INPE e Desmatamento: Questionamentos do Governo Fazem Sentido”, Diz Professor da USP
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessantíssima matéria publicada
ontem (04/08) no site online do jornal “Gazeta do Povo” de Curitiba (PR), destacando
que segundo Professor da USP, os questionamentos do governo no caso do
desmatamento fazem sentido.
Duda Falcão
AMAZÔNIA
INPE e Desmatamento: Questionamentos do Governo
Fazem Sentido”, Diz Professor da USP
Por Andrea Torrente
Especial para a Gazeta do Povo
04/08/2019 - 12:47
Foto: NASA/JHUAPL
O professor Alexandre Galvão Patriota,
livre-docente do Departamento de Estatística do Instituto de Matemática e
Estatística da Universidade de São Paulo (USP), afirmou neste sábado (3) que os
questionamentos do governo aos dados sobre o desmatamento da Amazônia
"fazem sentido"
Ele analisou os dados do Deter-B, o Sistema de Detecção
do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real, operado pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e as inconsistências levantadas pelo
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em coletiva na última quinta-feira
(2). Em uma série de posts em seu perfil no Twitter (confira abaixo alguns
deles), Patriota evidenciou que há pelo menos três incongruências nos dados
apresentados pelo INPE.
A primeira é a questão das áreas sobrepostas, ou
seja, a possibilidade de ter havido contagem duplicada do desmatamento. A
segunda são as áreas desmatadas há meses ou anos que supostamente não foram
detectadas na época e só foram contabilizadas em junho de 2019. E a terceira
diz respeito a áreas com baixa vegetação que teriam sido detectadas como
desmatamento.
Ele apresenta mais um caso referente ao problema de nuvens mas não entra em muitos detalhes pois é mais do mesmo.— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
A novidade aparece nas sobreposições de polígonos/áreas o que indicaria contagem em duplicidade. pic.twitter.com/GFHxtdG0A5
Se os dados apresentados pelo ministro estão correto, o problema é grave e um sistema de detecção mais acurado se faz necessário.— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
Precisamos de mais transparência para que possamos replicar essas análises. Os dados e algoritmos deviam ser disponibilizados com tutorial.
Os dados divulgados pelo INPE apontaram para o mês
de junho um salto de 88% no desmatamento em relação ao mesmo período de 2018. O
governo reagiu contestando os dados numa coletiva de imprensa da qual
participaram o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Ricardo Salles e
Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Salles não
apresentou números alternativos, mas apontou “falhas no monitoramento” do INPE.
Ele apresenta alguns casos em que houve desmatamento numa data ANTERIOR e o Deter não havia detectado, acumulando-a para o mês de junho.— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
Na figura abaixo ele mostra um estudo de caso em que o Deter não acusa desmatamento nas datas em que de fato ocorreram e acumula para junho. pic.twitter.com/LMkB5Njvfa
Eles mostra abaixo uma sucessão de desmatamentos que vinham ocorrendo desde 2017 e foram se acumulando sem detecção. Segundo a análise da equipe do ministro, a detecção ocorreu tudo de uma vez em junho/2019. pic.twitter.com/NgCSbZlFzO— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
"Do INPE eu esperava uma resposta oficial aos
questionamentos do ministro. Em seu comunicado à imprensa, o instituto disse
que os dados apresentados pelo ministro estão em consonância com o esperado
pelo Deter. O que me impressionou, pois esperava uma contestação ponto a ponto
da apresentação do Ministério do Meio Ambiente. Se não contestaram os pontos
levantados pelo ministro, ele tem certa razão”, afirma Patriota em entrevista à
Gazeta do Povo.
Para entender melhor a questão, Patriota disse que
solicitou ao INPE "informações sobre a variabilidade de uma análise de
regressão empregada na validação do sistema Deter em relação ao Prodes"
(Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), outro sistema de
monitoramento do Inpe que serve para calcular a taxa anual de desmatamento.
Esse dado solicitado, uma espécie de margem de erro, vai mostrar o quão preciso
é o Deter em relação ao Prodes. “O Deter apresenta uma estimativa da área
desmatada que precisa ser confirmada pelo Prodes”, explica o professor."
O quarto caso é um falso-positivo: detecção de desmatamento quando na verdade era uma área sem vegetação. pic.twitter.com/Jpjp52Q5yb— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
Ele apresenta mais um caso referente ao problema de nuvens mas não entra em muitos detalhes pois é mais do mesmo.— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
A novidade aparece nas sobreposições de polígonos/áreas o que indicaria contagem em duplicidade. pic.twitter.com/GFHxtdG0A5
Um dos problemas nas medições do Deter é causada
pela alta nebulosidade em muitas áreas da floresta. Pode ocorrer que o satélite
não consiga capturar as imagens durante um longo período numa área e, quando
finalmente consegue, o desmatamento é contabilizado naquele mês, sendo que pode
ter ocorrido meses ou até anos antes.
O OC também fez criticas à apresentação do Evaristo de Miranda.— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
Eu notei que muitas das criticas não seguem. Vejam a crítica do OC quanto à área dos assentamentos e comparem com a informação oficial do INCRA.https://t.co/NuvaZdUGdchttps://t.co/WXsJmuY0YD pic.twitter.com/q7rVbJwMdO
O INPE precisa deixar claro qual é a variabilidade das medições do sistema Deter. O único artigo que encontrei que valida o sistema não informa a estimativa da variância do erro do modelo de regressão:https://t.co/hFHzZvB2xR— Alexandre Patriota (@agpatriota) 2 de agosto de 2019
"Não foi um problema técnico do INPE, foi de
divulgação na mídia. O Deter não pode ser usado como detecção definitiva de
desmatamento, mas sim de alerta. O INPE deixa isso claro em seus relatórios
metodológicos”, explica Patriota.
Segundo o especialista, uma discussão ideologizada e a
divulgação de informações equivocadas podem causar dano ao Brasil no cenário
internacional e nas relações diplomáticas. “Houve um problema de comunicação
essencialmente. Provavelmente, o presidente [da República] ficou sabendo [dos
dados] pela mídia. Penso que o dirigente do instituto [Ricardo Galvão,
exonerado por Bolsonaro] deveria esclarecer de maneira adequada as limitações e
características das medições para evitar que a confusão se enraizasse de
maneira incontornável”, completa Patriota.
Fonte: Site do Povo - 04/08/2019 - https://www.gazetadopovo.com.br
Comentário: Pois é, gostaria aqui de parabenizar as colocações
equilibradas feitas pelo Prof. Alexandre Galvão Patriota da USP e agora cabe ao
governo, como já disse, avaliar e colocar os pontos nos 'is' e avançar nesta questão.
Vamos em frente.
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