Um Estudo Utilizando o Novo 'Test-Bed Telescope (TBT)', Ajuda Cientistas da ESA Descobrirem um Novo Asteroide NEO na Constelação do Sul de Hidra
Caros leitores e leitoras do BS,
No dia 20/03, o site oficial da Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou uma nota anunciando que ao longo do último ano a agência comissionou e começou a operar o segundo "Test-Bed Telescope (TBT)", um telescópio óptico de amplo campo de visão com 56 cm de diâmetro. Este telescópio está localizado no Observatório La Silla da ESO, situado nos Andes chilenos, sendo a segunda unidade após a instalação do primeiro em Cebreros, Espanha. Os TBTs foram desenvolvidos para auxiliar nas observações de Objetos Próximos à Terra (NEOs) e detritos espaciais, além de facilitar experimentos colaborativos. São compostos por componentes comerciais para demonstrar as capacidades das tecnologias de instrumentação atuais e possibilitar a avaliação de abordagens observacionais inovadoras.
Para testar a eficácia desses instrumentos na observação de NEOs, o telescópio tem sido operado quase todas as noites como um dispositivo de acompanhamento desde o recebimento do código MPC W57 no final de 2022. As observações em La Silla se beneficiam das excelentes condições de visibilidade e da cobertura da região celeste do hemisfério sul. Isso fez com que o observatório rapidamente se destacasse entre as instalações de acompanhamento de NEO em todo o mundo, contribuindo de forma significativa para os esforços de confirmação de NEO no hemisfério sul.
Recentemente, decidiram alocar parte do tempo do telescópio para um levantamento de descoberta de NEO. Desenvolveram um pipeline de rastreamento sintético com base no software Tycho Tracker, realizando análises em campos de visão diferentes a cada noite.A estratégia deles de observação envolve alternar entre campos de baixa elongação e acompanhamento regular próximo à região de oposição. Cada detecção de candidato é cuidadosamente validada por observadores profissionais para garantir a precisão das informações enviadas ao MPC e publicadas.
Após meses de trabalho dedicado, finalmente alcançaram sucesso em 14 de março, quando fizeram a primeira descoberta usando este telescópio e sistema de pipeline recém-desenvolvido. Durante uma série de imagens na constelação do Sul de Hidra, identificamos um asteroide de magnitude aproximada de 20.5, inicialmente rotulado como PDO0002. Esta descoberta foi prontamente relatada ao MPC e destacada na Página de Confirmação de NEO.
Os cientistas realizaram observações de acompanhamento com a rede de telescópios e colaboradores, incluindo a Las Cumbres Observatory Network, o Schmidt de Calar Alto e os telescópios TRAPPIST Norte e Sul, localizados no Marrocos e Chile, respectivamente. Graças às medições astrométricas, confirmaram que o objeto é um NEO com tamanho comparável ao impactador de Tunguska, com uma Distância Mínima de Interseção Orbital (MOID) de aproximadamente 0,006 UA (Unidades Astronômicas). Outras estações também contribuíram com observações, e o Pan-STARRS relatou uma detecção "prediscovery" não registrada duas semanas antes, aprimorando ainda mais a compreensão da órbita do objeto.
O asteroide agora é designado como 2024 EL4. A ferramenta de monitoramento de impacto, Aegis, analisou todas as observações disponíveis e concluiu que o objeto não representa risco de impacto com a Terra nos próximos cem anos.
Os cientistas envolvidos esperam que esta descoberta seja apenas a primeira de muitas outras, tanto com esses telescópios de teste quanto com o telescópio de descoberta dedicado da ESA, o Flyeye, que está prestes a ser instalado e comissionado no sul da Itália.
Em uma atualização recente, apenas quatro dias após a descoberta de 2024 EL4, o sistema detectou outro candidato a NEO, e agora os cientistas estão atualmente em processo de confirmação com telescópios da rede.
Créditos: ESA / PDO.
A imagem de descoberta do 2024 EL4 foi gerada empilhando 31 imagens capturadas com uma câmera CCD resfriada. |
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