Falha na China Mantém Brasil Dependente de Satélites Estrangeiros
Olá leitor!
Segue abaixo uma
matéria publicada hoje (11/12) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando
que falha na China mantém Brasil dependente de
satélites estrangeiros.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Falha na China Mantém Brasil
Dependente de Satélites Estrangeiros
DA DEUTSCHE WELLE
11/12/2013 - 08h41
A falha no lançamento do
satélite CBERS-3, na última segunda-feira (09), não deve abalar a cooperação de
mais de 25 anos com a China, mas é mais um revés para o programa espacial
brasileiro, que tenta se reerguer após décadas de resultados questionáveis.
Além do prejuízo econômico, o novo percalço manterá o país, pelo menos até 2015,
dependente de imagens feitas por satélites estrangeiros para monitorar seu
território.
Um dos principais prejuízos
causados pela falha é a perda dos dados que seriam enviados do espaço. Há três
anos e meio o país depende de satélites estrangeiros, e o CBERS-3 iria gerar
imagens da superfície do território brasileiro que poderiam ser utilizadas, por
exemplo, no controle do desmatamento, no monitoramento de desastres naturais e
no zoneamento agrícola e das cidades.
"Além do
próprio satélite e do seu valor como produto, deve-se somar os anos de operação
que teria pela frente e a quantidade de dados que seriam coletados e utilizados
por pesquisadores, empresas e pelo próprio governo brasileiro", diz Artur
Elias de Morais Bertoldi, especialista em engenharia aeroespacial da UnB.
Reuters
Provável Parte do foguete Longa Marcha 4B, que levou o satélite sino-brasileiro CBERS-3 foi encontrada no condado de Suichuan. |
LACUNA NO
ESPAÇO BRASILEIRO
A lacuna no
monitoramento espacial brasileiro surgiu em 2010, quando o CBERS-2B parou de
funcionar antes do tempo previsto, e com o atraso de três anos para o
lançamento do CBERS-3, cuja construção foi dividida entre Brasil e China.
O CBERS-3 foi o
quarto satélite desenvolvido pelo programa China-Brazil Earth Resources
Satellite (CBERS) e custou cerca de 300 milhões de reais ao lado brasileiro.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ocorreu uma falha
na última etapa do processo para colocar em órbita o equipamento, que partiu de
Taiyuan, na China.
O motor de
propulsão do lançador chinês foi desligado 11 segundos antes do previsto,
impossibilitando que o equipamento atingisse a velocidade necessária para se
manter em órbita. Os pesquisadores do INPE acreditam que o equipamento tenha se
desintegrado na atmosfera.
"O prejuízo
direto é que ficaremos mais um tempo sem esse tipo de informação que é muito
importante, não só para o Brasil, mas o Brasil distribui para outros países
essas imagens", opina Othon Winter, professor da faculdade de engenharia
da UNESP.
O Brasil era
responsável por 50% da construção do satélite que se perdeu na segunda-feira.
E, segundo Winter, o país estava preparado para cumprir sua parte, mas questões
externas levaram ao atraso. O Brasil dependia da importação de materiais e, de
acordo com o especialista, um boicote dos Estados Unidos acabou atrasando a
construção do equipamento. Além disso, quando o material chegou, falhas foram
detectadas.
"Tanto do
ponto de vista econômico quanto político há interesse de outras nações para que
o Brasil não cresça nesse campo, porque se tivermos uma indústria produtiva na
área espacial certamente seremos concorrentes de outros países", afirma
Winter.
PARCERIA
INABALADA
A falha colocou
em questão a parceria com a China. Mas segundo Winter, essa cooperação é
positiva e não deve ser abalada, pois dá ao Brasil a possibilidade de desenvolver
tecnologias no setor. O físico reforça que outras propostas de colaboração já
foram feitas por diversos países, mas poucas delas eram vantajosas para o
Brasil, principalmente as feitas pelos EUA.
"A política
espacial americana, pelo menos com o Brasil, nunca foi a de auxiliar em termos
de crescimento e desenvolvimento de tecnologia. São políticas internacionais
que realmente não interessam para um país que quer ter autonomia e
liderança", afirma Winter.
Bertoldi também
avalia positivamente a cooperação. E lembra que, além de possibilitar o
desenvolvimento industrial do país, a parceria facilita a aquisição de peças
para a produção de satélites e veículos lançadores.
"Soma-se o
fato de o lançamento ocorrer com veículos lançadores chineses, uma vez que o
programa de lançadores brasileiro tem sofrido com sucessivos atrasos e
orçamento limitado", acrescenta Bertoldi.
Falhas de
lançamentos são problemas comuns em programas espaciais. Em 2009, por exemplo,
a NASA perdeu um satélite para medir presença de carbono na atmosfera, após um
problema com o foguete de lançamento Taurus XL. O projeto custou mais de 400
milhões de dólares.
Segundo
especialistas, esses imprevistos podem ser um boa oportunidade para
aprimoramentos no setor. "O programa espacial evolui, dessa forma, com
altos e baixos. Os pontos negativos são, às vezes, aqueles que possibilitam um
crescimento maior do que se tudo estivesse dando certo, sem maiores
contratempos", afirma Winter.
Para amenizar os
impactos da perda do CBERS-3, os governos brasileiro e chinês estudam antecipar
para o próximo ano o lançamento do CBERS-4, previsto inicialmente para 2015.
Fonte: Site do Jornal
Folha de São Paulo - 11/12/2013
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