Lançamento Falha e Satélite Sino-Brasileiro Cai na Terra
Olá
leitor!
Segue abaixo a matéria
do jornal “O Estado de São Paulo” postada ontem (09/12) no site do jornal sobre
a trágica falha no lançamento do Satélite CBERS-3.
Duda Falcão
ESPAÇO
Lançamento Falha
e Satélite
Sino-Brasileiro Cai na Terra
HERTON ESCOBAR
O Estado de
S.Paulo
09.dezembro.2013 - 10:44:36
Atualizado às 21h50
O satélite
sino-brasileiro CBERS-3 caiu na Terra depois de ter sido lançado do Centro de
Lançamento de Satélites de Taiyuan, na China. Segundo informações repassadas à
imprensa pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve uma falha
na etapa final de colocação do satélite em órbita — procedimento que é de
responsabilidade da China. O motor do terceiro estágio do foguete lançador
parou de funcionar 11 segundos antes do que deveria, de modo que o CBERS-3 foi
liberado no espaço numa altitude abaixo do ideal (720 km, em vez de 778 km) e
com uma velocidade horizontal abaixo do mínimo necessário para permanecer em
órbita (8 km/s). Resultado: Assim que foi liberado no espaço, o satélite
começou a perder altitude, até cair de volta na Terra, puxado pela atração
gravitacional do planeta. “É o que tudo indica que tenha acontecido”, resumiu o
vice-diretor do INPE, Oswaldo Miranda.
A queda não foi
registrada visualmente, mas acredita-se que o satélite tenha caído na região da
Antártida. Não há o que ser resgatado. “Provavelmente foi pulverizado na
reentrada da atmosfera”, disse Miranda. A baixa altitude, segundo ele, poderia
ter sido corrigida com o uso de propulsores internos do satélite. Mas a falta
de velocidade, não. ”Aqueles 11 segundos (de impulso) que faltaram foram
fatais. É como num estilingue: se você não puxa o elástico o suficiente, a
pedra não voa e cai bem na sua frente.”
Não foi possível
determinar a velocidade exata do satélite, mas é certo que ela ficou abaixo de
8 km/s. Técnicos chineses vão analisar os dados de telemetria do foguete para
tentar entender porque os propulsores do terceiro estágio foram cortados antes
da hora. Esta foi a primeira falha registrada em 35 lançamentos chineses com
esse modelo de foguete, chamado Longa Marcha 4B. “Demos o azar de ser
justamente na vez do CBERS”, disse o chefe de gabinete do INPE, Carlos
Alexandre de Souza.
Miranda ressalta
que, ao ser liberado do foguete, o CBERS-3 funcionou exatamente como deveria. O
painel solar foi aberto, todos os sistemas foram ligados, as câmeras foram
apontadas para baixo e o satélite enviou dados para a Terra durante 30 minutos.
Depois, desapareceu. “O CBERS-3 funcionou perfeitamente. O problema foi no
lançamento”, disse Miranda.
O satélite era
metade brasileiro, metade chinês (veja infográfico abaixo com mais detalhes);
mas o lançamento era de responsabilidade total da China, que tem um dos
programas espaciais mais avançados do mundo e comprovada eficiência no
desenvolvimento e lançamento de satélites. O custo do lançamento, de US$ 30
milhões, foi dividido entre os dois países.
A meta do Brasil
agora é acelerar o processo de montagem e preparo do CBERS-4 (um irmão gêmeo do
CBERS-3), cujo lançamento estava previsto para o fim de 2015. “Vamos tentar
reduzir esse prazo o máximo possível”, disse Miranda. Segundo ele, é “factível”
pensar em ter o satélite pronto para lançamento no prazo de 12 a 14 meses, mas
isso dependerá de negociações com o lado chinês do projeto — que teria de
trabalhar dobrado, também, para cumprir esse prazo mais curto. Uma comitiva
liderada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, que foi à
China acompanhar o lançamento ao vivo, permanecerá no país por mais alguns dias
para realizar essas negociações. Uma reunião extraordinária do comitê conjunto
de coordenação do programa CBERS (JPC, em inglês) foi convocada para esta
terça-feira, dia 10, segundo nota do MCTI divulgada pela Agência Espacial
Brasileira (AEB).
Investimento. O
Brasil investiu R$ 320 milhões na construção dos satélites CBERS-3 e 4. O
satélite perdido não tinha seguro, o que normalmente só é feito para projetos
comerciais.
“Para um
satélite científico como o CBERS, o custo do seguro seria praticamente o mesmo
do satélite”, avalia Miranda. Ele e outros representantes do programa no INPE
ressaltaram que qualquer projeto na área espacial é um projeto de risco, e que
todos os programas espaciais e todos os modelos de lançadores já vivenciaram
eventos como esse. “É uma frustração, claro, mas estamos cientes de que isso é
um risco natural”, disse o coordenador geral de engenharia e tecnologia
espacial do INPE, Amauri Silva Montes.
Miranda ressalta
que o investimento não foi “jogado fora” com a perda do CBERS-3, já que o
conhecimento tecnológico adquirido com o desenvolvimento do satélite continuará
a render dividendos para o programa espacial brasileiro. “Hoje temos 90% do
conhecimento necessário para fazer um satélite CBERS inteiro”, destacou.
Até que o
CBERS-4 esteja funcionando no espaço, porém, o Brasil continuará como está há
quase quatro anos, dependendo exclusivamente das imagens de satélites de outros
países (como o Landsat-8, dos EUA, e o Resourcesat-2, da Índia) para observar
seu próprio território. O CBERS-3 era um modelo muito mais avançado do que os
seus antecessores (CBERS-1, 2 e 2B). Ele levava quatro câmeras de alta
tecnologia — duas desenvolvidas pelo Brasil e duas, pela China –, com
diferentes resoluções espaciais e temporais, que poderiam ser empregadas numa
série de aplicações, como o monitoramento de florestas e de atividades
agrícolas.
Miranda garantiu
que os serviços atuais de observação da Terra prestados pelo INPE não deixarão
de funcionar por causa da perda do CBERS-3, mas deixarão de contar com as
imagens e dados adicionais que seriam fornecidos pelo satélite. No caso do
programa de monitoramento do desmatamento da Amazônia em tempo real (Deter),
por exemplo, a câmera WFI do CBERS-3 permitiria ao INPE obter imagens de toda a
floresta a cada cinco dias e detectar desmatamentos menores até do que 1
hectare, enquanto que as imagens usadas atualmente para isso (dos satélites
Aqua e Terra, da NASA) só permitem detectar clareiras maiores do que 6
hectares.
“Vai fazer
falta? Vai. Mas o INPE tem suas precauções. Não vamos deixar a sociedade
brasileira desprovida de dados”, disse o coordenador do segmento de aplicações
do CBERS, José Carlos Epiphanio.
Para mais
informações sobre o programa CBERS, veja a reportagem especial sobre o assunto
publicada anteriormente neste blog: http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/cbers3-lancamento
Infográfico de
Carlos Muller/Estadão
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 09/12/2013
http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=CBERS-3_Ninguem_sabe_o_que_aconteceu_com_o_satelite_brasileiro&posic=dat_20131210-095704.inc
ResponderExcluirNão conhecia este site Apolo11.com, nem tenho como falar sobre a capacidade do autor (não sei de quem foi).
ExcluirSobre o artigo em referência, Ninguém sabe o que aconteceu com o satélite brasileiro, gostaria de registrar apenas uma discordância: quando ele afirma "Grande parte do satélite de última geração que deveria estar em orbita foi projetada e construída no instituto", deve ficar claro, que é "última geração" para nós. Para os chineses ele é o ZY-1, do qual já derivaram dois modelos mais recentes, o ZY-2 e o ZY-3, com tecnologias mais recentes e principalmente vida útil bem maior. isso sem contar as gerações mais recentes: HY-1 e SY-1. Então, sendo estritamente realista, os satélites chineses mais recentes, são melhores em todos os aspectos que o nosso CBERS.
Quanto as demais constatações, como leigo que sou, não tenho como contestar nada, e é um material muito interessante para ser debatido.
http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=CBERS-3_Ninguem_sabe_o_que_aconteceu_com_o_satelite_brasileiro&posic=dat_20131210-095704.inc
ResponderExcluirReportagem imbecil essa aí do apolo11. Demonstra total falta de conhecimento por parte de quem a escreveu. O INPE não tinha os dados de telemetria porque o satélite estava fora do alcance das antenas do Centro de Rastreio, pois o lançamento se deu na China, do outro lado do globo. Não dá pra apontar as antenas pro chão e obter os dados, se deve esperar o satélite passar pela zona coberta pelas antenas de rastreio. No lançamento da sonda indiana, o artefato ao sobrevoar pelos céus brasileiros passou a ser rastreado pelo INPE, pois a mesma estava fora do alcance das antenas indianas. É assim em qualquer lugar do mundo e com qualquer agência espacial. As informações passadas pelo INPE não foram piores do que seria num lançamento mal sucedido da NASA. O que nos falta é regularidade de desenvolvimento e lançamento de satélites e lançadores nacionais. Cadê o Amazônia-1 que não sai?
ResponderExcluirSe souberem usar a ACS e a Visiona, poderiam por processos menos burocráticos, integrar foguetes e satélites de forma a resolver esses entraves. Mas para isso a ACS deveria ser usada pra desenvolver lançadores além do Cyclone 4 e a Visiona poderia ser usada pra integrar satélites além dos SGB, inclusive científicos, subcontratando indústrias brasileiras. Poderíamos também ter a Avibrás recebendo os projetos do VLS e VLM, comercializando e evoluindo os lançadores.