Novo Cubesat Avaliará de Influência dos Aerossóis Atmosféricos na Formação de Nuvens
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado dia (01/08) no site da
Agência FAPESP, destacando que pesquisador brasileiro lidera grupo na Universidade de Maryland (EUA) que está desenvolvendo Cubesat para a valiar a influência dos aerossóis atmosféricos na formação de nuvens.
Duda Falcão
Notícias
Novo Satélite Avaliará Influência dos Aerossóis Atmosféricos na Formação de Nuvens
Por André Julião
Agência FAPESP
01 de agosto de 2019
(Imagem cedida pelo pesquisador)
Um satélite do tamanho de um pão de forma coletará dados
durante um ano sobre os aerossóis atmosféricos e sua influência na formação das
nuvens na Terra.
O pequeno satélite foi desenvolvido pelo grupo liderado
por Vanderlei
Martins, professor da University of Maryland, Baltimore County (UMBC),
nos Estados Unidos, com apoio da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos.
Aerossóis são pequenas partículas suspensas na atmosfera terrestre, como
poeira, sal marinho e pólen, mas também incluem aquelas de origem
antropogênica, como fuligem de queimadas e poluição urbana. Martins foi
bolsista de doutorado e de pós-doutorado da
FAPESP e professor no IFUSP, antes de se mudar para os Estados Unidos.
O HARP CubeSat, como é chamado, deverá ser embarcado em
outubro em uma missão não tripulada para levar suprimentos para a Estação
Espacial Internacional (ISS). Ao chegar lá, será lançado no espaço junto com
outros pequenos satélites desenvolvidos por diferentes grupos de pesquisa a
partir de uma miniestação de lançamento na ISS.
O projeto do HARP CubeSat foi apresentado por Martins
na Escola São Paulo de Ciência Avançada em Aerossóis Atmosféricos,
que ocorre até o dia 2 de agosto no Instituto de Física da Universidade de São
Paulo (IFUSP). Com 156 alunos do Brasil e de outros 33 países, a Escola tem
apoio da FAPESP por meio do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada
(ESPCA).
“Trabalhamos as medidas de aerossóis atmosféricos com
vários tipos de sensores, sejam de solo, embarcados em aviões ou em satélites.
Cada tipo tem uma abrangência diferente”, disse Martins à Agência FAPESP.
“O HARP CubeSat faz imagens parecidas com as de uma
câmera de celular, mas também obtém outras informações com o objetivo de fazer
medidas científicas. As imagens que ele fizer serão usadas para reproduzir
parâmetros geofísicos, como a quantidade e o tipo de poluição da atmosfera”,
disse Martins, um dos fundadores da empresa AirPhoton, de equipamentos de
medidas de poluição de ar.
Henrique de Melo Jorge Barbosa, professor no IFUSP e
organizador da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Aerossóis Atmosféricos,
colabora no projeto do HARP CubeSat.
Barbosa trabalha no desenvolvimento do algoritmo para
analisar as medidas feitas pelo sensor do satélite, o HARP (sigla de Hyper
Angular Rainbow Polarimeter) e obter as propriedades dos aerossóis e das
nuvens. Parte do trabalho foi realizada durante o período em que passou na UMBC
entre 2017 e 2018, com Bolsa de Pesquisa no Exterior da FAPESP.
“O sensor HARP a bordo do CubeSat registra duas imagens
por segundo, em três estados de polarização simultâneos e quatro comprimentos
de onda, com alta resolução espacial. Isso permite observar o mesmo ponto na
superfície da Terra e mais de 60 perspectivas diferentes. Quando lançado e
operado continuamente em alta resolução, será o sensor ambiental produzindo a
maior quantidade de dados a partir do espaço”, disse Barbosa.
Uma dificuldade, entretanto, é que, depois de um ano em
órbita, o HARP CubeSat começará a cair e se desintegrará na atmosfera. Outra
limitação é que um satélite pequeno como o CubeSat não tem a capacidade de
armazenar e transmitir para a Terra a enorme quantidade de dados, e estes são
reduzidos a umas poucas imagens de baixa resolução por dia.
Mas o grupo do professor Martins já prepara o HARP2, a
próxima geração do sensor HARP, que será um dos instrumentos a bordo do
satélite PACE ( Plankton, Aerosol, Cloud, Ocean Ecosystem), uma
nova missão da NASA dedicada a medir propriedades do oceano e da atmosfera e
que tem lançamento previsto para 2023.
A bordo do satélite PACE, o sensor HARP2 coletará e
transmitirá uma quantidade de dados muito maior do que é possível com um
CubeSat, e será capaz de monitorar o globo terreste inteiro a cada dois dias.
Aerossóis Atmosféricos
Sensores como o HARP são fundamentais para aumentar a
compreensão sobre os aerossóis atmosféricos, partículas líquidas ou sólidas em
suspensão no ar que têm grande influência no balanço climático global.
“Entre os ingredientes importantes para as mudanças
climáticas globais, temos os gases do efeito estufa e os aerossóis
atmosféricos. Esses têm impactos muito grandes no clima, na formação de nuvens,
na chuva e no funcionamento dos ecossistemas e são muito pouco compreendidos em
geral. A Escola São Paulo de Ciência Avançada em Aerossóis Atmosféricos foi
pensada para disseminar o conhecimento que temos sobre o papel dos aerossóis
atmosféricos”, disse Paulo Artaxo, professor do IF-USP, membro da
coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), supervisor
do pós-doutorado de Martins e um dos professores da Escola.
Durante a palestra de abertura do evento, no dia 22,
Artaxo explicou que os aerossóis influenciam diretamente o balanço de radiação
da atmosfera, causando um efeito de resfriamento da Terra. Ao longo do último
século, eles foram determinantes no crescimento ou na diminuição da temperatura
global do planeta. No entanto, são poderosos poluentes atmosféricos.
“Na cidade de São Paulo, a fumaça preta que sai do cano
de descarga dos ônibus, por exemplo, é muito prejudicial para a saúde humana.
Por isso, as grandes cidades do mundo estão diminuindo as emissões dos
aerossóis. Hoje, eles matam cerca de 30 milhões de pessoas por ano, de acordo
com dados da Organização Mundial de Saúde”, disse.
Visitas e Experimentos
Durante a Escola São Paulo de Ciência Avançada em
Aerossóis Atmosféricos, os alunos visitam laboratórios de pesquisa na USP e no
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Os alunos também realizarão um experimento no terraço do
Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, com vista para o Parque do
Ibirapuera. Eles usarão um pequeno dispositivo acoplado a um smartphone. O
dispositivo utiliza o sensor de luz presente nesses aparelhos para medir os
aerossóis atmosféricos a partir da quantidade de luz detectada. O experimento é
parte das atividades práticas da Escola.
Além de Artaxo e Martins, o primeiro dia da Escola contou
com os pesquisadores Alfred Wiedensohler, do Leibniz Institute for Tropospheric
Research, da Alemanha, e Hans-Christen Hansson, da Stockholm University, da
Suécia.
O evento tem ainda a presença de Lorraine Remer (Joint
Center for Earth Systems Technology, Estados Unidos), Ilan Koren (Weizmann
Institute of Science, Israel), Luiz Machado (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), Eduardo Landulfo (Ipen), Maria Kanakidou (Universidade de Creta,
Grécia) e Helmuth Horvath (Universidade de Viena, Áustria).
A Escola São Paulo de Ciência Avançada em Aerossóis
Atmosféricos terá ainda uma mesa-redonda sobre saúde com Simone El Khouri
Miraglia, da Unifesp, e Pedro Jacobi, da USP.
Mais informações sobre a Escola: http://spsas-aerosols.if.usp.br.
Leia mais sobre pesquisas com aerossóis atmosféricos
em: agencia.fapesp.br/29519, agencia.fapesp.br/27044, agencia.fapesp.br/25371, agencia.fapesp.br/24177, agencia.fapesp.br/22366 e agencia.fapesp.br/18691.
Fonte: Site da Agência FAPESP - http://agencia.fapesp.br
Comentário: Bom leitor, o que será que fez o Prof. Vanderlei Martins deixar o Brasil para trabalhar
na Universidade de Maryland desenvolvendo pequenos satélites? Melhores condições
de trabalho e de salário? Não sei, mas certamente a Universidade de Maryland
sabe exatamente o porquê o contratou. Além do mais é verdade também que este é
outro caso onde o Brasil perdeu mais um
profissional especializado formado pela educação pública, incapaz que foi de
mate-lo no país dando retorno a sua sociedade. Está é uma das razões porque enalteço
a postura do Eng. Lucas Fonseca (CEO da startup da Airvantis e líder da Missão
Lunar Garatéa-L), por sua escolha pessoal de deixar a ESA (Agência Espacial
Europeia) e retornar ao país, para assim dar retorno ao investimento feito pela Sociedade Brasileira na sua formação profissional. Um
exemplo de muita coragem e de consciência cidadã, não sendo por acaso o sucesso do mesmo alcançado até o momento.
Comentários
Postar um comentário