Haverá Uma Nova Corrida Espacial?
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo postado ontem (28/11)
na versão em português do site russo “Rádio Voz da Rússia” destacando que as
novas potenciais espaciais (e entre elas o Brasil, rsrsrsrsrsrs) apresentam êxitos na exploração do espaço orbital e
interplanetário, mas a corrida espacial dos anos de 1950-80 foi substituída
pela percepção que as verdadeiras descobertas só podem ser realizadas em
conjunto.
Duda Falcão
Haverá Uma Nova Corrida Espacial?
As novas potências espaciais do nosso planeta apresentam
êxitos na exploração do espaço orbital e interplanetário,
mas
a corrida espacial dos anos de 1950-80 foi substituída
pela
percepção que as verdadeiras descobertas só podem
ser realizadas em conjunto. Para ir mais longe – mais
longe que a Lua, Marte ou Vénus – os países
da Terra devem unir seus
esforços.
Ksenia Fokina
28/11/2013
- 23:26
Foto: Flickr.com/TopTechWriter.US/cc-by-nc-sa
3.0
A Rússia está realizando a reforma da sua indústria
espacial. Os 58 biliões de dólares que estão a ser destinados para novos
programas até 2020 serão também gastos com o desenvolvimento de um novo foguete
portador de nova geração para o lançamento de sondas espaciais para órbitas
terrestres altas, para a Lua, Marte, Júpiter e outros locais do Sistema Solar.
Também a infraestrutura espacial terrestre está a ser modernizada. Em novembro
de 2015, a partir do novo cosmódromo Vostochny (no Distrito de Amur do Extremo
Oriente russo) será lançado o primeiro foguete. Mas as obras de construção do
cosmódromo irão ainda continuar por mais de um ano, explica Serguei Krikalev,
diretor do Centro de Treinamento de Cosmonautas:
“Vários anos
depois de ser lançado o primeiro foguete, serão construídos novos complexos de
lançamento para os novos foguetes. Esse é verdadeiramente um programa
plurianual. Está planejada uma espaçonave que possa voar até à Lua. O programa
lunar também está inscrito na base da nossa política espacial.”
Na opinião de Krikalev, hoje há mais cooperação espacial
que competição entre os países. Estamos em conversações sobre cooperação com os
norte-americanos e com os europeus. Mesmo a China, que está a repetir por si
própria o caminho que foi em tempos percorrido pela URSS e os EUA, está
cooperando com a Europa e o Brasil.
A Agência Espacial Europeia (ESA) conta no seu ativo com
missões a Marte, Vénus e Titã, um dos satélites de Saturno. Este foi o destino
mais longínquo no Sistema Solar em que pousou um objeto espacial feito pela mão
do Homem. Segundo contou à Voz da Rússia o responsável pelas relações
internacionais da ESA Frederic Nordlund, está em preparação uma missão a
Mercúrio. Também recentemente a ESA e a Roscosmos assinaram um acordo para o
estudo conjunto de Marte.
“É muito importante a nossa parceria com a Rússia para a
realização de estudos de Marte, nomeadamente o lançamento de duas missões
automáticas a Marte, e que são parte integrante do programa ExoMars. A missão
de 2016 irá lançar uma sonda orbital marciana de investigação equipada com um
módulo de entrada (na atmosfera), descida e pouso. Em 2018 o ExoMars Rover irá
pousar na superfície de Marte.”
Ele considera que hoje a exploração espacial tem muito
mais perspectivas que durante a corrida ao espaço do século passado. A união de
esforços passou a ser a norma e o único método para obter resultados ótimos.
Marc Swisdak, do Departamento dos Estudos da Física de Plasmas Espaciais da
Universidade do Maryland (EUA) afirma:
“A NASA, por
exemplo, é ajudada por outros a aceder à Estação Espacial Internacional. Nesse
aspeto um grande papel é desempenhado pela Rússia, em conjunto com empresas
privadas e as agências espaciais europeia e japonesa.”
Para a Índia o espaço é, de uma forma significativa, uma
demonstração das suas ambições. No início de novembro a Índia foi a primeira
potência espacial de “segunda vaga” a enviar uma sonda de investigação até
Marte. Explica o responsável da Organização Indiana de Pesquisa Espacial
Coomaraswamy Radhakrishnan:
“Antes de mais, nós queremos mostrar que a Índia é capaz
de lançar para o espaço esse tipo de naves e coloca-las na órbita de Marte.
Isso representa cerca de 80% do nosso objetivo. E já que nós conseguimos
colocar uma sonda na órbita de Marte, gostaríamos também de realizar aí uma
série de experiências e estudar a atmosfera de Marte. Essa é uma missão
complexa, nós ainda estamos a aprender, este é o nosso primeiro passo. Contudo,
nós nos apoiamos na experiência das missões semelhantes que já possuem os EUA e
a Rússia.”
A Índia planeja enviar um homem ao espaço já após 2016.
Também o Brasil demonstra um pragmatismo invejável na sua exploração espacial.
O Brasil coopera com sucesso com a China. Segundo contou à Voz da Rússia o
presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) José Raimundo Braga Coelho, em
dezembro irá ser lançado do Centro de Lançamento de Alcântara um poderoso
satélite sino-brasileiro. Contudo, o Brasil é realista quanto às suas próprias
capacidades e por isso ainda não tenciona percorrer todo o percurso clássico em
pouco tempo:
"Nós temos um planejamento aqui para os próximos dez
anos de nossas atividades e, como nós estamos muito focados em observar o nosso
planeta e muni-lo de todos os instrumentos que sirvam para nossa população,
muito objetivamente nós, por orientação do nosso conselho, não incluímos a
necessidade de repetir a experiência do astronauta. Mas, você sabe, tudo isso é
fruto de oportunidade e não só de necessidade, por exemplo, a própria
existência do nosso astronauta, foi fruto de uma grande oportunidade que surgiu
num determinado momento da nossa história. Então, nós não nos furtamos a isso,
se houver uma outra oportunidade como houve no passado, nós vamos agarrá-la com
toda a força mas não faz parte de nosso programa nesse momento a criação de
novas oportunidades. Da nossa parte, é certo, porque o que está existindo aqui
agora e que acabou de acontecer é um dos nossos colaboradores, um estudante da
Universidade de Brasília que trabalha connosco aqui também, ele ganhou uma
competição internacional onde competiram muitas pessoas, ele foi agraciado com
a possibilidade de fazer um voo suborbital."
Segundo o responsável brasileiro, os contatos com a
Rússia são realizados ao nível das relações pessoais e a cooperação com a
Roscosmos está ainda limitada ao programa de navegação espacial Glonass. O
Brasil, contudo, dá uma apreciação muito elevada à contribuição da Rússia para
a exploração espacial e confia plenamente na sua experiência.
A pesquisa espacial foi e continua a ser um trampolim
para o desenvolvimento das novas tecnologias. Mas os especialistas consideram
ainda que a atração do investimento privado é um elemento importante para se
conseguir dar um salto em frente. Um exemplo disso é a companhia norte-americana
Space X que lançou o foguete Falcon e testou o cargueiro espacial Dragon. Na
Rússia surgiu a empresa Dauria Aerospace.
As corporações privadas, porém, não conseguirão por si
próprias contribuir significativamente para a ciência. As novas descobertas e
os projetos importantes serão realizados pelas alianças internacionais, diz o
membro-correspondente da Academia Russa de Cosmonáutica Andrei Ionin:
“Esses programas são muito dispendiosos e entretanto
possuem uma determinada base tecnológica, mas como os recursos, tanto da
Rússia, como do Brasil ou da Índia, ou mesmo dos EUA e da China, são limitados,
podemos falar da criação de uma espécie de alianças tecnológicas de países para
o desenvolvimento de tecnologias espaciais de largo espectro.”
O especialista não exclui que uma perspectiva da
continuação da exploração da Lua possa estimular uma “corrida individual”.
Porém, uma consolidação dos esforços da humanidade na área espacial é, de
qualquer forma, preferível.
Fonte: Site Rádio Voz da Rússia - http://portuguese.ruvr.ru
Comentário: Pois é, porém o satélite que o Brasil
lançará em dezembro (CBERS-3) citado no artigo acima, não será realizado da Base de
Alcântara, e sim de uma base na China.
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