Exercícios no Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na revista “PUCRS
Informação” de Julho/Agosto de 2012,
revista esta publicada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS), destacando que equipamento criado pelo Laboratório de Engenharia Biomecânica Aeroespacial do Centro de Microgravidade
(MicroG) dessa universidade gaúcha compensa efeitos da gravidade.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Exercícios no Espaço
Equipamento criado no MicroG compensa efeitos da
gravidade
PUCRS Informação
Julho/Agosto de 2012
Foto: Gilson Oliveira
Multiplataforma exercita coração,
ossos e músculos ao
mesmo tempo
Criar um equipamento que compense os efeitos da microgravidade em astronautas
nas viagens espaciais. Com este objetivo, a engenheira mecânica do Laboratório
Norte-Americano de Pesquisa Naval, Christine Dailey, veio ao Brasil desenvolver
parte de sua pesquisa de mestrado no Laboratório de Engenharia Biomecânica
Aeroespacial do Centro de Microgravidade (MicroG) da PUCRS. Ela projetou uma
multiplataforma que exercita os sistemas cardiovascular, ósseo e muscular ao
mesmo tempo.
Exposição
prolongada à microgravidade pode causar alterações importantes no funcionamento
dos sistemas cardiovascular, ósseo e muscular, entre outros efeitos. Para
avaliar se os exercícios trazem benefícios à saúde do astronauta, a mestranda
em Engenharia Eletromecânica pela Embry-Riddle Aeronautical University veio
especialmente trabalhar com a câmara de baixa pressão do MicroG. O projeto tem
visão multidisciplinar e envolve as Faculdades de Engenharia, de Educação
Física e Ciências do Desporto (FEFID) e o curso de Fisioterapia.
Segundo
Christine, os aparelhos que existem hoje atuam num sistema por vez. “Nos
Estados Unidos temos uma esteira, mas é grande e cara para desenvolver. A
multiplataforma é uma inovação, mais leve e portátil, com um princípio simples.
Será parecida com um aparelho de fazer estepe, com um sistema de molas para dar
mais resistência e efeito”, comenta.
A primeira
etapa de testes, com a câmara de baixa pressão desligada, fez medições de parâmetros
fisiológicos e biomecânicos, avaliando o conforto do astronauta. O próximo
passo é a análise das informações coletadas e o envio de artigos a revistas da
área. A pesquisadora ficou no Brasil de janeiro a maio de 2012, mas planeja
voltar para a segunda etapa de testes, com a câmara ligada.
Coordenador do Laboratório de Biomecânica Aeroespacial e
professor da FEFID, Rafael Baptista conduz a parte biológica da pesquisa e
explica que os mesmos efeitos da microgravidade são experimentados durante o
envelhecimento. “Num futuro, essas técnicas que estamos desenvolvendo poderão ser
usadas para minimizar problemas de saúde que surgem com a idade”, ressalta.
Motor Humano
O MicroG também trabalha no
desenvolvimento de uma centrífuga humana, que permite simular condições
semelhantes às de voo de alta performance com aceleração brusca. O equipamento
já existe, mas este será o primeiro movido pelo exercício no Brasil e na
América Latina.
Uma bicicleta, ligada por um cabo ao lado
externo da centrífuga, funciona como motor quando pedalada e simula uma
gravidade até cinco vezes maior que a terrestre (5G) para quem está no seu interior.
O projeto, desenvolvido pelos irmãos e mestrandos em Engenharia Elétrica na
PUCRS , Marcelo e Eduardo Albuquerque – sob orientação da coordenadora do
MicroG, professora Thaís Russomano –, poderá ser utilizado para treinamento e
deverá ficar à disposição dos estudantes da Faculdade de Ciências Aeronáuticas.
Responsável pela construção da parte
mecânica da centrífuga, Marcelo destaca o baixo custo do aparelho, comparado a
semelhante desenvolvido pela Agência Espacial Americana (NASA). “Comprei peças
em excelente estado em ferro velho e em lojas de câmbio”, comenta.
A parte eletrônica para captação de dados
como velocidade RPM, Força G, ECG da pessoa no interior da centrífuga e
aceleração, desenvolvida por Eduardo, possibilitará pesquisas sobre o efeito do
exercício no coração e na pressão arterial. As análises de dados começaram
ainda no primeiro semestre de 2012 e são feitas em parceria com a FEFID e o
curso de Fisioterapia.
Thaís destaca a possibilidade de as
pesquisas desenvolvidas contribuírem para o estudo do ser humano nos ambientes
cósmico e terrestre. “Todos os estudos têm, também, a intenção de cooperar de
alguma forma com a medicina”, afirma.
Fonte: Revista PUCRS Informação - Edição nº 160 - pág. 20
- Jul / Ago 2012
Comentário: Já havia ouvido falar desse Grupo de Estudos
em Microgravidade coordenado pela professora Thais Russomano na PUCRS, pois ela
foi à pesquisadora responsável pelo experimento intitulado “Validação do Coletor de
Sangue Arterializado do Lóbulo da Orelha para Uso em Avaliações Médicas de
Astronautas Durante Missões Espaciais” selecionado em 2009 pelo 3º AO (Anuncio
de Oportunidade) do Programa Microgravidade AEB. Lançado em 21/11/2006,
esse 3º AO consistia
no lançamento de duas missões espaciais com experimentos da comunidade
científica brasileira. A primeira com um foguete VSB-30 do Centro de Lançamento de
Alcântara (CLA) que veio ocorrer no final de 2010 (Operação Maracati II), e a segunda de Baikonur através de uma espaçonave Soyuz
que levaria os experimentos para voar abordo da Estação Espacial Internacional
(ISS), vôo este que não aconteceu até agora, pois como sabemos esse Programa
Microgravidade da AEB é uma piada que infelizmente nunca funcionou direito
(Detalhe: Segundo o que constava no 3º AO, esse vôo para ISS estava previsto
para ocorrer em SET/2009). Entretanto,
apesar do Programa Microgravidade da AEB nunca ter funcionado como se esperava,
é evidente o grande avanço que esse "MicroG da PUCRS" vem alcançando nos últimos anos
nessa área de microgravidade. Parabéns a Profa. Thais Russomano e ao seu grupo. Vocês são “GENTE
QUE FAZ”.
Grande notícia.
ResponderExcluirE parabéns à PUCRS e as demais PUCs do Brasil cujo diferencial (entre outros), é investir em centros de pesquisa. Um exemplo que deveria ser obrigatório por lei para que outras instituições de ensino "não tão conscientes", seguissem esse exemplo, querendo ou não.
Abs.
Nossa, muito bom. Infelizmente estão produzindo este estudo praticamente para dar aos estrangeiros, visto que por aqui é até dificil aplicar-lo na prática. Espero que o projeto SARA ajude a diminuir esse défice. Essa universidade é verdadeiramente visionária e prepara-se para daqui a uns anos ser referencia do setor de microgravidade no Brasil, enquanto caminhamos muito devagar para o espaço.
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