Jipe-Robô Investiga Composição do Solo no Interior Paulista

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada hoje (16/12) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando que Jipe-Robô desenvolvido no Brasil investiga Composição do Solo no interior paulista.

Duda Falcão

CIÊNCIA

Jipe-Robô Investiga Composição
do Solo no Interior Paulista

REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
14/12/2013 - 02h41

"Se a NASA mandou um equipamento desses para Marte, não vejo por que a gente não conseguiria fazer trabalho de campo com ele aqui na Terra. Com certeza vai ser menos complexo, até porque não vamos precisar protegê-lo do impacto do pouso."

Em essência, esse é o plano da física Débora Milori e de seus colegas da Embrapa Instrumentação e da USP de São Carlos: criar um análogo do "rover" (jipe robótico) Curiosity, dotado do mesmo equipamento que a NASA usa para analisar as rochas marcianas em busca de sinais químicos favoráveis à vida.

Um protótipo em miniatura, medindo menos de um metro, já foi testado com sucesso pela equipe, carregando uma versão do aparato de análises químicas a laser, cujo objetivo será estudar as propriedades dos solos terráqueos -daí o interesse da Embrapa em desenvolver esse tipo de aparelho. O plano, agora, é refinar o sistema laser e criar uma versão mais robusta do "rover", capaz de explorar o chão das fazendas.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

A tecnologia embarcada no pequeno jipe é conhecida como "Libs duplo pulso". "Libs" é a sigla inglesa para "espectroscopia por decomposição induzida a laser", técnica que consiste em lançar um forte pulso de laser sobre uma amostra para investigar do que ela é feita.

O laser aquece um pedaço do material até ele se transformar em plasma, o quarto estado da matéria (além dos estados sólido, líquido e gasoso). Parte da amostra vira uma "nuvem" de partículas eletricamente carregadas.

É então que a amostra começa a emitir luz, permitindo ao aparelho determinar quais elementos químicos estão presentes ali e quais são suas concentrações (veja quadro à dir.). O resultado sai quase instantaneamente.

A equipe da Embrapa foi a primeira do país a empregar o Libs duplo pulso, no qual um segundo pulso de laser aquece ainda mais o plasma criado na primeira "rajada", o que aumenta a sensibilidade e precisão da técnica.

A vantagem é que o Libs não exige que a amostra de solo seja preparada previamente. "Foi por isso que a NASA escolheu a técnica", explica a física. A ideia é que o "rover", que está sendo desenvolvido em parceria com os engenheiros Marcelo Becker e Daniel Magalhães, da USP de São Carlos, receba também um GPS e use o Libs para examinar tanto a qualidade do solo quanto as necessidades nutricionais de plantas, mapeando esses dados conforme viaja pelas fazendas.

MISSÃO TERRÁQUEA

Não seria exagero aplicar uma técnica tão sofisticada a algo aparentemente tão corriqueiro quanto a análise da qualidade do solo? Débora explica que o futuro "rover" poderia melhorar significativamente a maneira como esse tipo de trabalho é feito.

"Você pode imaginar um número muito maior de amostras a um custo mais baixo. Hoje, a coleta de solo é muito mais espaçada - você pega duas ou três amostras de uma propriedade imensa e, de certa forma, faz uma média", conta. "Mas a gente sabe que o solo não é uma coisa homogênea. Obter um retrato dessa heterogeneidade é justamente o que preconiza a agricultura de precisão."

Pesquisadores buscam hoje aumentar a produtividade agrícola dando aos proprietários rurais uma ideia mais detalhada do potencial e das deficiências de suas terras.

Segundo a cientista, a técnica ainda tem a vantagem de produzir muito menos resíduos, já que dispensa o preparo químico das amostras para análise, e facilitaria o trabalho em áreas remotas.

"Temos aqui, por exemplo, alguns colegas franceses estudando a formação de solos na Amazônia. Hoje em dia, fazer essa análise exige uma logística complicadíssima. Com um aparelho portátil, a coisa muda de figura", diz.


Fonte: Site do Jornal Folha de São Paulo - 14/12/2013

Comentário: Olha ai leitor, veja que mesmo com as dificuldades impostas por esse governo desastroso ao setor de ciência e tecnologia do país como um todo, e mesmo sendo duas instituições públicas, uma delas altamente reconhecida internacionalmente pelos seus feitos na área agrícola, ou seja, a EMBRAPA (neste caso específico a EMBRAPA Instrumentação) , aliada a uma universidade que também vem se destacando em pesquisas em diversas áreas, a USP de São Carlos, é possível a realização de projetos como este, demonstrando uma vez mais que o Brasil tem conhecimento e profissionais que podem colaborar para o desenvolvimento de nosso programa espacial, seja nos institutos de pesquisas públicos e privados como também na própria indústria, bastando para isso visão e comprometimento do governo.  Muito tem aqui se falado que a solução para o Brasil seria a criação de um programa espacial privado, mas é preciso se entender que isso não existe em nenhum lugar do mundo e por uma simples razão. Todo programa espacial é coordenado, operacionalizado e financiado por governos, mediante a acordos internacionais que regem as regras e leis que devem ser seguidas pelas nações que desenvolvem atividades espaciais. O modelo mais adotado pelos países é o que envolve além do desenvolvimento tecnológico nos institutos públicos a participação de empresas em projetos pontuais mediante contratos assinados com seus governos, modelo este também adotado no Brasil, mas sem a mesma eficiência devido à falta de comprometimento do governo e da existência de uma legislação inadequada para que essa parceria possa se desenvolver como nos EUA, talvez hoje o mais exitoso exemplo desse modelo. Atualmente o Brasil tem uma missão lunar que talvez pudesse utilizar de algum dos conhecimentos desenvolvidos para esse Jipe-Robô, ou seja a missão lunar que envolve a própria USP São Carlos e a empresa AIRVANTIS, mas que (creio eu) precisaria ter seus objetivos modificados para que assim pudesse incluir um Jipe-Robô na missão. Senhores, o mundo caminha para o espaço e o Brasil precisa se decidir se quer fazer parte da linha de frente ou ser no futuro um país sem voz nas decisões planetárias. O exemplo foi dado há décadas pelo próprio pessoal do PROANTAR, e hoje o Brasil é um dos países que participam ativamente das decisões com relação à Antártida.

Comentários

  1. Oi Duda,

    Como a carapuça serviu, gostaria apenas de registrar que eu não estou propondo substituir o programa governamental por um privado. Simplesmente, como eu não sinto firmeza nesse programa governamental, acho que já passou da hora de o setor privado ter uma alternativa única, profissional e de alto nível para ele.

    E exemplos existem em outros países. Podem ser questionados? Claro que podem! Mas de uma forma ou de outra eles estão apresentando alguma coisa. Conheço dois:

    - Copenhagen Suborbitals
    - ARCA

    Abs.

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    1. Caro Marcos!

      As empresas que você citou não realizam nenhum programa espacial e sim projetos espacias em algumas áreas. O que você precisa entender que Programa Espacial é algo muito mais amplo e só é realizado por governos. Como disse o modelo mais adotado no mundo é o de parceria onde empresas privadas trabalham sob contrato do governo, pois só assim elas sobrevivem. Veja o caso da SpaceX, ela só decolou após o contrato milionário assinado com a NASA junto com outras empresas que estão desenvolvendo foguetes e naves espacias para o governo americano visando transporte de carga e de astronautas para órbita baixa. No Brasil o CBERS-3 foi assim, o VLS-1 é assim e todos os projetos espacias brasileiros também são contratados a industria que trabalha sob a orientação dos institutos de pesquisa públicos (INPE/DCTA/IAE). O problema é que nos EUA e em outros países do mundo existe seriedade e comprometimento (entenda como continuidade de recursos e cobrança por resultados) além de leis adequadas que facilitam o desenvolvimento científico e tecnológico nesses países. No Brasil o que existe é jogo de cena, que vem sendo implantando há mais de duas décadas destruindo o que já foi realizado e sucateando toda a nossa infraestrutura. Esse é o problema. Sem comprometimento do governo, jamais teremos um programa espacial de verdade.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    2. Oi Duda, concordo em boa parte com seus argumentos.

      Então, que seja: vou reformular minha proposta: que as empresas e pessoas no âmbito privado ligadas e/ou interessadas em projetos espaciais se unam em torno de um único e bem organizado "projeto espacial" como você bem disse.

      Mais uma vez insisto. É inconcebível que com todo o recurso de pessoas, empresas e principalmente conhecimento já desenvolvido localmente, nós não consigamos, repetir o feito obtido pelos Estados Unidos em março de 1958 (coincidência ou não, ano e mês em que eu nasci !).

      Refiro-me aqui ao Vangurd-1, que é o objeto feito pelo homem mais longevo em órbita e ainda deve ficar por lá por um bom tempo (a previsão mais atual é de um total de 240 anos em órbita).

      Que tal um projeto privado reunindo todos esses esforços privados que hoje estão pulverizados, num único objetivo: colocar em órbita um satélite moderno de cerca de 2kg, com algum tipo de alimentação regenerativa que permita a sua operação contínua, sendo colocado numa órbita tal, que garanta que ele fique por lá durante uns 300 ou 400 anos, usando um foguete nacional (quem sabe com partes do VLS). Diferente do Vanguard, que operou por cerca de seis anos, o nosso operaria durante toda a sua vida útil em órbita.

      É o mesmo espírito usado pelos chineses. Reproduzir uma missão já executada por outro, melhorada em vários aspectos, e um projeto para o qual temos a capacitação necessária.

      O que eu insisto, é que não se vê perspectivas de mudança para melhor nessa situação. E continuar insistindo em fazer as mesmas coisas da mesma forma esperando resultados diferentes, é INSANIDADE, como já dizia Einstein.

      Eu estou sendo bem franco aqui. EU, não vejo com esperança, mais nenhum projeto espacial desse nosso governo. Por isso, vejo como única alternativa projetos da iniciativa privada. E nesse sentido, sinceramente acredito que se todos os pequenos esforços dispersos se unissem em torno de um projeto tipo esse ai proposto, teríamos muito mais chance de sucesso.

      O que eu acho uma grande perda de tempo e esforço é a participação nesse mirabolante Google Lunar Xprize. Só lembrando, que restaram apenas 2 anos. Permanecem apenas 18 equipes, sando que boa parte delas não dá sinais de vida a um bom tempo.

      Finalmente, o exemplo que você deu do PROANTAR, veio bem a calhar. Um projeto sob os auspícios da gloriosa Marinha brasileira, assim como o nosso programa espacial teve o seu maior desenvolvimento sob os auspícios da não menos gloriosa Aeronáutica brasileira. Ocorre que eram outros tempos, em que essas instituições tinham força. Hoje elas estão sucateadas por esse mesmo “governo”. e quem as conhece mais de perto, incluindo aí o glorioso exército brasileiro, sabe que elas hoje sequer têm recursos para se manter operacionais em caso de guerra. O nosso exército pode sustentar uma situação de guerra deflagrada por apenas uma hora. A nossa aeronáutica já não tem aviões de caça que sejam equivalentes aos de outros países da América do Sul. A nossa marinha, se puser o nosso único porta aviões em movimento, não teria combustível para o restante da frota, que por sinal não tem velocidade suficiente para acompanhar e dar cobertura ao porta aviões. Na verdade o nosso único porta aviões fica ancorado aqui no porto do Rio se deteriorando por falta de utilização a maior parte do tempo.

      Sobre a Antártica, o que vimos depois daquele incêndio, foi a apresentação de um projeto mirabolante de uma estação super moderna no mesmo nível das mais modernas que os Estados Unidos tem por lá. Vamos ver no que dá.

      Grande Abraço.

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    3. Caro Marcos!

      Amigo, as coisas não funcionam dessa forma. O que motiva a participação de empresas na área espacial ou em qualquer área é a demanda, ou seja, a existência de projetos ligados a objetivos que em sua grande maioria são ligados a objetivos governamentais. Quando se constrói um veículo lançador, se tem uma razão para isto, ou seja lançar 'SATÉLITES E OUTRAS CARGAS ÚTEIS', atendendo assim uma demanda existente e não lançar um satélite visando alcançar a gloria de ter entrado para o clube espacial. Para que surja um consórcio de empresas que vise a construção de uma veículo lançador precisa que o governo dê garantias que existirá essa demanda, e dependendo do projeto, até mesmo recursos públicos viabilizando o projeto, entende? É assim que as coisas funcionam e justamente por isso, por não existir garantias de demandas, que até hoje a EMBRAER não quis entrar na área espacial como as suas concorrentes fizeram, há não ser, neste projeto do Satélite SGDC quando criou uma empresa para atender a um contrato de R$ 1.3 bilhão. Entretanto, se não houver continuidade de demanda, esta empresa (VISIONA) sumirá tão rapidamente quanto surgiu sem prejudicar a imagem da EMBRAER. O resto é conversa fiada, tá ok? O que temos de fazer é lutar por um Programa Espacial forte, coeso e sério, que seja realmente estratégico, só assim a participação da iniciativa privada poderá se desenvolver. Se você me perguntar se isto é possível eu lhe diria que sim, pois já funcionou muito bem um dia aqui no Brasil. Entretanto, para que volte a funcionar, teremos de lutar pela mudança de atitude do governo e aí é que está o problema, já que como sabemos, enquanto perdurar a existência de populistas isso jamais acontecerá. Por isso meu descredito quanto ao futuro do PEB e das atividades espacias brasileiras.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    4. Duda,

      As suas colocações são muito pertinentes, e até certo ponto, inquestionáveis, no entanto, na prática, o que estamos constatando ao longo dessas últimas décadas, é que do jeito que está sendo conduzido o nosso programa espacial, simplesmente não está dando certo. E como já foi também discutido por aqui, se depender de mudança de atitude desse "governo" ou dos seguintes, nós estamos muito, muito mal.

      Então falando objetivamente. Sem pensar numa outra constituinte, coisa que na verdade seria necessária para mudar principalmente a legislação sobre a gestão pública para lhe dar a agilidade necessária, quais seriam as medidas cabíveis e possíveis para acabar com essa bagunça? Sabe o que parece esse conjunto de instituições? Incluo aí INPE, AIE, DCTA, CLBI, CLA, AEB, ACS, e tantos outros, metade no mundo civil e metade no mundo militar, metade num ministério outra metade em outro? A figura que me vem a mente é a que o Dé (ex jogador de futebol), usa para definir alguns times quando estão jogando mal: "parece um bando de caranguejos amarrados entre si, cada um correndo para um lado".

      Infelizmente, é essa a imagem que me vem à mente quando penso no nosso PEB. Se não podemos contar com um programa privado cujo objetivo seja "alcançar a gloria de ter entrado para o clube espacial", quais as sugestões viáveis para que esse trambolho administrativo que se tornou o nosso programa espacial tenha a mínima chance de funcionar?

      Já que o pessoal "de dentro", por mais que eu tenha instigado, não se manifesta. Acho que nos cabe, tentar ao menos discutir aqui. no campo das teorias, alternativas para essa confusão toda.

      Se não for por aí, o que vamos fazer? Continuar lendo notícias sobre uma série de eventos, datas comemorativas, celebração de convênios, palestras e lançamentos de foguetes de treinamento? Mais um ano assim, eu não aguento!

      Abs.

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    5. Caro Marcos!

      Eu entendo a sua insatisfação e concordo com ela em gênero, número e grau, mas não adianta ir de encontro a regras estabelecidas, e sim encontrar soluções que atuem junto com elas. O que você propõem não funciona sem a participação do governo, ponto. Há um tempo atrás (dois anos creio eu) eu apresentei aqui no blog uma proposta que havia enviado (na época) ao deputado Rodrigo Rollemberg (hoje Senador) e não obtive qualquer resposta. Enviei também a mesma proposta para outros deputados e da mesma forma não obtive resposta. Tratava-se de uma série de medidas que considero fundamental para que o programa espacial possa ser operacional, e tudo passava inicialmente pela transformação do PEB numa especie de Ministério, ou seja, passaria a ser um 'Programa de Estado' e não mais um 'Programa de Governo' a mercê de interesses de presidentes como esta desastrosa presidentA petista. O problema do PEB é muito sério e não se restringe a falta de recursos financeiros e humanos adequados, e nem é privilégio do PEB, é uma questão de todo setor de Ciência e Tecnologia do país (veja no Jornal da Ciência de ontem o relato da Dra. Lygia da Veiga Pereira no artigo "Eu Não Aguento Mais"), mas que é de fácil solução se houver atitude e comprometimento do governo. Isto amigo é a única chave para resolver a questão. Justamente por conta disso que eu não acredito mais que é situação irá mudar, pelo menos não no tempo que ainda me resta de vida.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. vocês são uns ingratos. acham que o país vai se desenvolver desse jeito: com esses emotivos e cheios de rancor. brazilian space ? prá mim nnca mais.

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    1. Olá Anônimo!

      Bom amigo(a) isto é uma opção sua, afinal vivemos numa democracia, mas se mudar de ideia, estaremos por aqui.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  3. Nem fale. Copenhagem Suborbitals, ARCA e outros são pálidas iniciativas na frente do que é um programa espacial. São iniciativas amadoras, cheias de glória e realizações, mas é como comparar uma alegoria carnavalesca com a coisa propriamente dita. Uma coisa é construir "mockups" e voá-los com hardware comprado no e-bay e propulsores de açúcar (ou até mesmo líquidos e guiados uma vez que hoje se compra propulsores, vasos bobinados e IMU´s com a mesma facilidade que se compra um disco de música). Outra bem diferente é estabelecer um programa contínuo, onde se tem responsabilidades e demandas de confiabilidade apertadas além de missões específicas sendo a maioria voltada para o atendimento de demandas cruciais, como imagens, previsão meteorológica, telecomunicações, etc.

    A Duda tocou num ponto essencial que é a diferenciação entre "programa de estado" e "programa de governo". Com um programa de governo, o horizonte fica limitado aos 4 anos vindouros (talvez nem isso). Já o Estado, ficará por aqui mesmo que os governantes passem.

    Discordo entretanto com relação ao posicionamento de que o que deve haver é comprometimento do governo, e o faço por razões históricas. O que me parece funcionar é a mobilização da sociedade civil, que através de instrumentos pressiona os governantes empossados para o atendimento a programas de estado, usando as ferramentas de Ministério Público, tribunais e petições, além de lobby e é claro, a pressão do voto. Aproveitando a deixa gostaria de lançar o conceito de "anti-cabo eleitoral". Aquele eleitor que discordando da atuação ou posicionamento de determinado candidato tem a motivação para demover o maior número de pessoas a não votar no mesmo.

    Refletindo um pouco sobre a noção de "complexo industrial militar" não é difícil perceber que temos falhas em nossos "ecossistemas". Porque o lobby da indústria não consegue mobilizar o governo por lançamentos de foguetes que exaltem o "orgulho" nacional e ajudem a desenvolver a ciência e tecnologia mas consegue ajudar a fazer uma copa e uma olimpíada em sequencia, que juntas nos dariam recursos suficientes até para colonizar Marte? Porque as empresas não estabelecem programas de médio e longo prazo para estimular o público a responder afirmativamente a questões como desenvolvimento tecnológico? Será por conta da resposta que nossa coletividade dá aos eventos? Ou será que toda coletividade da a mesma resposta e nos é que estamos com algum "link" quebrado no meio do caminho?

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