Especialistas Divergem Quanto à Adesão do Brasil ao CERN e ao ESO
Olá leitor!
Segue abaixo uma pequena
notícia postada dia (17/12) no site do “Jornal da Ciência” da SBPC destacando
que especialistas divergem quanto à adesão do Brasil ao CERN e ao ESO.
Duda Falcão
Notícias
Especialistas Divergem Quanto à
Adesão do Brasil ao CERN e ao ESO
Cientistas ainda não chegaram a um consenso
sobre a participação do país em grandes
experimentos científicos internacionais
Viviane
Monteiro
Jornal da
Ciência
17/12/2013
Após
três anos de discussão e de um longo processo, o Brasil, finalmente, participará
da Organização Europeia de Pesquisas Nucleares (CERN, na sigla em francês), o
maior laboratório de física do mundo, sediado em Genebra. Na reunião do
Conselho Executivo do CERN, na última quinta-feira (12), os membros deram
cartas brancas para o Brasil aderir ao projeto, depois de avaliar que a
situação brasileira atende às suas exigências. A informação foi confirmada pelo
Itamaraty, segundo o físico Ronald Shellard, pesquisador titular do Centro
Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
O acordo
de adesão será submetido ao governo federal que o encaminhará, futuramente, ao
Congresso Nacional. Hoje alguns laboratórios de física do Brasil já cooperam com
os projetos do CERN. O laboratório opera, desde 2008, o maior acelerador de
partículas do mundo, o famoso LHC (Large Hadron Collider) que confirmou a existência do
bóson de Higgs, o que rendeu o Prêmio Nobel de Física de 2013.
Divergências
Apesar de
anos em discussão, cientistas ainda não chegaram a um consenso sobre a adesão
do Brasil a grandes experimentos científicos internacionais como o CERN e o
Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). Considerado o maior
telescópio óptico do mundo, o ESO pertence a um consórcio de pesquisa em
astronomia, composto por 14 países da Europa. O Brasil pode se tornar o
primeiro país não europeu a participar da construção desse telescópio.
O assunto
é polêmico. Por um lado, um grupo de cientistas defende a participação
brasileira em prol do avanço científico nacional. Por outro, especialistas
consideram os custos desses projetos elevados para o Brasil, diante da baixa
participação que teria nas pesquisas. Com esse argumento, recomendam que o governo
invista em outras alternativas, com custo menores. Aconselham também que se dê
prioridade a programas nacionais, também inovadores, em andamento no Ministério
de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Professor
titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da
Universidade de São Paulo (USP), o astrofísico João Evangelista Steiner, do
Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), é contra o Brasil participar do ESO
em decorrência do elevado o custo que o país teria, em contrapartida, ao redor
de R$ 800 milhões, além de parcelas anuais superiores a R$ 300 milhões. Ele não
quis opinar sobre o Cern por desconhecer os detalhes do projeto.
O
entendimento de Steiner é de que a relação custo-benefício do projeto ESO para
o Brasil é "baixíssima", diante da "pouca" participação ou
aproveitamento que o país teria nas pesquisas internacionais, mesmo injetando
milhões no projeto. Assim, Steiner calcula que os investimentos brasileiros
podem implicar em subsídio à ciência europeia, o que ele considera injusto.
"Sou
contra isso porque não temos esses recursos. E se os tivéssemos, seria justo
dar essa quantidade de dinheiro do contribuinte brasileiro para subsidiar a
ciência europeia?", pergunta. "Acho que não seria justo", opina.
Em vez de
dar "um passo maior do que as pernas", Steiner recomenda que o Brasil
leve em consideração outras alternativas, com custos menores. Como exemplo,
citou o telescópio americano Giant Magellan Telescope (GMT), de 25 metros, que,
segundo avalia, é também um grande projeto e que custaria para o Brasil cerca
de US$ 40 milhões, o equivalente a R$ 80 milhões, aproximadamente."O ESO é
dez vezes mais caro do que o GMT", comparou Steiner, ao informar que
existe um pedido na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) para financiar o projeto.
Prioridade
Interna
Embora
reconheça o mérito tanto do ESO quanto do CERN no desenvolvimento científico, o
físico Adalberto Fazzio, professor titular do Instituto de Física da
Universidade de São Paulo (USP), também é contra a participação nacional nesses
projetos.
Para
Fazzio, o governo precisa dar prioridade aos programas em andamento no MCTI,
que também "são meritórios". Como exemplo, Fazzio citou os projetos
de nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação, de inclusão social
científica e o da Amazônia.
"O
governo precisa saber o que quer, porque não há dinheiro para tudo", disse
Fazzio, ex-secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e
Inovação do MCTI e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF).
Ao
lamentar as constantes perdas de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT), a principal fonte de recursos do MCTI para
pesquisas e desenvolvimento tecnológico, Fazzio citou, também, como
prioritários os investimentos para a construção do Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron (LNLS) e para o primeiro reator nuclear multipropósito brasileiro de
grande porte, o RMB.
Posição
Favorável
Já a favor
da participação do Brasil tanto ao ESO quanto ao CERN, o físico Ronald
Shellard, pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
(CBPF),considera esses dois projetos fundamentais para o avanço científico
nacional, o que pode contribuir para a "exibição da maioridade" da
área científica do país. "Não conheço nenhum país que ficou pobre por ter
colocado dinheiro no CERN", disse.
Para
Shellard, a participação brasileira, em qualquer um desses projetos, implicaria
na mobilização da indústria e em transferência de tecnologia, trazendo
benefícios à sociedade. Ele avalia que o processo de adesão do Brasil ao CERN é
mais rápido, por exigir recursos em menor escala - de US$ 10 milhões anuais,
conforme o jornal O Estado de São Paulo.
Shellard
também considera o GMT interessante, embora menos do que o ESO. Para ele, os
benefícios do ESO para o Brasil seriam maiores. "É igual aquele negócio,
você pode comprar um carrão ou um fusquinha", comparou.
Também
favorável à adesão do Brasil ao ESO e ao CERN, o professor Alberto Santoro,
coordenador do Departamento de Física Nuclear de Altas Energias (Instituto de
Física) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), reforça a
importância do Brasil investir nos grandes projetos científicos internacionais.
Para
Santoro, o CERN realiza pesquisas "fantásticas" no mundo da
instrumentação da medicina, da indústria, ainda que sua finalidade seja a de
estudar as interações fundamentais da natureza e sua base. "É preciso
alimentar a população de que ela deveria ter o orgulho de participar de algo
como isso", sugeriu Santoro, que coordena o Instituto de Física que já
mantém trabalhos de cooperação com o CERN.
Fonte: Site do Jornal da Ciência
de 17/12/2013
Muito parecido com o que acontece no STF...
ResponderExcluirUma grande disputa de EGOS que não interessa nem ao país nem ao contribuinte.
São os três poderes contra nós e nem os cientistas se entendem.
#DIFÌCIL
se o Brasil colocar 300 milhões por ano neste observatório aí, podem dar adeus ao resto do programa espacial
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