Após Superação de Falhas, CBERS-3 Será Lançado em Dezembro na China

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada na da edição de nº 26 do “Jornal do SindCT” de novembro de 2013, destacando que após superação de falhas, CBERS-3 será lançado em dezembro na China.

Duda Falcão

Nosso Trabalho

Após Superação de Falhas, CBERS-3
Será Lançado em Dezembro na China

Satélite está na Base de Taiyuan

Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 26
Novembro de 2013


Após as atividades de Revisão de Prontidão (SRR), o satélite será transferido para a torre de lançamento e acoplado ao foguete Longa Marcha-4 para testes de pré-lançamento. Depois de muito vaivém em decorrência de falhas técnicas, finalmente foi agendado para a primeira quinzena de dezembro de 2013 o lançamento do quarto satélite de sensoriamento do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), que no Brasil é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e na China pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST).

As falhas ocorridas no dispositivo de energia DC/ DC causaram um atraso de mais de um ano no lançamento do satélite, inicialmente previsto para acontecer em novembro de 2012. Mesmo assim, foi considerado um tempo razoavelmente pequeno, levando em conta que chegou a haver previsão de até dois anos de atraso, tempo que poderia variar dependendo da decisão que fosse tomada para solucionar o problema.

O caminho mais longo, defendido pelos mais conservadores, era o de trocar a empresa fornecedora, a americana Modular Device Incorporated (MDI), que entregou o lote com pelo menos 20% dos dispositivos defeituosos. Além disso, para eles não havia mais confiança nesta empresa porque ela estava com seu histórico bastante manchado por ter fornecido dispositivos com problemas também para o satélite Chandrayaan- 1, o que teria comprometido a missão indiana, conforme divulgado no Jornal do SindCT 19.

Sendo assim, se a opção fosse a de substituir a empresa, seria necessário encontrar outro fornecedor para os componentes e reprojetar todos os equipamentos para que pudessem receber os novos componentes. Então criou-se um impasse: trocar o fornecedor de componentes DC/DC, substituindo todos os componentes semelhantes instalados no satélite por outros equivalentes, correndo-se assim o risco de se postergar muito o lançamento do satélite, ou substituir os componentes defeituosos por outros idênticos, do mesmo fabricante, correndo-se o risco de o satélite vir a apresentar novas falhas, seja em solo, seja no espaço.

O INPE estava mais criterioso, querendo buscar uma opção que não deixasse margem para eventuais falhas no satélite quando este estivesse em órbita. Já o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) queria uma solução mais rápida para evitar desgaste com a China e com o Palácio do Planalto.

Fontes que não quiseram se identificar afirmaram que houve muita pressão ministerial sobre o INPE para que optasse pelo caminho mais curto: manter a empresa MDI e corrigir os dispositivos fabricados por ela. Ao final, a saída encontrada foi reprojetar os equipamentos mais críticos para que passassem a utilizar novos conversores, mantendo os conversores da MDI apenas nos equipamentos onde uma eventual falha não levasse à perda de toda a missão do satélite. “Erro de fábrica” Dessa forma, em seguidas viagens aos EUA, técnicos e engenheiros do INPE buscaram entender onde realmente estavam os problemas.

Chegaram à conclusão de que não havia um padrão nas falhas técnicas e tiveram, portanto, que trabalhá-los um a um. Porém, é fato também que os erros eram mesmo de fabricação, ou seja, da MDI. “Embora o erro seja mesmo da empresa contratada, entendo que só se arrastou a questão e atrasou o lançamento do satélite porque houve no mínimo uma certa omissão da direção anterior do INPE e do MCTI, porque desde 2009 os dispositivos já apresentavam falhas e nada foi feito. Por que não resolveram essa questão antes?

E ainda resta a dúvida de quanto custou esse retrabalho e quem vai pagar esta conta”, desabafa uma fonte que não quis se identificar. Em pelo menos três expedições (17/7, 7/8 e 4/10), engenheiros e técnicos do INPE foram à China para realização de testes, principalmente com objetivo de verificar se realmente os componentes elétricos estavam funcionando bem. No dia 26 de agosto foi realizado o teste final, no qual tudo deu certo, e o satélite foi liberado.

O satélite já está na base de lançamento de Taiyuan (TSLC) desde o dia 18 de outubro, quando foi transportado do centro espacial de Beijing, na China. “O transporte foi realizado por trem e a viagem durou aproximadamente 15 horas. No centro técnico do TSLC, os especialistas do INPE e da CAST farão a integração dos módulos de serviço e de carga útil do satélite, que serão submetidos novamente a testes elétricos para verificar se não houve danos durante o transporte.

Em seguida serão realizadas as atividades de preparação final do satélite e a instalação do painel solar. Ao término destas atividades será feita a Revisão de Prontidão do Satélite (SRR), que autoriza o enchimento dos tanques de combustível do satélite”, explica Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior, engenheiro do INPE. Após as atividades de SRR, o satélite será transferido para a torre de lançamento e acoplado ao foguete Longa Marcha-4 para testes de pré-lançamento. Em 1988, os dois países criaram o Programa CBERS para juntar esforços pela capacitação na área de observação da Terra. Já foram lançados três satélites: CBERS-1, em 1999; CBERS-2, em 2003; e CBERS-2B, em 2007. Após o lançamento do CBERS-3, ainda em 2013, será lançado, até 2015, o CBERS-4.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 26ª - Novembro de 2013

Comentário: Pois é leitor, está aberto para discussões.

Comentários

  1. Cara, eu não consigo engolir o fato dessas notícias sempre dizerem que os americanos é que são os "meninos maus" quando SEMPRE soubemos qual a posição desse país relativamente a qualquer tipo de desenvolvimento espacial brasileiro. Nós é que fomos, mais uma vez, ingénuos, enquanto que os americanos fizeram o que sempre fazem (e nós também passariamos nossos conhecimentos de mão beijada, principalmente se se tratasse de um satélite feito por alguém com uma ideologia contrária a do nosso país? - a China está em franca disputa com os americanos).

    Infelizmente temos que reconhecer que é necessário, se possivel, agirmos em total independencia no que concerne a construção de materiais, e não se faz mais por que existe falta de mão de obra, recursos, e oportunidade para empresas brasileiras meterem a mão na massa.

    Quando lançarmos o CBERS agora em Dezembro, e se não houver nenhuma falha, vamos respirar de alívio porque a novela em volta desse satélite daria um ótimo esquema para os roteiristas da Globo. Aguenta coração!

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  2. Respostas
    1. Olá Oséias!

      Segundo o que parece constar no Plano Decenal Brasil-China que estão falando por ai sim, não só terá o CBERS 5 e 6, como também um satélite meteorológico. Agora vão sair do papel, sinceramente não sei e duvido muito da seriedade desse novo acordo.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  3. O termo "Superação de Falhas", foi ótimo...

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  4. Comprar de americanos conversores DC/DC?!...aposto que aqui mesmo no Brasil tem engenheiros eletrônicos capazes de criar circuitos até melhores,bom isso se achar algum ainda no Brasil,porque se o cara é bom ele logo vaza do Brasil,aqui dificilmente tem incentivo.

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  5. Parabens AEL Sistemas por fazer os conversores do "lado brasileiro" que preferia os americanos mais caros e defeituosos. Vocês aceitaram o desafio de fazer estes conversores em tempo recorde salvando assim o lançamento do CBERS para 2013!

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  6. Claro que a AEL tem mérito nisso tudo, parabéns a todos.

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