Satélite Estratégico e Social
Olá leitor!
Segue abaixo uma artigo opinião
publicado na “Revista Espaço
Brasileiro” (Jul – Dez de 2012), dando
destaque ao programa do Satélite Geoestacionário de Defesa e Telecomunicações Estratégicas
(SGDC).
Duda
Falcão
Opinião
Satélite
Estratégico e Social
Nosso
primeiro Satélite Geoestacionário de
Defesa
e Telecomunicações Estratégicas (SGDC)
Meireluce Fernandes da
Silva
Doutora em Ciências da
Terra,
Assessoria de Cooperação Internacional da AEB
Daniela Ferreira Miranda
Mestre em Relações
Internacionais (UnB),
Assessoria de Cooperação Internacional da AEB
O Brasil tem crescentes
necessidades de
comunicações governamentais
seguras,
em especial na área de
defesa – temos
um imenso território a
cobrir e cuidar.
Precisamos exercer a
gestão autônoma de
nossas comunicações
estratégicas, operando
e controlando nossos
próprios satélites.
Avançamos. Já não nos
interessa comprar
satélites de comunicação
prontos. Toda
demanda espacial deve ser
aproveitada ao
máximo para capacitar e
desenvolver a
nossa indústria.
Em boa hora, o Governo
Federal aprovou recursos para a construção e lançamento de nosso primeiro de Satélite Geoestacionário
de Defesa e Telecomunicações Estratégicas (SGDC). O projeto tem como base uma
empresa nacional de engenharia especialmente criada para cumprir essa missão. É
a Visiona Tecnologias Espaciais, formada pela Embraer (51%) e Telebrás (49%),
que já conta com o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Fato
de alta relevância: o projeto inclui a implantação de um plano de absorção e
transferência de tecnologia, destinado a alavancar, de forma progressiva, o
avanço tecnológico da indústria espacial brasileira, notadamente nas
tecnologias consideradas críticas.
O
SGDC, atuando nas bandas X e Ka, servirá às comunicações do Governo Federal e
da Defesa, atendendo também à demanda de Internet em banda larga nas regiões
remotas do país. O novo satélite será acessado diretamente por provedores de
Internet (ISP), que deverão, por sua vez, atender aos usuários individuais,
obedecendo às diretrizes e aos custos fixados pelo Plano Nacional de Banda
Larga (PNBL). A iniciativa, portanto, tem alta relevância estratégica e social.
Plano
de absorção e transferência de tecnologia – A tarefa de criar esse plano foi
atribuída a AEB e à TELEBRÁS, pelo decreto sobre a gestão, planejamento, monitoramento,
construção, implantação da infraestrutura de solo e do lançamento do SGDC, em
vigor desde junho de 2012. A ideia é fazer com que a transferência de
tecnologia seja ordenada para fomentar o desenvolvimento e a formação de
competência na pesquisa científica e tecnológica e na indústria, de modo que se
agregue conteúdo nacional crescente nos satélites a serem construídos pelo país
no futuro.
O
referido decreto, de 28 de junho de 2012, estabelece que o projeto do SGDC seja
implantado até 31 de dezembro de 2014. Ele determina também que a gestão do
SGDC seja realizada pelo Comitê Diretor do Projeto, órgão diretivo e instância
decisória máxima do Projeto, e pelo Grupo-Executivo, órgão técnico-consultivo e
executor das diretrizes e decisões do Comitê Diretor, a ser formado por representantes
dos Ministérios das Comunicações, da Defesa e da Ciência, Tecnologia e
Inovação.
Cabe
ao Comitê Diretor do Projeto, o mais alto nível decisório da iniciativa, aprovar
os requisitos técnicos do SGDC e modificações que afetem custos, cronograma ou
desempenho do sistema; o planejamento, orçamento e cronograma de implantação do
SGDC e infraestrutura de solo associada; aprovar requisitos técnicos do projeto;
planejamento, orçamento e cronograma de implantação do projeto; termos de
referência para a contratação, aquisição, lançamento e operação do SGDC; o
plano de absorção e transferência de tecnologia; acompanhar e avaliar a
execução do projeto do SGDC ao longo de todas as suas fases, determinando os
ajustes necessários; supervisionar o repasse de recursos financeiros destinados
à implantação do projeto do SGDC; e estabelecer as diretrizes para a atuação e
participação dos órgãos e entidades da administração pública federal direta e
indireta no Projeto do SGDC.
O
decreto também manda que a Telebrás e a AEB elaborem um plano conjunto de
absorção e transferência de tecnologia, a ser avaliado pelo Grupo-Executivo e
submetido à aprovação do Comitê Diretor do Projeto. A AEB responderá pela coordenação,
monitoramento e avaliação dos resultados do plano de absorção e transferência
de tecnologia e será detentora dos direitos de propriedade intelectual decorrentes
do processo de transferência de tecnologia.
Formação
de Competência – O Brasil já tem capacidade para projetar e construir satélites,
em praticamente todos os seus aspectos: componentes, montagem, integração e
testes. O desafio agora é capacitar a indústria para executar projetos mais
sofisticados e abrangentes.
A
meta é que cada projeto de cooperação incremente gradativamente, até o nível
mais alto, o aprendizado e o domínio de conhecimentos e tecnologias importantes
para o país. Assim, poderemos replicar o projeto no futuro, inclusive com o seu
aperfeiçoamento e a agregação de valor. Essa é a lógica desejada e planejada da
absorção de tecnologia.
A
infraestrutura e a competência adquiridas devem ter condições viáveis e realísticas
de se estender, de forma sustentável, a médio e longo prazo, do modo a
qualificar nossas empresas industriais e organizações públicas empenhadas no
avanço da ciência e tecnologia e inovação.
Quanto
à transferência de tecnologia, ela deve ocorrer, em certa medida, apesar de
enfrentar problemas bem mais complexos, como direitos de propriedade
intelectual, patentes, além de outros, mas que, num bom clima de colaboração,
podem ser perfeitamente solucionados.
Em
perspectiva, nos caberá produzir e recriar o que aprendemos, aprimorando
processos e técnicas, com competência e talento criativo, tão reconhecido nos
brasileiros. Assim, em futuro não muito distante seremos capazes de parafrasear
expressão celebrada em nossa história, afirmando com justificado orgulho: o
satélite geoestacionário é nosso!
Fonte: Revista Espaço Brasileiro - Num. 14 - Jul - Dez de
2012 – pág. 29
Comentário: Bom,
se funcionar como estão pretendendo as autoras desse artigo, vai ser muito bom
realmente, mas o que mais me chamou a atenção em todo o artigo foi a frase final ufanista
do texto. Realmente uma verdadeira pérola.
Não conseguimos sequer reproduzir, com um foguete movido a combustível sólido, o que os americanos fizeram em 16 de fevereiro de 1961, com o foguete Scout (ST-4), que colocou em órbita o satélite Explorer_9.
ResponderExcluirMas vamos lá, afinal "brasileiro não desiste nunca" e outras coisas do gênero...