CLBI Completa 180 Rastreios de Kourou

Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na nova edição da Revista Espaço Brasileiro (Abr. Mai. Jun. de 2010), destacando que o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) completou 180 rastreios de lançamentos para o Centro Espacial de Kourou na Guiana Francesa.

Duda Falcão

CLBI

Centro Completa 180 Rastreios de Kourou

Além dos brasileiros, a instituição também acompanha
a trajetória de foguetes europeus lançados na Guiana Francesa

Raíssa Lopes/CCS

Vista aérea do Centro de Rastreio
O Centro de Lançamento da barreira do Inferno, situado em Natal (RN), não rastreia somente foguetes lançados no Brasil. Foguetes europeus, lançados do Centro Espacial Guianês (CSG, em francês), também têm uma parte de sua trajetória rastreada pelo CLBI. Em maio o centro completou 180 rastreios de Kourou. “Todos absolutamente sem falhas por parte do Brasil”, diz o chefe da seção de Coordenação Internacional, Glauberto Leilson Albuquerque.

Do Centro de Lançamento de Foguetes da Agência Espacial Européia, localizado em Kourou, na Guiana Francesa são lançados os foguetes da família Ariane que colocam satélites em órbita de transferência geoestacionária.

Sala de Controle

Durante toda trajetória, o foguete transmite, para estações em solo, dados sobre seu funcionamento, chamados de dados de telemedidas. Estes dados servem não apenas para verificar o bom funcionamento de todos os sistemas internos do foguete, mas também, para informar o seu correto posicionamento no espaço. Quando a trajetória do foguete europeu Ariane é equatorial (sobre o Equador) muitas estações de solo são necessárias para a captura destes dados, uma vez que nenhuma delas consegue acompanhar todo o percurso. “É ai que o Brasil entra”, explica Glauberto Leilson Albuquerque.

À medida em que o foguete se afasta da Guiana Francesa, começa a aparecer no horizonte do Brasil. Os dados que o CSG obtêm auxiliam a posicionar a nossa antena para receber os sinais tão logo o foguete apareça na visibilidade radioelétrica do CLBI.

O processo se repete para outras estações, quando os dados recolhidos pelo Centro são disponibilizados para posicionar a próxima antena de telemedidas. “Chamamos designação o ato de informar a próxima estação aonde apontar sua antena”, conta Glauberto. Segundo ele, quando o foguete é lançado a partir do Centro Espacial Guianês, a primeira parte do rastreio é feita pela própria estação de telemedidas do CSG – a Galliot. Em seguida, a estação de telemedidas do CLBI é quem faz o rastreio do foguete. Uma estação instalada na Ilha de Ascensão, no Oceano Atlântico, e duas na África – a de Libreville e a de Malindi, completam o serviço. “Nesta cadeia de rastreio a nossa estação é a única operada por não-europeus”, explica. No Brasil, cerca de 50 pessoas são envolvidas diretamente no processo.

Lançamento de um Foguete Ariane a Partir da Base de Kourou

Órbita – A órbita final dos satélites será atingida a partir de comandos de manobras que eles receberão a partir de estações de controle de satélites espalhadas pelo mundo. A atividade de coleta de dados de telemedidas feita pelo CLBI dura cerca de oito minutos e é imprescindível para o sucesso da cadeia de rastreio. Para que tudo esteja confiável na hora do lançamento, todo o conjunto de equipamentos passa por manutenções e regulagens periódicas. Além disso, próximo ao lançamento tudo é novamente testado. Antes da data, alguns ensaios simulam as situações do rastreio para garantir que todos os meios estejam dentro do desempenho esperado. O período que envolve testes, ensaios e o lançamento é denominado de “Campanha de Lançamento”. Uma campanha de lançamento Ariane leva cerca de 20 dias.

O conjunto de todos os dados de telemedidas é armazenado em gravadores digitais que servem para comprovar que o rastreio foi bem-sucedido e, também, para leitura e estudo dos dados em caso de necessidade. “Como nenhuma estação tem o conjunto completo dos dados de toda a trajetória, é preciso que alguém receba a parte recolhida por cada estação e reúna-os num único volume. Esta estação encontra-se em Toulouse, na França, e os dados são enviados via satélite logo após o término do rastreio”, conta Glauberto.

Benefícios – “Uma coisa importante é que esta parceria nos permite acompanhar o que há de mais moderno em termos de atividade espacial”, diz Glauberto. Segundo ele, no CLBI existe o mais moderno em equipamentos e sistemas de telemedidas, devido a um acordo assinado em 1977, com o Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES, em francês) para a realização deste serviço.

Outro fator de interesse para o Brasil acontece quando a carga útil a ser lançada apresenta alguma novidade tecnológica. A carga transportada pode não ser um satélite. “O Ariane já lançou partes da Estação Orbital Espacial a (ISS), um motor iônico que levou uma sonda até a Lua, o mais pesado satélite de telecomunicações do mundo, entre outros”, relata Glauberto.

O Brasil recebe, por lançamento, US$ 112 mil que são destinados ao fundo aeronáutico. Geralmente ocorrem entre sete e oito lançamentos por ano. “Com um serviço especializado, trazemos para o Brasil cerca de R$ 1 milhão por ano”, completa Glauberto.

Antena de Telemedidas

Kourou – A Agência Espacial Francesa (CNES, sigla em Francês) decidiu, em 1964, construir seu centro de lançamento de foguetes em Kourou, na Guiana Francesa, devido à proximidade com a Linha do Equador. A cidade fica a aproximadamente a 500 quilômetros ao norte do Equador a uma latitude de 5° 10’ (cinco graus e dez minutos). Quando a Agência Espacial Européia (ESA em Francês) foi fundada, em 1975, a França ofereceu compartilhar o centro de lançamentos com a ESA. Kourou serve, também, como centro de lançamento da empresa comercial Arianespace e de outras empresas comerciais não-européias.

Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 9 - Abr. Mai. Jun. de 2010 - págs. 20 e 21
Comentário: Esse é um bom exemplo da competência instalada no país tanto em infra-estrutura como em recursos humanos para atender o Programa Espacial Brasileiro, e por tabela os programas espaciais de outras nações. Porém, também é um claro exemplo de como a classe política brasileira trava o desenvolvimento do setor espacial no país, já que apesar dessa competência citada, o PEB que está em vias de completar 50 anos em 2011, encontra-se com o seu desenvolvimento bem aquém do que poderia está, ou seja, com décadas de atraso. Lamentável!

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