USP Lidera Projeto Internacional de Construção do Radiotelescópio Bingo
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (15/04) no site do
“Jornal da USP” destacando que a USP lidera o projeto internacional de
construção do Radiotelescópio Bingo no Sertão da Paraíba, projeto este já
abordado algumas vezes aqui no Blog.
Duda Falcão
CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
USP Lidera Projeto Internacional de
Construção do Radiotelescópio Bingo
Além de estudar a energia escura, o “Diamante do
Sertão” busca ser
o primeiro radiotelescópio a detectar, por rádio, ondas da
interação
entre átomos e radiação no início do Universo
Por Redação
Jornal da USP
15/04/2019
Design: Graciele Almeida de Oliveira
O
radiotelescópio que já é conhecido como “Diamante do Sertão” está sendo construído em São Paulo e será instalado numa área na Serra do Urubu, no sertão da Paraíba. |
Nos próximos meses começa a construção civil da estrutura
que vai abrigar o radiotelescópio Bingo, com medidas que se aproximam das de um
campo de futebol. Longe das metrópoles e das fontes de poluição
eletromagnética, o telescópio, que está sendo construído em São Paulo e será
instalado na Serra do Urubu, na Paraíba, já é chamado de “Diamante do Sertão”.
O Projeto Bingo se tornou possível graças ao fomento da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Hoje, o projeto
conta também com o fomento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Estão
previstas para os próximos meses as verbas internacionais da University of
Manchester, do University College, do ETH e da Agência Chinesa de Pesquisas
através das Universidades de YangZhou e Jiao Tong.
“Estes são os recursos [do MCTIC] com os quais vamos
instalar o canteiro de obras, ligação elétrica e uma parte da construção civil
necessária. Atualmente temos os projetos elétrico, hidráulico e de bombeiros já
aprovados e estamos no processo de licenciamento ambiental, o que falta para
começarmos a obra”, conta Luciano Barosi, investigador principal do Projeto
Bingo e professor da Universidade Federal de Campina Grande.
Foto: Ana Clara Vidal de Negreiros
Luciano Barosi durante as atividades realizadas em
Aguiar:
tecnologia, pesquisa e ações de educação e divulgação científica.
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Elcio Abdalla, coordenador do projeto e professor do
Instituto de Física (IF) da USP explica que “o impacto do projeto não fica
apenas a cargo da construção do radiotelescópio e contempla os três pilares da
Universidade ao unir pesquisa, ensino e extensão, que não se restringe ao
Estado de São Paulo e que conta com ações também na Paraíba, além das parcerias
internacionais”. O Bingo une pesquisadores da China, África do Sul, Reino
Unido, Estados Unidos, Portugal, França e Uruguai, que, juntos, vêm pensando em
soluções relacionadas à construção do radiotelescópio, construção civil,
captação, análise dos dados e ensino.
Bingo, acrônimo para Baryon Acoustic Oscillations
in Neutral Gas Observations, será o primeiro telescópio projetado para
fazer as detecções das Oscilações Acústicas de Bárions (BAOs) por meio das
ondas eletromagnéticas na faixa de rádio. As BAOs são ondas geradas pela
interação dos átomos com a radiação no início do Universo e por meio delas será
possível medir a distribuição do hidrogênio neutro em distâncias cosmológicas,
usando uma técnica chamada de mapeamento de intensidade. Elcio Abdalla explica
que é possível “investigar forma e geometria do espaço, incluindo sua taxa de
expansão, se soubermos a forma aparente das BAO no espaço exterior e, assim,
estudar a energia escura. Em termos um pouco mais técnicos, estaremos medindo
os parâmetros cosmológicos que regem a geometria do Universo”.
Estudos recentes têm apontado que o Universo é formado
majoritariamente por algo ainda pouco conhecido. Apenas cerca de 5% do Universo
é constituído por algo que podemos observar e detectar, a matéria bariônica. Os
outros 95% compreendem a matéria escura e a energia escura.
Foto: Graciele Almeida de Oliveira
Professor Elcio Abdalla: medindo os parâmetros
cosmológicos que regem a geometria do Universo.
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“A proposta principal do Bingo é estudar a energia
escura, mas também por meio do telescópio iremos estudar um fenômeno ainda pouco
conhecido chamado Fast Radio Bursts“, complementa Abdalla.
As Fast Radio Bursts, ou rajadas rápidas de
rádio, são pulsos eletromagnéticos de alta energia com duração de apenas alguns
milissegundos. Este fenômeno astrofísico que ainda têm origem desconhecida é um
dos objetivos de detecção do radiotelescópio Canadian Hydrogen Intensity
Mapping Experiment, Chime. O Telescópio Bingo contribuirá para o estudo das FRB
no Hemisfério Sul
Carlos Alexandre Wuensche, pesquisador do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e investigador principal do Projeto
Bingo, explica que o radiotelescópio terá dimensões ainda maiores do que o
Rádio Observatório do Itapetinga (ROI), atualmente o principal radiotelescópio
do Brasil. Além das parábolas refletoras, o Bingo contará com aproximadamente
50 cornetas dando ao telescópio dimensões que poderão ser vistas de longe e o
tornarão um dos maiores radiotelescópios da América Latina. Wuensche celebra:
“Contamos com a contribuição de nossos parceiros internacionais, especialmente
as dos pesquisadores do Reino Unido, mas a maior parte da tecnologia para a
construção está sendo desenvolvida aqui no Brasil”.
Karin Fornazier, pós-doutoranda associada ao Inpe e
pesquisadora do Bingo, comenta que “a construção do radiotelescópio, por si só,
já é algo realmente impactante dentro do projeto, mas o trabalho dos
pesquisadores vai além disso. Há vários pesquisadores, alunos de mestrado e
doutorado dedicados a desenvolver a pipeline do Bingo, quer
dizer, uma série de etapas e softwares pensados para os processos associados
desde a captação até a análise de dados do radiotelescópio”.
Foto: Luiz Reitano
Carlos Alexandre Wuensche no interior do protótipo de
uma
das 50 cornetas que equiparão o radiotelescópio Bingo.
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A proposta do projeto também contempla uma ampla
divulgação de informação e formação para a sociedade em geral e por isso conta
com atividades voltadas para a Educação e Divulgação Científica (EDC). O
professor Marciel Consani, do Departamento de Comunicação e Artes da ECA, faz
parte da equipe da EDC e considera que “a importância histórica da iniciativa
reside, sobretudo, em seu potencial para a EDC, tanto no sentido de divulgação
científica quanto na vertente de difusão científica – aportando conhecimentos
para o conjunto da sociedade”. Ele ressalta a natureza interdisciplinar do
projeto ao unir especialistas em física, astrofísica, engenheiros,
comunicadores e educadores para as ações voltadas para a divulgação e a
educação científica.
Na USP, o Núcleo de Educação e Comunicação (NCE), que vem
há mais de duas décadas promovendo o conceito de educomunicação e suas práticas
em vários projetos de intervenção social, junto ao poder público e à sociedade
civil, também participa do projeto. O professor Claudemir Edson Viana,
coordenador do NCE e do curso de Licenciatura em Educomunicação, dá mais
detalhes: “Pretendemos apoiar o Projeto Bingo com ações de produção de material
para comunicação, participar da elaboração e execução de atividades
educomunicativas junto aos integrantes da equipe educativa, bem como junto às
comunidades a serem atendidas”.
Na Paraíba, as ações de Educação e Divulgação Científica
começaram por Aguiar, cidade que irá abrigar o radiotelescópio. Luciano Barosi
conta que a ideia principal é usar a astronomia para o estabelecimento e o
fortalecimento de uma cultura steam, ou seja, voltada para a ciência,
tecnologia, engenharia, arte e matemática. “Certamente é muito difícil que
alguém tenha como objeto do cotidiano um radiotelescópio, mas essa é exatamente
a situação da população de Aguiar e desejamos aliar a curiosidade natural que a
construção do equipamento causa para incentivar a formação de uma cultura
científica nas escolas de Aguiar e, possivelmente, das cidades próximas”,
explica o pesquisador. “Essas ações, por enquanto, vêm sendo realizadas em São
Paulo e na Paraíba, mas a ideia é de que elas se propaguem pelo País. Para essa
finalidade, nosso grupo vem estudando novas parcerias e buscando instituições
que possam apoiar a expansão das nossas propostas”, finaliza Elcio Abdalla.
Graciele Almeida de Oliveira/Projeto do
Radiotelescópio Bingo
Fonte: Site do Jornal da USP de 15/04/2019 -
http://jornal.usp.br
Comentário: Pois é
leitor, um fantástico projeto astronômico internacional sendo conduzido sob a
liderança dos pesquisadores da USP, mais um grande gol desta pequena, inovadora, surpreendente e ativa Comunidade
Astronômica Brasileira.
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