Lightsail 2, o 'Veleiro Solar' da Sociedade Planetária
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada hoje (02/08) no Blog
Cássio Barbosa do site “G1” do globo.com sobre a recente tecnologia de veleiro
solar do satélite Lightsail 2 lançado recentemente pela Sociedade Planetária.
Duda Falcão
CIÊNCIA E SAÚDE
Lightsail 2, o 'Veleiro Solar' da Sociedade Planetária
O satélite Lightsail 2 tem propulsão a partir da luz do
Sol e pode representar um novo paradigma para viagens espaciais.
Por Blog Cássio Barbosa do G1
02/08/2019 - 06h00
Atualizado há 3 horas
Foto: Divulgação/The Planet Society
Deploy: Sequência de desdobramento da vela solar do
LightSail.
A gente aprende em história que o final do século XV e o
início do século XVI são o período das grandes navegações. Inclusive com as
expedições de Fernão de Magalhães provando, mais uma vez, que a Terra não é
plana. Esse período representou uma grande expansão de fronteiras de países
europeus em direção a novas terras. Essa expansão se deu em frágeis embarcações
à mercê dos humores do tempo, em especial do vento.
Antes que você se pergunte se está no blog certo, eu digo
que nós estamos a um passo de reviver a era das grandes navegações. E novamente
com ajuda do Sol...
Em 25 de junho deste ano, a Sociedade Planetária, uma
entidade sem fins lucrativos fundada por Carl Sagan, entre outros, lançou seu
terceiro protótipo de um veleiro solar. Em 2005, a sociedade lançou o Cosmos 1,
ou pelo menos tentou, uma vez que o foguete que o carregava explodiu em voo.
Dez anos depois, em 2015, foi lançado o LightSail 1 (um
jogo de palavras que brinca com o fato dele ser impulsionado por luz ao mesmo
tempo que ele é leve) e nessa oportunidade o veleiro conseguiu alcançar a
órbita terrestre.
A Luz Como "Combustível"
O LightSail 1 veio provar que o conceito de veleiro solar
é, de fato, viável. Veleiro solar pode ser qualquer artefato, satélite, sonda
ou nave tripulada, que viaje movido pela luz solar. Como assim? A luz, na
verdade qualquer radiação, carrega momento linear. Ao se chocar com uma
superfície, ela transfere esse momento e pode colocar a superfície em
movimento.
A física é praticamente a mesma que explica quando uma
bola de bilhar começa a se mover ao sofrer uma colisão com outra bola. É claro
que, com a luz, o resultado é imperceptível em um primeiro momento, pois não só
a luz carrega pouco momento, mas também porque um satélite tem muita massa. Em
teoria isso pode ser contornado diminuindo-se a massa do artefato lançado e
também aumentando a área da superfície coletora, a vela solar.
Bom, isso em teoria.
Foto: Divulgação/The Planetary Society
LightSail 2 com sua vela aberta em laboratório.
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Para provar que a teoria está certa, a Sociedade
Planetária lançou seu protótipo completamente financiado por doações de
aproximadamente 40 mil aficionados pelo espaço. O LightSail 1 foi um
experimento em que um cubesat de 3 elementos foi lançado com uma vela feita de
Mylar, um poliéster metálico altamente reflexivo.
A missão do LightSail 1 era tão somente mostrar a
viabilidade técnica de se mandar uma carga útil, como o cubesat, acoplada a uma
vela que pudesse se desdobrar no espaço para “capturar” mais luz do Sol. Tanto
foi que o primeiro protótipo foi colocado em uma órbita baixa, onde o arrasto
da atmosfera terrestre iria fazer sua reentrada em menos de 15 dias.
Apesar de alguns sustos, a manobra de lançamento e
desdobramento da vela ocorreu perfeitamente, abrindo o caminho para outra sonda
com responsabilidade um tanto maior: provar que a luz do Sol é capaz de
impulsionar o cubesat para ele alterar sua órbita.
Essa é a missão do LightSail 2, lançado por um foguete
Falcon Heavy no fim de junho. Quase um mês depois, no dia 23 de julho, o
cubesat acionou seu mecanismo para liberar as velas e, algum tempo depois, elas
estavam totalmente abertas! Com essa configuração, a área coletora de luz
atingiu 32 metros quadrados, mais ou menos a área de um quadrado de 5,5 metros
de lado.
Como eu disse lá no começo, manobras com o uso da pressão
da radiação solar levam tempo, pois o efeito da luz é muito sutil, então era
preciso aguardar. O cubesat foi colocado em uma órbita circular de 720 km de
altura, muito mais alto que seu predecessor, já que, nesse caso, é fundamental
ficar longe da ação da atmosfera.
Foto: Divulgação/The Planetary Society
Cubesat do LightSail 2.
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Mudança na Órbita do Satélite
Fazendo com que as velas fiquem a maior quantidade de
tempo apontadas para o Sol, a ideia é que o LightSail 2 altere de uma órbita
circular para uma órbita mais ovalada, ou seja, elíptica. Com essa manobra, a
Terra deixa de ser o centro da órbita e se torna um dos focos da elipse, e a
ação da luz solar é fazer a distância maior entre o satélite e a Terra (chamada
apogeu) aumentar gradativamente. Por outro lado, a menor distância entre os
corpos (chamada perigeu) diminui do mesmo tanto. A distância média fica na
mesma, mas a órbita é outra, com uma dinâmica bem diferente.
Resultados Já Apareceram
E até que não foi preciso esperar muito para que os
resultados aparecessem. Na última quarta-feira (31), a Sociedade Planetária
anunciou que conseguiu detectar que a órbita do LightSail 2 de fato se ovalou
um pouco, fazendo com que o apogeu ficasse 2 km mais alto do que o raio da
órbita inicial, que era circular.
Essa distância é bem pequena em termos de
navegação espacial, mas reprenta muito em termos de conceito: é verdadeira a
ideia de que uma nave possa alterar sua trajetória no espaço (nesse caso, mudar
sua órbita) usando somente a luz do Sol.
Isso representa uma mudança de paradigma muito almejada,
uma vez que, atualmente, estamos quase totalmente dependentes de foguetes
movidos a reações químicas. Temos naves que manobram com o uso de propulsão
iônica, mas nunca antes isso foi feito com a luz solar, o que deve colocar a
exploração espacial em outro patamar. Com o uso da luz solar para manobras no
espaço, não será necessário agregar motores e combustível.
Uma nova maneira de viajar pelo Sistema Solar foi
confirmada como factível e, nas palavras do gerente do projeto: “Se 40 mil
aficionados financiaram os dois LightSail com US$ 7,5 milhões, imagine o que
poderíamos fazer se esse número chegar a 500 mil pessoas? Ou 5 milhões?” Pois
é, só esperando para saber!
Fonte: Site “G1” do globo.com - 02/07/2019
Comentário: Bom leitor, sinceramente não vejo futuro
neste tecnologia, a não ser para missões de sondas espaciais onde o período da missão
não seja tão importante assim (algo muito raro e que não faz sentido por
motivos óbvios). É muito simples o entendimento, afinal não consigo imaginar
uma viagem tripulada para Marte se utilizando de uma propulsão tão lenta, não faz
sentido algum, imagine em uma viagem entre estrelas onde a luz solar é ainda mais
fraca como no meio interestelar. Com a tecnologia atual de propulsão química levaríamos
algo entre seis meses a oito meses numa viagem entre a Terra e Marte, período já
bastante grande e perigoso para os astronautas, enfim... eu acho que esses recursos
poderiam ter sido melhor aplicados em meios propulsivos mais práticos, porém tá
ai a noticia e eu agradeço ao nosso leitor Bernardino Silva pelo envio da
mesma.
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