Alcântara Pronta para Lançar o VLS
Olá leitor!
Segue
abaixo uma matéria publicada na “Revista Espaço Brasileiro” (Jul – Dez de 2012), destacando que o Centro de Lançamento
de Alcântara (CLA) está pronto para lançar o “Veículo Lançador de Satélites
(VLS-1)”.
Duda
Falcão
CLA
Alcântara
Pronta para Lançar o VLS
Operação
Salina montou maquete da nova
Torre
Móvel de Integração
Fotos: CLA
Torre Móvel de Integração e Lançador Universal |
O Brasil só entrará no seleto grupo de países
com acesso próprio ao espaço quando colocar
satélites em órbita usando veículos produzidos
no país. O Centro de lançamento de Alcântara (CLA),
com privilegiada localização no Maranhão, intensifica
seus trabalhos para que esse objetivo seja alcançado
em breve. Por isso, o CLA realizou a Operação Salina,
em parceria com o Instituto de Aeronáutica e Espaço
(IAE) , em julho e agosto de 2012.
Pela primeira vez desde a concepção do projeto, o centro foi palco de
atividades envolvendo o transporte e montagem de um mock-up inerte (protótipo em tamanho real sem propelente sólido do
VLS-1) na nova Torre Móvel de Integração (TMI). A operação é ligada ao Programa
Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), coordenado e executado pela Agência
Espacial Brasileira (AEB).
A Torre Móvel de Integração do CLA foi totalmente reconstruída. A
estrutura de mais de 380 toneladas encontra-se em fase de recebimento
definitivo. Os testes realizados durante a Operação Salina comprovam que as
modificações incorporadas colocam a nova torre em plenas condições para receber
uma operação real de lançamento. O projeto da nova torre envolveu ajustes,
sobretudo na área de segurança como a instalação de um Sistema de Proteção contra
Descargas Atmosféricas (SPDA), a construção de uma torre de fuga/evasão e
automatização de sistemas.
O SPDA impede que, em situações de mau tempo, descargas atmosféricas
afetem o veículo acoplado a torre, e consequentemente, o andamento da operação.
A torre de fuga e evasão instalada ao lado na nova TMI permite evadir da
plataforma de lançamento em poucos segundos após o acionamento das sirenes de
alerta. O sistema é composto por uma tecnologia francesa que faz uso de “meias”
de frenagem para absorção do deslocamento vertical até a parte inferior da
torre, onde está localizado um túnel de escape com acesso à área de segurança
nas imediações da plataforma de lançamento. Durante a Operação Salina, o
sistema foi testado com uma simulação de acidente na torre de lançamento. Nesse
aspecto, o treinamento se mostrou ótima ferramenta por propiciar uma operação
conjunta das equipes de comunicação, segurança contra incêndio, médica e logística
(viaturas terrestres, aeronaves e helicópteros).
Treinamentos – Por meio de treinamentos constantes, espera-se obter uma
resposta cada vez mais rápida para o atendimento e remoção dos acidentados em uma
eventual situação de acidente real. Outro aspecto que reforça a segurança da
nova TMI é a automatização de sistemas como o de abertura de portas e
deslocamento da torre. Todas essas automatizações podem ser operadas
remotamente a partir de uma central de controle, reduzindo, assim, a
necessidade de pessoal na área da plataforma durante a preparação para o
lançamento do veículo aeroespacial.
Preparar e lançar um veículo, como o VLS, de pouco mais de 19 metros de
altura e 50 toneladas carregado com combustível e carga útil (satélite) em
órbita superior a 750 quilômetros de altitude exige bastante treinamento das
equipes envolvidas.
Para propiciar esse treinamento continuado, o CLA tem investido
no aumento da cadência de lançamento dos Foguetes de Treinamento que compõem o
projeto FOGTREIN. O projeto, iniciado em 2008 e desenvolvido pelo DCTA, conta
atualmente com dois veículos de treinamento: o Foguete de Treinamento Básico
(FTA) e o Foguete de Treinamento Intermediário (FTI) – ambos fabricados pela indústria
aeroespacial nacional Avibrás. Os foguetes são lançados tanto em Alcântara
quanto no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado em
Parnamirim, no Rio Grande do Norte.
Embora sejam veículos menores do que o VLS, os foguetes
de treinamento cumprem uma função importante na preparação das equipes e dos
meios de solo. A partir dos lançamentos, o corpo técnico envolvido com as
operações tem adquirido maior experiência com as atividades de lançamento e com
os equipamentos disponíveis. Somente em Alcântara, de março até o mês de
outubro de 2012, foram lançados seis FTBs. A experiência acumulada por
técnicos, engenheiros e demais profissionais com os meios disponíveis em
Alcântara é decisiva para a retomada dos lançamentos reais do VLS-1.
VLS na Torre durante a Operação Salina |
Futuro – Os próximos passos do projeto de veículos
lançadores de satélites devem envolver ainda uma operação simulada em 2013 que
irá testar as redes elétricas do VLS-1 integrado à nova TMI.
Nos mais de trinta anos do projeto, já foram qualificadas
importantes conquistas tecnológicas para o setor aeroespacial nacional. Dentre
elas, destacam-se a capacidade de produção de envelopes motores em aço de alta
resistência, fabricação e processamento de combustíveis sólidos, projeto e
desenvolvimento de computadores de bordo e redes elétricas de comando e
controle para veículos espaciais e desenvolvimento de sistema inercial autônomo
para voos orbitais.
A expectativa é que até 2014 o Veículo Lançador de
Satélite-1 volte a ser operado em lançamento real em Alcântara. O sucesso do
projeto deixará o Brasil em uma posição privilegiada em relação a outros países
por ser capaz de, com autonomia, desenvolver, projetar, fabricar, lançar,
controlar, estabilizar e satelitizar uma carga útil.
TORRE MÓVEL DE INTEGRAÇÃO (TMI)
Altura: 33 metros
Comprimento: 12 metros
Largura: 10 metros
Peso: 380 toneladas
Deslocamento: 4,5 metros por minuto
Estágio atual: Recebimento definitivo (fase final)
VEÍCULO LANÇADOR DE SATÉLITES (VLS)
Número de estágios: 4
Comprimento total: 19.4 metros
Diâmetro dos estágios (todos): 1,0 metros
Diâmetro da coifa principal: 1,2 metros
Peso: 49,7 toneladas (na decolagem)
Estágio atual: Ensaios motores foguetes (realizados)
Redes Pirotécnicas (prontas)
Redes Elétricas (em execução)
Ensaios de separação dos estágios (realizados)
Mock-up (estrutura pronta - aguardando redes elétricas e
pirotécnicas)
Veículo de voo VLS-VSISNAV (motores em processo de
carregamento)
Fonte: Revista Espaço Brasileiro - Num. 14 - Jul - Dez de
2012 - págs. 12 e 13
Comentário: Pois
é leitor, realmente o cronograma de lançamento do VLS-1 VSISNAV da AEB (pelo
que aparentemente deixa entender essa matéria), mais uma vez não bate com o do
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do DCTA. Lembro-me que recentemente postei
aqui uma nota tendo como origem um artigo publicado na edição de setembro desse
ano do Jornal do SindCT (veja a nota: “Nova TMI Visa Mais Segurança aos Servidores”) que confirmava a realização dessa operação
simulada em 2013 citada na matéria como “Operação Santa Bárbara”, a se realizar
no início do próximo ano. Como todos devem lembrar, em entrevista realizada pelo
blog em outubro com diretor do IAE, o Brigadeiro Eng. Carlos Antônio de Magalhães
Kasemodel (veja a entrevista: "Blog Entrevista Diretor o do IAE - Brigadeiro Kasemodel"), o brigadeiro
deixou claro que um dos objetivos para o ano que vem é o lançamento do VLS-1 VSISNAV, condicionando esse objetivo a conclusão das redes elétricas contratadas junto à
indústria nacional, mas a matéria
da revista da AEB deixa entender que isso só ocorrerá em 2014. Será que houve
atraso na conclusão dessas redes elétricas ou o IAE e a AEB estão falando línguas
diferentes? Quando estive em São José dos Campos na semana passada, em conversa
com vários profissionais do setor, a crença era de que o VLS-1 VSISNAV não
seria lançado em 2013 como deseja o IAE, isto devido a vários problemas
burocráticos que impediriam a realização nesse prazo desse objetivo.
Entretanto, recentemente, no dia 04/12, postei no blog uma nota com uma notícia
importantíssima que veio trazer uma luz bem promissora para três importantes
projetos do IAE, e entre eles o VLS-1 VSISNAV (veja a nota: “AEB Assina 3 Convênios de 3 Importantes Projetos do PEB”), que poderá realmente ajudar que esse
lançamento venha ocorrer mesmo em 2013. Vamos aguardar e torcer.
"A expectativa é que até 2014 o Veículo Lançador de Satélite-1 volte a ser operado em lançamento real em Alcântara."
ResponderExcluirSe isso acontecer estaremos antecipando a data prevista de 2015. Se os sistemas elétricos ficarem prontos já em 2013 nada impedirá que o veículo seja lançado em 2014 com um satélite brasileiro. Mas será que irão querer mesmo lança-lo antes do Cyclone-4? Esperemos que sim.
Caro Israel!
ResponderExcluirEm minha opinião a matéria se refere ao lançamento do VLS-1 VSISNAV (antigo VLS-1 XVT-01) colocando o VLS-1 XVT-02 para 2015 e o VLS-1 VO4 para 2016, esse realmente o quarto voo de qualificação do foguete e único dos três que deverá levar uma carga útil abordo (satélite). Entretanto, espero que essa previsão da AEB não seja a correta.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Eu continuo achando incrível que estejamos aqui hoje, em 2012, discutindo sobre os efeitos de um problema ocorrido em 2003 (a fatídica explosão), as tentativas de reativar um projeto de concepção muito antiga (o VLS foi concebido na década de 60 por influência de um projeto da Black Brant), e tentar fazer funcionar um novo protótipo em 2015.
ResponderExcluirIndependente da questão dos interesses da ACS, colocar um pequeno satélite em órbita (e no caso um satélite de 100 ou 200 kg é tão pequeno quanto um de 10 ou 20), usando um lançador movido a combustível sólido, poderia ser feito de uma forma muito menos custosa. e sem as complexidades inerentes ao projeto do VLS.
Insisto: se é para estabelecer um marco, tipo "O Brasil colocou um satélite em órbita usando um lançados próprio", não seria muito mais fácil, criar um foguete com os motores S40, S30 e outros, já disponíveis e testados, e lançar um satélite de uns 5 kg que ficasse em órbita por uns 500 anos como fez o "Vanguard 1" na década de 50 ?
Eu sinceramente estou totalmente descrente da viabilidade e até da necessidade do VLS hoje em dia. Afinal são mais de 14 anos da sua concepção...
Abs.
O que mais me espanta, é estarmos hoje, em 2012, discutindo a sobrevida de um projeto concebido na década de 60 (baseado numa ideia da Black Brant canadense), que foi interrompido em 2003 devido a fatídica explosão.
ResponderExcluirEu sinceramente duvido da viabilidade e até da necessidade do VLS hoje em dia. Afinal, ele está projetado para uma carga útil de cerca de 400 kg, o que hoje em dia, não deixa de ser um satélite pequeno.
Se é para estabelecer um marco, tipo, "O Brasil lançou o seu primeiro satélite com foguete próprio", não seria muito mais prático, um pequeno lançador e um pequeno satélite, num plano mais DE ACORDO COM A NOSSA REALIDADE, usando os motores que já estão aí disponíveis e testados, numa configuração semelhante ao foguete Scout, e um micro satélite semelhante ao Vanguard 1 para ficar orbitando por centenas de anos?
Não posso acreditar que o Brasil não tenha HOJE a capacidade de colocar em órbita um pequeno satélite, de até 5 kg usando os motores a combustível sólido que já estão aí bem testados. É o que os americanos fizeram na década de 50 com o Projeto Vanguard.
Eu acredito que reproduzir o feito do Vanguard 1, colocando um pequeno satélite para orbitar (de preferência de forma funcional), por centenas de anos, seria um marco efetivo, e nos permitiria “virar esta página”, passando a concentrar esforços no que realmente importa, que é o VLM, para finalizar o “ciclo de combustível sólido” e partir para os motores a combustível líquido a todo vapor, e pesquisas de novas tecnologias de propulsão em paralelo, além é claro dos satélites grandes, acima de uma tonelada.
É isso.
Olá Marcos!
ResponderExcluirCaro amigo, esquece o VLM-1, esse foguete está na fita e é uma realidade, vai sair sem dúvida em 2015 ou no mais tardar em 2016. O objetivo do IAE na continuação do projeto do VLS-1 é qualificar tecnologias que serão usadas no VLS-Alfa (Ex: parte baixa do foguete (primeiro e segundo estágios), o Sistema de Navegação - SISNAV, as redes elétricas e pirotécnicas, entre outras tecnologias) e que também poderão ser usadas por outras versões do próprio VLM-1. O VLS-Alfa é o grande objetivo imediato do IAE (apesar de está em Stand By), pois o mesmo atenderá perfeitamente os satélites baseados na Plataforma Multimissão (PMM) planejados pelo PNAE. É por isso que o projeto do motor L75 esse ano teve atenção especial do IAE (e ao que parece terá ainda mais em 2013), apesar das dificuldades, já que esse motor é fundamental no projeto do VLS-Alfa. Se o cronograma atual de vôos tecnológicos e do vôo de qualificação do VLS-1 forem cumpridos a risca, o Brasil poderá surpreender o mundo lançando esse foguete em 2016 e o VLS-Beta talvez um ano depois. Se isso acontecer, e se houver seriedade, o passo para um foguete capaz de colocar cargas úteis em órbitas geoestacionárias poderá ser alcançado quatro anos depois. O problema é que ainda existem muitos senões e empecilhos a serem vencidos e a parte tecnológica dessa trajetória passa ainda pelo projeto do VLS-1. Espero que tenha sido claro contigo.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
"lançando esse foguete em 2016 e o VLS-Beta talvez um ano depois. Se isso acontecer, e se houver seriedade, o passo para um foguete capaz de colocar cargas úteis em órbitas geoestacionárias poderá ser alcançado quatro anos depois."
ResponderExcluirGostei do otimismo!!!
Mas acho que vc viajou um pouco, Duda rsrsrs.
Pelo visto o IAE não vai fazer foguetes de grande porte.
Pelo jeito desistiram...
O Kasemodel disse que um banco de ensaio para motores de 40t (que é relativamente pequeno) está fora da realidade de orçamento do IAE.
Mas gostei do otimismo !
Abrs
Caro Iurikorolev!
ResponderExcluirNão falei de certezas e sim de possibilidades e as mesmas evidentemente passam pelo interesse do IAE que, no momento (você está certo) não é nada favorável a esse tipo de foguete. Entretanto, as coisas podem mudar e se isso acontecer e o cronograma do VLS Beta for cumprido até 2016, pelo menos tecnicamente esse objetivo será possível.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)