Brasil Desenvolve Modelo de Análise de Mudança Climática
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (20/02) no site
“G1” do globo.com, destacando que o Brasil desenvolveu Modelo Próprio de Analise
de Mudança Climática.
Duda Falcão
NATUREZA
Brasil Desenvolve Modelo Próprio
de Análise de Mudança Climática
Sistema simula o clima em todo o planeta entre 1960 e
2100.
Dados produzidos serão repassados a painel internacional.
Eduardo
Carvalho
Do Globo Natureza, em São Paulo
20/02/2013 - 06h30
Atualizado em 20/02/2013 - 11h50
Foi apresentado, nesta terça-feira (19), em São Paulo, o
“Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre”, o primeiro sistema nacional de
simulação do clima global, que traz como principal novidade em relação a seus
similares internacionais a inclusão de características mais detalhadas do
Brasil e do continente sul-americano.
O sistema foi desenvolvido sob a coordenação do Centro de
Ciências do Sistema Terrestre (CCST), braço do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE).
Segundo os cientistas, esse método de modelagem consegue,
por exemplo, prever a influência do desmatamento da Amazônia nas correntes de
ventos que seguem para outras áreas do planeta, além de determinar seu impacto
no regime de chuvas do Hemisfério Sul.
Permite ainda saber como fenômenos climáticos, como a
seca, influenciam a atmosfera na região banhada pelo Oceano Atlântico Sul. Os
dados utilizados abrangem o período entre 1960 e 2100.
Outro ponto importante e inédito é que a partir de agora
os cientistas brasileiros conseguem produzir dados sobre o degelo no Ártico e
na Antártica, informações que antes só eram divulgadas por organismos
internacionais, como o Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica (NCAR) do
governo dos Estados Unidos.
“Sistema vai ajudar a
saber,
desde a previsão da safra
agrícola do país, até como
definir políticas públicas
contra catástrofes
climáticas”
Na prática, segundo Paulo Artaxo, professor de física
atmosférica da Universidade de São Paulo e integrante do corpo científico do
IPCC, o sistema vai ajudar a sociedade a saber desde a previsão da safra
agrícola do país, até como definir políticas públicas contra efeitos de
catástrofes climáticas.
“Antes não tínhamos um modelo sofisticado para fazer tais
funções. Tanto que é a primeira vez que o Brasil vai alimentar as previsões do
IPCC”, disse Artaxo ao G1, referindo-se ao Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
As informações produzidas no Brasil serão usadas no
quinto relatório desse painel científico internacional, que dá base para
negociações globais de medidas contra as mudanças climáticas. A previsão
é que o novo relatório seja divulgado a partir de meados de setembro.
Foto: Eduardo Cesar/FAPESP
O climatologista Paulo Nobre, do INPE, um dos coordenadores do sistema brasileiro de previsão. |
Previsão Será Feita em Supercomputador
O modelo brasileiro será rodado no supercomputador Tupã,
instalado na unidade do INPE de Cachoeira Paulista (SP). De acordo com Paulo
Nobre, climatologista do instituto e um dos coordenadores do projeto, a
modelagem brasileira vai contemplar características que não eram monitoradas
por outros sistemas globais de previsão climática.
Informações de florestas tropicais, regiões semiáridas,
alterações na vegetação por fogo e emissões de gases serão aliadas ao que
acontece na Antártica ou ainda ao impacto causado pelo homem.
“É um esforço importante, que reúne diversas instituições
do país e envolve várias regiões (...) O modelo será comparado com resultados
das demais modelagens existentes no mundo, que poderão ser usados pelos
geradores de políticas públicas do país, em função das mudanças climáticas”,
explica.
Foto: Eduardo Carvalho/G1
Iceberg na Antártica. Cientistas brasileiros conseguem agora fazer projeções do degelo no continente gelado e na região do Ártico. |
Degelo dos Polos
O
novo sistema permite fazer projeções da extensão do gelo marinho no planeta,
além do avanço e retração dos glaciares nos polos, principalmente na Antártica,
que segundo Nobre, é um lugar com muitas dificuldades em obter informações.
Um
dos responsáveis por essa pesquisa é Léo Siqueira, doutor em meteorologia e
oceanografia pela Universidade de Miami (EUA) e cientista do INPE. Ele afirma
que a modelagem brasileira utiliza dados atmosféricos e oceânicos para
determinar índices de degelo e realizar previsões a respeito.
No
entanto, o sistema ainda não contempla índices que sejam enviados diretamente
do Ártico ou da Antártica – etapa que ainda precisa ser melhorada, segundo ele.
Mais Cientistas
O
corpo científico reunido no evento realizado na sede da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), uma das instituições que apoiam o
sistema, pede mais envolvimento de cientistas no projeto. Isso agilizaria o
desenvolvimento de novas áreas de previsão.
Nesta
fase do projeto, 87 pessoas, entre pesquisadores, estudantes e colaboradores,
estiveram envolvidos. No entanto, nos próximos dez anos este número precisará
mais que quadruplicar para que o sistema consiga funcionar de forma plena,
explica Paulo Nobre.
“Se
quisermos ter uma melhora em modelo climático, é necessário enfatizar a
necessidade de ter mais pessoas trabalhando na área, para acelerar os
processos”, diz Iracema Cavalcanti, pesquisadora do INPE responsável pela
modelagem atmosférica do sistema.
Reportagem
do Jornal da Globo - 19/02/2013
Fonte: Site G1 do globo.com
Brasil rumo a sua independência nesse setor, pena que ainda falta um satélite para a previsão do tempo.
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