Blog Entrevista Jovem Engenheiro Promissor, Estudante da UnB e Estagiário na AEB
Olá leitor!
Mais uma vez com o objetivo de mostrar a você a verdade
sobre as atividades espaciais em curso em nosso país, o Blog BRAZILIAN SPACE
segue com sua série de entrevistas com profissionais que atuam em nosso Programa
Espacial, dessa vez trazendo para você uma entrevista com um dos jovens em
formação mais promissores de nosso país.
Trata-se do jovem Eng. Pedro Henrique Doria Nehme,
estudante de Engenharia
Elétrica na Universidade de Brasília (UnB), e que recentemente ficou conhecido internacionalmente
e em todo Brasil por ter vencido o prêmio da empresa aérea holandesa KLM que o
levará ao espaço em 2015.
Nessa interessante entrevista, o Eng. Pedro Nehme nos fala sobre sua futura
viagem espacial, os projetos em curso no LAICA (Laboratório de Automação e Robótica da
Faculdade de Tecnologia) da UnB,
sua atuação como estagiário da AEB, seus planos para o futuro e principalmente
sobre o interessantíssimo projeto educacional CVT Espacial (Centro Vocacional
Tecnológico Espacial), no qual o mesmo é responsável pela concepção e
estruturação desse projeto da AEB.
Quanto à mensagem direcionada a minha pessoa pelo Eng. Pedro Nehme ao
final da entrevista, eu só tenho a dizer que jamais desistirei de lutar pelo
Programa Espacial Brasileiro enquanto estiver vivo, mesmo não acreditando que haja uma
mudança significativa no atual momento e num futuro próximo. Afinal Eng. Pedro,
tenho 43 anos que acompanho o nosso PEB (50 de idade), ou seja, mas tempo que o
jovem tem de vida, sendo muito natural após tantas promessas não cumpridas
desde Fernando Collor de Mello, está após tantas frustrações, desmotivado e
descrente nesses energúmenos hipócritas vendedores de ilusão que militam nos
bastidores da política brasileira. Mas ao mesmo tempo é gratificante notar que jovens
como você querem e acreditam num novo Brasil, pois a missão de mostrar onde a
minha geração e as gerações anteriores erraram, cabe agora a vocês jovens,
sendo o Brasil de 2030 e além, o espelho das decisões e ações tomadas agora por
vocês, espero e torço que corretas, para o bem de nosso país e de nossa
sociedade.
No mais, só tenho a agradecer ao jovem Eng. Pedro Nehme pela entrevista
concedida ao nosso blog, desejando-lhe desde já sucesso em seus projetos e em
sua vida pessoal e profissional. Ande sempre pela sombra engenheiro, sucesso
sempre.
Duda Falcão
Eng. Pedro Nehme |
BRAZILIAN
SPACE: Eng. Pedro Nehme,
para aquele leitor que ainda não o conhece, nos fale sobre o senhor, sua idade,
onde nasceu e desde quando está cursando Engenharia Elétrica na Universidade de
Brasília (UnB)?
ENG. PEDRO HENRIQUE DORIA NEHME: Meu nome é Pedro
Henrique Dória Nehme, tenho 22 anos, nasci em Brasília e ingressei no curso de
Engenharia Elétrica na Universidade de Brasília no segundo semestre de 2009.
BRAZILIAN
SPACE: Foi divulgado na
mídia Eng. Pedro que o senhor faz estágio na Agência Espacial Brasileira (AEB).
Qual é atualmente a sua função na AEB?
ENG. PEDRO NEHME: Atualmente faço parte, junto com outros
colegas, do corpo técnico da Agência Espacial Brasileira. Em linhas gerais,
damos consultoria e executamos projetos de interesse da AEB. De forma direta,
participo de projetos relacionados a satélites e cuido da concepção e
estruturação do Centro Vocacional Tecnológico Espacial (CVT Espacial) em
Alcântara, um projeto que proporcionará oportunidades educacionais sem
precedentes nesse município.
BRAZILIAN
SPACE: Alguns meses atrás
foi amplamente divulgado pela mídia brasileira e internacional que o senhor
havia vencido um prêmio de viagem ao espaço concedido pela empresa aérea holandesa KLM. Viajem esta de grande valor
histórico, pois transforma o senhor no segundo brasileiro (primeiro civil) a
viajar para o espaço. Como se encontra essa história e quando o senhor
efetivamente fará esta viagem?
ENG. PEDRO NEHME: A KLM, empresa que realizou o concurso, é
parceira da Space Expedition Corporation, uma “companhia aérea“ que realizará
voos suborbitais com a Lynx Mark II e III, veículos produzidos pela XCOR.
Atualmente a XCOR está trabalhando para finalizar a Lynx Mark I, um veículo
muito parecido com a Lynx Mark II, que será utilizado para validar o design
proposto. A Lynx Mark I atinge a altitude máxima de 62km e está previsto para
começar as operações em 2014. A Lynx Mark II deve entrar em operação em 2015,
quando realizarei o meu voo, atingindo 103km de altitude. No ano que vem haverá
um sorteio, onde será definida exatamente a data do voo. Planejo também
realizar meu treinamento em 2014, parte na Europa e parte nos EUA, dependendo
ainda de encontrar uma forma de pagar por ele. Por hora, tenho falado sobre
Turismo Espacial em algumas palestras, apresentando um panorama dessa indústria
hoje e as futuras possibilidades nesse setor. Confesso que me surpreendi
bastante com o que irá acontecer nos próximos anos.
BRAZILIAN
SPACE: Nos meses de abril,
maio e junho desse ano foi divulgado (inclusive em nosso blog) que o LARA (Laboratório de Automação e Robótica da Faculdade de
Tecnologia) da UnB (do qual o senhor faz parte) estava envolvido numa missão
suborbital chamada LaiCanSat1, missão esta que previa projetar,
construir e lançar em agosto deste ano (através de um balão) um picosatélite de
baixo custo, capaz de atingir 30 km de altura e de coletar informações
climáticas e realizar imageamento da superfície terrestre. Qual foi o resultado
dessa missão?
ENG. PEDRO NEHME: Recentemente foi criado um laboratório na
Universidade de Brasília denominado LAICA (Laboratório de Aplicação e Inovação
em Ciência Aeroespacial). Esse laboratório é formado por equipes de Sistemas
Espaciais, Controle, Propulsão Híbrida e Elétrica. Nesse contexto, o LAICAnSat
envolve as equipes de Sistemas Espaciais e Controle. A eletrônica do LAICAnSat
foi concebida, montada e testada, incluindo sensores, atuadores, sistema de
comunicação e demais sensores meteorológicos. O algoritmo de controle do
paraquedas foi implementado em simulação. Nas últimas semanas temos concentrado
em fazer testes e determinar parâmetros do paraquedas, talvez uma das partes
mais delicadas do projeto.
Logo do LAICA |
BRAZILIAN
SPACE: Eng. Pedro Nehme, o
que o senhor pode nos falar sobre o projeto CVT Espacial?
ENG. PEDRO NEHME: O CVT Espacial é um
centro educacional para desenvolver atividades espaciais com alunos do ensino
fundamental, médio, superior e técnico em Alcântara. Em linhas gerais, os
estudantes da região e de todo o Brasil poderão desenvolver atividades práticas
nas áreas de satélite, propulsão e estação de controle e rastreio, sendo
orientados por monitores da região, em especial do IFMA e da UFMA. Cada grupo
de estudantes executará uma atividade diferente: alguns serão responsáveis
pelos testes e integração do CanSat, outros por realizar testes em uma bancada,
determinando o tempo de queima do foguete para atingir a altura desejada e um
terceiro grupo será dedicado as operações de lançamento e rastreio. Todas essas
atividades serão realizadas após uma série de aulas expositivas sobre todos
esses segmentos. Naturalmente, o CVT contará com toda a infraestrutura e
segurança para desenvolver essa atividade.
BRAZILIAN
SPACE: Já em fevereiro
desse ano Eng. Pedro a UnB Agência divulgou que a universidade havia assinado
com o “Instituto para a Educação sobre Espaço da Universidade de Wakayma”, do
Japão, um “Memorando de Entendimento” visando à construção de satélites
através da participação de professores e alunos da UnB no Projeto UNIFORM
(Missão de Formação Universitária Internacional) coordenado por esta
universidade japonesa. O que o senhor pode nos falar dessa iniciativa, ela foi
à frente?
ENG. PEDRO NEHME: No dia 14 de Novembro será realizado o
Workshop Brazil-Japão 2013 aqui em Brasília. Esse evento é fruto da crescente
relação da UnB com as universidades japonesas. Nessa oportunidade serão
apresentados os projetos desenvolvidos no Japão, assim como os projetos
desenvolvidos pela UnB e também serão entrevistados candidatos para trabalharem
no desenvolvimento do projeto UNIFORM.
BRAZILIAN
SPACE: Eng. Pedro, o LAICA
já está trabalhando em novos projetos espaciais?
ENG. PEDRO NEHME: A formação do LAICA e a colaboração entre
equipes especializadas permitem desenvolver projetos completos, se comparados
aos projetos desenvolvidos até então pela UnB. A recente contratação de
professores com vasta experiência na área de propulsão, satélites e controle
colabora para aumentar as possibilidades de atuação da universidade. Com essas
premissas, o LAICA está trabalhando em projetos nas áreas de Space Debris,
Pulsed Plasma Thrusters e motores a propulsão híbrida, buscando soluções em
áreas ainda pouco exploradas pelo PEB.
O jovem Eng. Pedro Nehme durante seu estágio na NASA. |
BRAZILIAN
SPACE: Eng. Pedro, quais
seriam esse professores de vasta experiência que foram contratados pela UnB?
Isto teria algo haver com o programa Ciências sem Fronteiras do governo?
ENG. PEDRO NEHME: Esses professores são Artyom Andrianov, Chantal Cappelleti, Olexiy Shynkarenko e Simone
Battistini. A UnB está elaborando projetos para trazer outros pesquisadores
pelo programa Ciência sem Fronteiras Espacial. Essa é uma oportunidade valiosa
não só para a UnB, mas para todos os grupos de pesquisa em aeroespacial no
Brasil, pois oferece uma oportunidade de cooperar, trazendo um especialista
estrangeiro da área para atuar no Brasil. Esse é um métodos eficientes para
avançar a pesquisa na área espacial, por isso o maior número de bolsas do
programa CsF Espacial é exatamente para essa modalidade PVE.
BRAZILIAN
SPACE: Eng. Pedro, o senhor
é visto como um jovem bastante promissor em sua área de atuação. Quais são os
seus planos após a sua formatura? Pretende trabalhar no PEB?
ENG. PEDRO NEHME: Essa é uma pergunta que não possui uma
resposta fechada, e realmente depende de grandes mudanças no setor espacial
brasileiro, principalmente nas políticas públicas que atualmente regem esse
setor. Acredito que o Brasil ainda não possui o suporte politico-administrativo
necessário para desenvolver um Programa Espacial que possa competir com os
outros países que formam o BRICS, por exemplo. Em países como a China, Russia e
Índia o Programa Espacial recebe um tratamento diferenciado, um orçamento
condizente com as atividades desenvolvidas, com políticas próprias, ações governamentais
que priorizam acima de tudo o desenvolvimento do setor. Infelizmente ações
desse tipo no Brasil são extremamente pontuais. Enquanto os investimentos e
ações não estiverem a altura das reais ambições e desafios de um país
continental, será dificil apresentar resultados condizentes.
O Eng. Pedro Nehme ministrando uma de suas palestras sobre Turismo Espacial. |
BRAZILIAN
SPACE: Finalizando Eng.
Pedro, existiria algo a mais que o senhor gostaria de destacar para os
nossos leitores?
ENG. PEDRO NEHME: Bom, gostaria de
agradecer a você Duda pela entrevista e pedir que você seja um pouco mais otimista
com relação ao nosso Programa Espacial. Afinal, é preciso que pelo menos nós,
os brasileiros, acreditemos que é possível sim contribuir para o Programa
Espacial Brasileiro de forma significativa. Se todos pensarmos dessa forma e
trabalharmos para isso, é possível transpor as enormes dificuldades que hoje
limitam o desenvolvimento do setor espacial no Brasil.
Esperemos que, assim como o Marcos Pontes o Pedro também consiga, através da atenção da midia e das oportunidades que conquistou, projetar o nosso programa espacial. Nem mesmo engenheiros aeroespaciais conseguem ter o luxo de usufruir de uma viagem ao espaço, e o Pedro já conseguiu e nem ainda se formou. Além de dar meus parabéns ao Pedro pelo seu sucesso e pela reportagem que deu, também parabenizo o Duda que já tinha planeado (e conseguiu, mais uma vez) nos fornecer outra matéria/entrevista com mais uma cara conhecida do setor aeroespacial brasileiro.
ResponderExcluirOlá Israel!
ExcluirOs méritos amigo são todos do jovem engenheiro Pedro Nehme, eu só fui o meio pelo qual a informação chegou a vocês leitores. Mas enfim, obrigado mesmo assim pelo reconhecimento ao nosso trabalho.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)