim deste
ano ou no início do ano que vem. Estou com expectativa de acrescentar entre 10
e 20 pessoas, o que é muito, considerando que sou eu quem coordeno sozinha, sem
patrocínio nem nada nesse sentido”.
As atividades do grupo também são bem variadas. “Nós
participamos de Olimpíadas, como por exemplo, a Olimpíada Brasileira de
Satélites. A gente participa de todas as fases juntos. É um trabalho contínuo e
no qual a gente gasta muitas e muitas horas, mas que tem rendido excelentes
frutos”.
Ela acredita que o apoio financeiro de possíveis
patrocinadores ajudaria não apenas o grupo a crescer ainda mais, como também a
levar o nome do nosso país cada vez mais longe.
“É um grupo no qual nós participamos de muitas atividades
e que acaba sempre se destacando em tudo. Por exemplo, na caça aos asteroides,
a grande maioria do pessoal que apareceu na mídia é do InSpace. Na Olimpíada
Brasileira de Satélites, nós ficamos em 1º, 2º e 3º lugar”, afirma. “E nós
somos um grupo independente, enquanto a maior parte das outras pessoas que
participaram estavam ligadas a instituições, escolas e universidades. E, ainda
assim, nós conseguimos essa quantidade de medalhas em duas categorias”.
A atividade mais recente do grupo foi no último fim de
semana, na edição de 2022 do Campus Party Brasil, versão nacional da Campus
Party, considerada a maior experiência tecnológica do mundo, que acontece em
torno de um festival de inovação, criatividade, ciências e empreendedorismo.
“Estamos sempre dando palestras em escolas e universidades, como agora, que nós
participamos da Campus Party, com cinco membros palestrando”.
Por essa razão, Lorrane aposta que as empresas teriam
muitas vantagens em patrocinar o projeto. “Estamos em tudo quanto é tipo de
mídia, porque o trabalho é muito bem feito. E o feedback é muito legal.
Então, seria muito bacana, até porque precisamos ir para alguns lugares
palestrar ou receber alguma premiação e, às vezes, não temos nem como ir”.
Lorrane destaca o papel social e democrático do grupo.
“Eu vejo que a ciência tem espaço para todo mundo. Eu sempre tento destacar
isso: ciência para todo mundo, sem distinção. Não tem que ter impedimento, a
ciência tem que ser para todos”.
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