Brasil Liderará Pesq. do Sistema Terrestre no Hemifério Sul
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (19/02) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando
que o Brasil deve liderar pesquisas sobre o Sistema Terrestre no
Hemisfério Sul.
Duda Falcão
Brasil Deve Liderar Pesquisas Sobre o
Sistema Terrestre no Hemisfério Sul
Terça-feira, 19 de Fevereiro de
2013
O importante papel desempenhado pelo Brasil na área de
ciência do sistema terrestre nos trópicos e no hemisfério sul foi destacado
pelo pesquisador Guy Brasseur, diretor do Centro de Serviços Climáticos da
Alemanha. Ele apresentou a Palestra Magna que abriu o workshop sobre o Modelo
Brasileiro do Sistema Terrestre (BESM, na sigla em inglês), realizado nesta terça-feira
(19/02) em São Paulo.
O modelo, que será a contribuição brasileira para o
próximo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC
AR-5), é coordenado pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças
Climáticas Globais (PFPMCG), Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças
Climáticas Globais (Rede CLIMA) e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
para Mudanças Climáticas (INCT-MC), os dois últimos sediados no INPE.
Em sua apresentação, Brasseur afirmou que o país tem a
função de aprender a lidar com problemas complexos do sistema terrestre, como
as interações biosfera-atmosfera, a física de nuvens e a química da atmosfera.
“É preciso formar uma nova geração de cientistas para estudar essas questões e
responder às necessidades das atividades humanas, atendendo às particularidades
do hemisfério sul”, explicou. “Atualmente, dependemos dos modelos do hemisfério
norte para desenvolver os cenários”.
O pesquisador ressaltou ainda a importância de se criar
uma estratégia de transferência do conhecimento sobre o sistema terrestre para
a sociedade. “Temos que entender o que está acontecendo, mas temos a
responsabilidade de repassar e compartilhar esse conhecimento que é, na
verdade, uma coprodução entre vários indivíduos, de diferentes atividades e
diferentes disciplinas”.
Para compreender e superar os impactos das mudanças
climáticas, a comunidade científica deverá enfrentar quatro grandes desafios,
segundo Brasseur: 1) Desenvolver uma previsão numérica de tempo e clima
confiável; 2) Conseguir prever as mudanças climáticas; 3) Entender que a Terra
é um complexo sistema de interações; 4) Responder às mudanças climáticas
globais. “Para isso, são necessários bons modelos. Atualmente, é impossível
construir sozinho um modelo climático. É necessário um grande esforço
internacional, uma grande rede que permita a integração de modelos por vários séculos,
e o Brasil está inserido nesse contexto”.
Histórico
Em seguida à Palestra Magna, o pesquisador Carlos Nobre,
secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), traçou um breve histórico sobre o
Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre, do qual foi um dos idealizadores. Ele
justificou a opção do Brasil de desenvolver seu próprio modelo climático, ao
invés de utilizar os já existentes, como uma estratégia visando o
desenvolvimento da ainda pequena comunidade científica nessa área, no país, e a
introdução de aspectos mais típicos do hemisfério sul.
O pesquisador Paulo Nobre (Rede CLIMA/INPE), coordenador
do projeto do Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre, apresentou os principais
resultados até o momento, com destaque para a contribuição inédita do Brasil ao
próximo relatório do IPCC. Serão apresentados cenários climáticos com projeções
computadas por uma versão aprimorada do BESM.
As simulações efetuadas no supercomputador Tupã (Cray
XE6), instalado no INPE de Cachoeira Paulista, foram submetidas ao Projeto de
Intercomparação de Modelos Acoplados, Fase 5 (CMIP5) para o período que vai de
1960 a 2100. O modelo consegue estabelecer – em intervalos determinados de
tempo – a influência das combinações entre temperatura da superfície do mar,
intensidade dos ventos, temperatura do ar, precipitação pluviométrica e
radiação solar, entre outras variáveis, que permitem prever o impacto das
interações oceano-atmosfera sobre a distribuição de chuvas e temperaturas sobre
o Brasil e o planeta.
A nova versão do BESM integra a dinâmica de funcionamento
do clima na atmosfera e passa a incluir os processos de formação de nuvens; as
formações de gelo marinho (fundamentais para o equilíbrio radioativo da
atmosfera e determinação da velocidade do aquecimento global); a influência das
variações no desenvolvimento da vegetação na América do Sul, agora integrando o
conhecimento gerado sobre a Amazônia, como, por exemplo, do Programa de Grande
Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), e as consequências das
interações floresta-clima naquela região, cujo efeito regulador do clima global
é uma importante contribuição brasileira para os modelos existentes hoje no
mundo.
Com informações da FAPESP
(Crédito da foto: Eduardo
Cesar/FAPESP)
Da esq. para a dir., Carlos
Alexandre
Wuensche, chefe de gabinete
do INPE; Carlos Henrique de
Brito Cruz, diretor científico da FAPESP;
Reynaldo Victoria,
coordenador do Programa
Fapesp de Pesquisa em
Mudanças Climáticas Globais,
e Carlos Nobre,
secretário de Políticas e
Programas de Pesquisa e
Desenvolvimento do
Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI).
Fonte:
Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
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