Um Balanço dos 100 Dias do Governo Bolsonaro Para o Setor Aeroespacial à Luz da Carta de Foz do Iguaçu.
Caro leitor!
Trago agora para você um artigo escrito pelo Mestre em
Mecatrônica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Rui Botelho, fazendo uma
interessante analise sobre os 100 dias do Governo Bolsonaro para o setor
Aeroespacial à luz da Carta de Foz do Iguaçu. Vale a pena conferir.
Duda Falcão
Um Balanço dos 100 Dias do Governo
Bolsonaro Para o Setor Aeroespacial
à Luz da Carta de Foz do Iguaçu
Rui Botelho*
11/04/2019
Chegado o marco dos 100 primeiros dias de Governo
Bolsonaro, muitas análises têm sido realizadas sobre as diversas promessas de
campanha, as ações realizadas até então e os resultados obtidos. Dentre essas
diversas análises, procurando observar as mais isentas, foi constatado que, de
um modo geral, o novo Governo cumpriu até então cerca de 20% das promessas
feitas, mais do que outros governos no mesmo período.
Quando essa visão geral é segmentada por áreas tema ou
setores governamentais, percebe-se o melhor desempenho de setores como
Administração, Meio ambiente e Agronegócio e Economia, com índices de
realização de 50%, 40% e ~25%, respectivamente, e que setores como Direitos
humanos e sociais, Educação e Saúde, ainda não apresentaram resultados
significativos diretamente ligados às promessas de campanha.
De modo objetivo, sem entrar no mérito de quão complexas
as promessas, ou as ações dessas derivadas, sejam difíceis de realizar,
identifica-se claramente um foco inicial do Governo em questões de gestão e de
economia, sobre temas mais técnicos ou de maior complexidade inerentemente
política.
Nesse sentido, quando se trata de uma visão mais técnica
e de complexidade política, o tema da ciência e tecnologia guarda um lugar
especial. Em particular, dentro da área da ciência e tecnologia, as políticas,
programas e ações em ciências e tecnologias espaciais demonstram (histórica,
técnica e politicamente) como um hercúleo desafio que os diversos governos
anteriores do nosso País, mesmo com um dos programas espaciais mais antigos do
planeta, ainda não souberam gerenciar de forma eficiente, eficaz e
pragmaticamente sustentável e impactante.
Sem entrar em questões ideológicas e de geopolítica que
tenham vindo a contribuir para a inanição do nosso Programa Espacial Brasileiro
(PEB), este vive, há muitos anos, alçando “voos de galinha” e está estagnado em
uma autofagia derivada da falta de uma Estratégia Nacional para o setor que
culmina na falta de gestão e sincronização de ações, que, por sua vez, geram
parcos resultados, os quais descambam para perda de confiabilidade, que implica
em perda de prestígio e de recursos, que, por fim, retroalimentam o sistema, em
um clico vicioso (quase) sem fim.
Não à toa, olhando as promessas do atual Governo,
percebe-se que estas não destacam o tema da ciência e tecnologia (ou
fracionam-no em outras áreas), em especial e com menos enfoque ainda, quando se
trata de ciências e tecnologias espaciais. Assim, mesmo sendo reconhecidamente
“o patinho feio” das nossas ciências e tecnologias, na carência de uma pauta
explícita com objetivos e metas (quem dera prazos!) realistas, rastreáveis e
aferíveis para o setor espacial, buscou-se a referência das sugestões
apresentadas pela comunidade espacial brasileira (academia, indústria e parte
do setor governamental) na Carta de Foz do Iguaçu, como parâmetro de avaliação
do Governo, a luz do que desejam aqueles atores que empunharam, empunham e
empunharão a bandeira do Brasil nesse segmento.
Por certo, acreditando na boa fé e na capacidade dos
membros do Governo, não é desejo da comunidade espacial impor ou obrigar a
adoção (parcial ou integral) de tais sugestões como pauta governamental, mas,
dentro do espaço democrático do diálogo e da representação da sociedade nos
diversos setores do País, buscar, também de boa fé, um futuro melhor para o
nosso PEB.
A comunidade espacial brasileira, boa parte dela eleitora
desse Governo, deseja, agora como governados (todos que votaram ou não no
Presidente), ser ouvida e ser partícipe dessa empreitada, em prol de um novo
PEB para o Brasil, com foco na mobilização e motivação nacional que um programa
espacial austero, honesto, pragmático, sério e bem gerido pode promover.
Avaliando os 100
dias de Governo na atuação em ciência e tecnologia espacial
A Carta de Foz do Iguaçu (link)
é um documento elaborado pela comunidade aeroespacial brasileira, amplamente
debatido e democraticamente aprovado pela assembleia de participantes do I
Congresso Aeroespacial Brasileiro (I CAB), realizado no campus principal do
Centro Universitário UniAmérica, na cidade de Foz do Iguaçu, de 1 a 3 de
novembro de 2018.
Nessa oportunidade, com a eleição do Presidente Bolsonaro
já confirmada, o evento contou com a prestigiosa participação do Ministro
Marcos Pontes (à época já indicado pelo Presidente para o MCTIC) que recebeu
das mãos dos participantes do congresso a Carta recém-aprovada com o intuito de
cumprir com o tema do evento de promover “Diálogos entre Academia, Indústria e
Política Pública em prol de um Programa Espacial Brasileiro (PEB) sustentável e
impactante”.
Composta de 24 itens, a Carta apresenta propostas
realistas, racionais e pragmáticas em 6 áreas temáticas, quais sejam: a
governança e a gestão do setor espacial; os programas de missões satelitais; os
programas de acesso ao espaço; os programas e operação de infraestrutura de
solo e de centros de lançamento; na pesquisa, integração e inovação na
indústria, nos institutos de pesquisa e na academia; no estímulo da produção
industrial e no mercado de soluções para o setor espacial; na formação, na atualização permanente, na
valorização e na retenção de talentos e de mão de obra especializada para o
setor.
Seguindo a metodologia adotada pela matéria do G1, os
itens da Carta foram classificados como: Cumpridos (“Cumpriu”), Cumpridos em
Parte (“Em Parte”), Não cumprido (“Não Cumpriu”) e Sem avaliação (“Não
avaliado”).
A tabela abaixo apresenta os resultados sumarizados por
tema.
Área Temática
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Item
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Resultado
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I - Estratégia Nacional, Políticas, Programas,
Governança e Gestão
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1. Reafirmar o
caráter pacífico brasileiro, historicamente reconhecido em todo mundo, nas
atividades, nacionais ou em parcerias internacionais, de exploração espacial,
de acesso ao espaço e outras afins.
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Não avaliado
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2. Sugerir a inclusão
do domínio, da atualização e da manutenção ininterruptas da capacidade de
exploração, de operação e de atuação no espaço e no acesso ao espaço, no rol
dos objetivos nacionais permanentes, provendo o arcabouço legal, a
estrutura de governança e de gestão e os recursos necessários à sua
consecução.
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Não cumpriu
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3. Reconhecer a necessidade
do uso de equipamentos e sistemas espaciais para manutenção da segurança
pública e da autodefesa territorial, marítima e aérea nacional, em
consonância com a mundialmente reconhecida tradição não beligerante de nosso
país, de modo a salvaguardar as nossas
fronteiras e o nosso território contra ações terroristas, criminosas ou
outros tipos de agressões contrárias à nossa índole pacificadora.
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Não avaliado
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4. Recomendar ao ente governamental sobre a necessidade
de se preservar, de fato e de direito, a condução
predominantemente civil do Programa Espacial Brasileiro, de suas políticas e
ações, assim como ocorre com o Ministério da Defesa e as Forças Armadas, de
modo a afiançar e reforçar internacionalmente o nosso caráter pacificador,
evitando situações de crises de confiabilidade e medidas protetivas
internacionais, como embargos e ou restrições técnicas e comerciais, oriundas
de desconfianças ou má-interpretação dos nossos objetivos e atividades.
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Em Parte
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5. Sugerir que, dado o caráter estratégico nacional já
elencado, a condução civil do Programa
Espacial Brasileiro seja vinculada à estrutura da Presidência da República ou
ligada diretamente ao Gabinete do Ministério da Ciência e Tecnologia, de
modo a permitir um nível de interlocução transversal em todo o governo,
inclusive para favorecer a unicidade de subordinação e sincronicidade de
ações com os conselhos ministeriais, da segurança e defesa nacional e outros
entes correlatos e afins, tais como aqueles vinculados à segurança
institucional, à segurança pública e a defesa nacional.
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Não cumpriu
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6. Destacar a necessidade de alinhamento, harmonização e sincronização da Estratégia Nacional para
o Setor Espacial, da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades
Espaciais e do Programa Espacial Brasileiro com a Estratégia Nacional de
Defesa e com o Sistema Nacional de Segurança Pública.
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Não cumpriu
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7. Sugerir que o
ente responsável pela condução do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais
- PESE seja tecnicamente vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional -
GSI, de modo a subsidiá-lo no que se refere aos sistemas e aplicações de
autodefesa, de segurança institucional e de segurança pública nacionais,
visando permitir, o máximo possível, o seu alinhamento e a racionalização de
recursos, incluso os orçamentários, com os sistemas e aplicações civis de
propósito geral ou governamental.
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Não cumpriu
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8. Recomendar a necessidade
de reformulação e atualização do arcabouço legal nacional para permitir a
harmonização entre a Estratégia Nacional do Setor Espacial, a Política
Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais - PNDAE, o Sistema
Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais - SINDAE, o Programa
Nacional de Atividades Espaciais – PNAE, a Estratégia Nacional de Defesa -
END e o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais - PESE, o Sistema Nacional
de Segurança Institucional e o Sistema Nacional de Segurança Pública, bem
como a reestruturação dos seus entes, subsistemas e programas.
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Não cumpriu
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9. Recomendar a
avaliação e seleção criteriosa de presidente, diretores, gestores e de
técnicos para todos os cargos, preferencialmente os de carreira na área
espacial, com a exigência de comprovação de notória competência técnica no
setor e/ou de gestão pública na área espacial.
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Em Parte
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II - Programas de Sistemas Satelitais, Infraestrutura
de Solo e Aplicações
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10. Recomendar que os programas de sistemas satelitais sejam atualizados com as novas
tendências do mercado internacional, mais eficientes e focados em atender as
demandas nacionais de forma realista, racional e criteriosa, de modo a manter
e ampliar o uso de tais tecnologias, diminuindo os riscos de
descontinuidade de tais serviços e suas aplicações, através do equacionamento
do quadrinômio: desenvolvimento e domínio tecnológico nacional; necessidades
nacionais; despesas; e retorno para a sociedade.
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Não cumpriu
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11. Alertar para a necessidade urgente de harmonização entre o PEB e o PESE e revisão dos atuais
projetos nacionais, inclusive com a antecipação da revisão do PNAE 2012 –
2021 para o ano de 2019, de modo a permitir que o Plano Plurianual 2020 –
2023 já reflita tais melhorias em termos de políticas públicas, programas e
orçamento, evitando que haja um hiato de 4 anos para que os rumos do país no
segmento espacial, inclusive pela falta de dotação decorrente da
imposição da execução orçamentária prevista em lei.
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Não cumpriu
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12. Sugerir a utilização
mais intensiva de veículos aéreos não tripulados e plataformas de grandes
altitudes, tanto de modo complementar quanto substitutivo aos dispositivos
satelitais, quando factível, em missões de sensoriamento remoto, vigilância,
coleta de dados, dentre outras, tendo em vista que o tempo de
desenvolvimento, os riscos e os investimentos inerentes a tais dispositivos
são menores que os dos satélites, considerando a criticidade, a
aplicabilidade, a eficácia e a eficiência de tal emprego.
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Não cumpriu
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III - Programas de Sistemas e de Infraestrutura de
Acesso ao Espaço
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13. Reforçar a importância e a urgência da aprovação do
acordo de salvaguardas de modo a permitir ao País ter acesso a tecnologias
restritas até então e também poder dispor comercialmente de sua
infraestrutura de acesso ao espaço, como o Centro de Lançamento de Alcântara,
para lançamentos comerciais de maior porte, e o Centro de Lançamento da
Barreira do Inferno, para voos de veículos suborbitais modificados para
lançamento de cubesats ou para lançamentos de experimentos suborbitais
padrões.
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Cumpriu
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IV - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Integrada na
Indústria, nos Institutos de Pesquisa e na Academia
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14. Reiterar a necessidade de criação e aporte de recursos em fundos de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico específicos para o setor espacial para serem geridos pelos órgãos
de fomento, de modo a assegurar tais atividades, principalmente, nos
níveis de maturidade tecnológicas inferiores ao TRL 3, para as universidades,
e TRL 6, para os institutos de pesquisa e startups do setor, com as devidas
cobranças de resultados efetivos.
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Não cumpriu
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15. Reforçar a importância de se utilizar de instrumentos como parcerias público privadas (PPP),
fundos de investimento privados, e outros que estejam inseridos na lei de
inovação, de modo a permitir o impulsionamento do desenvolvimento tecnológico
para os níveis de maturidade tecnológica TRL 7, 8 e 9.
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Não cumpriu
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V - Indústria e Mercado Aeroespacial Nacional e
Internacional
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16. Recomendar que sejam
asseguradas condições favoráveis a empreendimentos estrangeiros sem
restrições, considerando que o crescimento exponencial das atividades
espaciais, exemplificado pela crescente participação do setor privado e o
desenvolvimento de novas vertentes, criou uma janela de oportunidade única
para quem estiver pronto para aproveitá-la, o que, caso contrário, implicaria
na perda de se criar um cluster espacial internacionalmente competitivo.
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Não cumpriu
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17. Enfatizar a necessidade da criação de condições competitivas para empresas e startups nacionais
com a desburocratização, a desoneração tributária e fundos de investimentos
formados com capital dos Bancos Nacionais em parceria com investidores
privados, de modo a propiciar a incubação destas até um nível de
maturidade mais robusto.
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Não cumpriu
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18. Recomendar a
elaboração e promulgação de legislação que crie condições para que empresas
interessadas em atividades de explotação de recursos espaciais se instalem no
Brasil, a exemplo do que fez Luxemburgo recentemente, inclusive prevendo
instrumentos para parcerias estratégicas internacionais nesse tema.
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Não cumpriu
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19. Reconhecer o
papel das atividades espaciais na promoção do desenvolvimento sustentável, em
sintonia com o que foi deliberado pela UNISPACE+50 (4ª Conferência das
Nações Unidas sobre a Exploração e Uso Pacífico do Espaço Exterior, realizada
em julho de 2018) e a resolução dela derivada, endossada pela 73ª Assembleia
Geral das Nações Unidas, ocorrida no final de setembro de 2018.
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Não avaliado
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VI - Formação, Atualização, Valorização e Retenção de
Talentos e de Mão de Obra Especializada
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20. Recomendar fortemente a reativação do Centro Regional de Educação em Ciência e Tecnologia
Espacial da América Latina e Caribe (CRECTEALC), instituição vinculada às
Nações Unidas (ONU), cuja chefia é alternada entre o Brasil e o México, a
qual deveria já estar sob o comando nacional desde janeiro de 2017, de modo a
permitir que o Brasil possa formar mão de obra nacional e internacional,
utilizando as universidades e institutos de pesquisa do setor espacial como
campi internacional, similarmente ao que fazem brilhantemente a Índia (com o
seu equivalente para a Ásia) e a China (com o centro para Ásia e Pacífico),
além dos demais centros do oriente médio e os dois centros da África (Marrocos,
para língua francesa, e Nigéria, para língua inglesa).
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Não cumpriu
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21. Reiterar a necessidade reivindicada há anos pela
comunidade de entusiastas do PEB de
que a atividade de espaçomodelista seja regulamentada junto ao Exército e a
Força Aérea, em todo território nacional, de modo a se prover a segurança
jurídica e parâmetros legais de sua atuação, inclusive, determinando áreas e
condições específicas para o exercício dos lançamentos, e aquisição / fabrico
controlado de propelentes, analogamente ao que foi feito recentemente com a
regulamentação das atividades com drones
no Brasil.
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Não cumpriu
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22. Sugerir a criação
de um programa de bolsas e ou estágios em instituições públicas ou privadas
do setor espacial, para estudantes ou recém-graduados, de modo a
estreitar o conhecimento teórico com a prática de mercado.
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Não cumpriu
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23. Reforçar a necessidade de recomposição da força de trabalho dos institutos de pesquisa do SINDAE,
considerando que mais de 60% dos quadros estão próximos da aposentadoria,
fato este que evidencia um alto risco de perda do capital informacional
acumulado por esses colaboradores com o seu afastamento das suas atividades,
bem como a de possibilidade de interrupção de pesquisas e de projetos em
andamento.
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Não cumpriu
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24. Recomendar a institucionalização
da Medalha do Mérito Espacial do Brasil como instrumento de reconhecimento,
valorização e premiação, próprio e específico para o setor espacial, de
servidores (militares e civis) ou pessoas e instituições de expressão,
brasileiros ou estrangeiros, que tenham prestados relevantes serviços ao PEB,
sugerindo ainda que os 21 heróis do acidente ocorrido em Alcântara em 22 de
agosto de 2003 sejam, por intermédio das suas famílias, os primeiro
agraciados com tal comenda.
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Não cumpriu
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Do total de 24 itens, 3 não foram avaliados por serem
questões principiológicas ou conceituais, não objetivamente executáveis, mas,
pragmáticas no sentido confirmar a manutenção do padrão de atuação do Brasil no
cenário internacional no segmento espacial. Um exemplo de item “Não avaliado”,
foi o item 1, o qual reafirma o previsto nos incisos I, IV, VII e IX do Art. 4º
da Constituição Federal de 1988.
Dos 21 itens restantes avaliados, dois itens foram
cumpridos parcialmente, um foi cumprido e 18 não foram cumpridos, o que perfaz
um total de, aproximadamente, 10% de atendimento das recomendações da
comunidade espacial brasileira. O
gráfico abaixo resume o total da avaliação, por área temática.
Resultado de 100
dias do Governo Bolsonaro para o setor espacial, à luz da Carta de Foz do
Iguaçu.
Em especial destaque para o item cumprido, tem-se a
assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) com os Estados Unidos,
o qual, apesar da necessidade de aprovação do Congresso Nacional e de não ter
sido iniciado no Governo atual, por si só, já é um grande feito para o PEB e
para o País.
Apesar do foco em Alcântara, cabe lembrar que o Centro de
Lançamento da Barreira do Inferno – CLBI deve ser reativado como sítio de
redundância para os lançamentos de veículos microlançadores de satélites, de
desenvolvimento tecnológico e de sondagem. Para tanto o Governo deve atuar,
através da Secretaria do Patrimônio da União, para desmontar a especulação
imobiliária e grilagem de terras do Centro e do seu entorno, de modo a
recuperar o seu potencial para a execução de lançamento a partir de Natal.
Por fim, espera-se que cumpridos estes itens, o AST seja
a primeira de muitas realizações do Governo e que as metas e métricas para o
PEB sejam mais bem divulgadas e debatidas com a sociedade e com a comunidade
espacial brasileira.
*Rui Botelho - É mestre em mecatrônica pela UFBA, especialista em GNSS pela
Universidade de Beihang (BUAA) – China e bacharel em Ciência da Computação. Foi
servidor concursado da AEB, tendo atuado como Tecnologista Pleno na área de
Satélites e Aplicações. Atualmente, atua em projetos de TIC e leciona em
programas de especialização na área de tecnologia. http://lattes.cnpq.br/6214855666557824
Referências
Brazilian Space,
2018. O "I CAB" Foi Realizado Com Sucesso e Carta Com 24 Sugestões
Foi Entregue ao Ministro Marcos Pontes. Artigo da Internet. 05 de novembro de
2018. Disponível em: http://brazilian
space.blogspot.com/2018/11/o-i-cab-foi-realizado-com-sucesso-e.html.
Último acesso: 10/04/2019.
Portal G1, 2019.
Em 100 dias, Bolsonaro cumpre mais promessas que Dilma e Temer no mesmo
período. Artigo da Internet. 10 de abril de 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia
/2019/04/10/em-100-dias-bolsonaro-cumpre-mais-promessas-que-dilma-e-temer-no-mesmo-periodo.ghtml.
Último acesso: 10/04/2019.
Portal UOL, 2019.
Cumpriu ou não cumpriu: O que Bolsonaro entregou das 35 metas propostas para
100 dias de governo. Artigo da Internet. 10 de abril de 2019. Disponível
em: https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/100-dias-governo-bolsonaro-metas-cumprimento/#lista-7.
Último acesso: 10/04/2019.
Muito coerente e pertinente o artigo. Ressalto que independente do governos,das formas políticas e estratégias econômicas adotas, as nossas pesquisas e desenvolvimento tecnológico sofrem muito seja de qualquer área (espaço, educação, saúde e afins).
ResponderExcluirParabéns!!!
Muito bem escrito esse texto. Além de bem embasado muito esclarecedor da condição que hj está nossa posição sobre estudos espaciais. Temos que usufruir de mais pessoas lúcidas como o Prof. Rui Botelho para nos ajudar no entendimento e nas ações que devem ser realizadas no âmbito desse assunto. Prof. Rui Botelho, seus ideais me representam.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo, informações valiososas como essas são dificilmente encontradas na mídia mainstream (ainda mais com boa arquitetura argumentativa) . Sabemos que a situação é crítica para o setor, porém, quem sabe o acordo de salvaguardas abra algumas portas para o crescimento da cultura de pesquisa e negócios no mercado aeroespacial brasileiro. Enfim, acho que o acordo será um dos raros momentos (se aprovado) em que teremos esperança. Abraços espaciais!
ResponderExcluiro Partido dos Ladrões do BRASIL pagou US$ 1.200.000.000,oo com o erário púplico por 100% de Pasadena, enquanto a companhia Belga Oil, um ano antes tinha pagado por 100% o valor de US$ 42.500.000,oo
ResponderExcluiro PT de LULA e DILMA embolsou US$ 1.157.500.000,oo
a pergunta de todos os Brasileiros que pagam impostos ao governo federal, onde está esse dinheiro todo que o PT ganhou a mais com a compra de uma refinaria no Texas, USA ?
além do Lula , a Dilma deveria está na cadeia junto do Lula, os dois merecem morrer juntos na cadeia em Curitiba.
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a Bi-Nacional Brasil e Ucrânia , Alcantara Cyclone Space , com o acordo do PT de LULA e DILMA gastou R$ 500.000.000,oo para lançar foguetes e construir uma base de lançamento no CLA.
onde o PT de LULA e Dilma guardou esse dinheiro todo já que não apareceu foguete nenhum e a base não foi construida no CLA ?
DILMA deve ir morar na cadeia em Curitiba-PR , junto de LULA Ladrão do BRASIL